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Arcebispo de Aparecida critica aborto e desmatamento em missa no Dia de Nossa Senhora

Dom Orlando Brandes disse que seu discurso pode entendido como recado ao STF

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Aparecida (SP)

O arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, criticou o aborto e o desmatamento durante missa na manhã desta quinta-feira (12) em Aparecida (a 180 km de SP).

O discurso foi feito durante a missa solene, a principal entre as sete programadas no Santuário Nacional em homenagem ao Dia de Nossa Senhora, comemorado nesta quinta.

"Nossa Senhora Aparecida é a senhora da vida. Por isso, hoje nós dizemos sim à vida, não ao aborto, sim à vida", pregou em sua homilia. Neste momento, o arcebispo foi aplaudido pelos fiéis que lotaram a basílica.

Comemorações do dia de Nossa Senhora na Basílica de Aparecida - Rubens Cavallari/Folhapress

Entre as autoridades na missa estava o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que acompanhou a celebração ao lado da primeira-dama, Cristiane Freitas, do secretário estadual de Governo, Gilberto Kassab, e do prefeito de Aparecida, Luiz Carlos Siqueira (Podemos). Todos saíram pouco antes do fim da missa.

Nenhum representante do primeiro escalão da gestão Lula participou das celebrações da manhã desta quinta-feira. Segundo o santuário, apenas André Cecilliano, secretário especial de Assuntos Federativos da Presidência da República representou o governo federal.

Na sequência, após pregar contra o aborto, dom Orlando pediu "não ao desmatamento, à depredação da mãe terra".

A homilia da missa solene teve vocação como tema principal e foi aí que o religioso inclui sua crítica ao aborto. "A vocação à vida é a primeira das vocações", afirmou em uma rápida entrevista coletiva após a missa.

Dom Orlando também falou várias vezes sobre justiça durante seu discurso.

Fiel levanta imagem de Nossa Senhora durante missa na Basílica de Aparecida - Rubens Cavallar/Folhapress

"Não há santidade sem o primeiro degrau da escada, que é exatamente a justiça, salvar a vida, os direitos humanos, a dignidade humana desde a concepção até o final da vida", afirmou.

Ao ser questionado pela Folha se as falas envolvendo aborto e justiça poderiam ser um recado à volta do debate sobre descriminalização do aborto no STF (Supremo Tribunal Federal), dom Orlando disse que sim.

"O direito fundamental da pessoa humana é o direito à vida. Se esse direito à vida não é respeitado, todos os outros caem", respondeu.

No mês passado, pouco antes de se aposentar, a ministra Rosa Weber, então presidente da corte, colocou a ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 442 em pauta e votou a favor da descriminalização do aborto até 12 semanas.

O atual presidente do STF, Luís Roberto Barroso, disse que não tem planos de retomar o julgamento.

Na sua fala, o arcebispo disse ainda que o óvulo dentro da mãe tem o direito de nascer. "É um humano, tem o direito de se desenvolver."

Ao contrário do ano passado, quando as celebrações em Aparecida ocorreram na reta final da disputa eleitoral e o arcebispo disse que era "preciso vencer os dragões do ódio e da mentira", desta vez dom Orlando evitou temas políticos. O presidente Lula (PT) não compareceu ao evento.

Ao ser questionado sobre a guerra em Israel, Brandes lembrou frases do papa Francisco para dizer que as pessoas estão no tempo de amizade social.

"Isso significa que não há inimigos, mas que existem irmãos diferentes, que se encontram no caminho para a paz", afirmou.

"E não há outro caminho para a paz que a Justiça social e nós estamos precisando hoje e sempre que a paz esteja sempre em primeiro lugar, no coração dos poderes", disse. "A paz é difícil, mas é possível."

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