Devotos enfrentam trânsito na estrada, cansaço e filas em Aparecida (SP)

Santuário Nacional esteve lotado de fiéis desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira (12), Dia de Nossa Senhora

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Aparecida (SP)

Trânsito parado na rodovia Presidente Dutra, mais de uma hora para passar em frente à imagem da santa, com direito a uma selfie rápida e voltar a andar. Ou encarar a ladeira de joelhos sob um calor de 30°C.

Com filas desde a torneira de água até para tentar se aproximar da basílica lotada, desde as primeiras horas da manhã devotos de Nossa Senhora precisam dar muitos sinais de fé nesta quinta-feira (12), no Santuário Nacional de Aparecida (a 180 km de São Paulo), no Dia da Padroeira do Brasil. Ou para chegar até ele.

A estimativa de público só deverá ser divulgada nesta sexta (13), mas os organizadores estimam que o número de fiéis possa ser até maior que o do ano passado, quando cerca de 330 mil pessoas passaram em todos os dias de celebração pela Padroeira do Brasil.

Fiéis reunidos ao redor da estátua de Nossa Senhora Aparecida, que é levada por um deles no alto da cabeça
Comemorações do dia de Nossa Senhora, na Basílica de Aparecida, em São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

"Vencida a pandemia [de Covid-19], o povo voltou à Casa da Mãe", afirmou o padre Camilo Júnior, em entrevista na manhã desta quinta.

O esforço era grande, principalmente para cerca de 34 mil peregrinos que já haviam passado em romaria pela rodovia Presidente Dutra até às 12h.

O número é maior que o de todos os romeiros que foram ao santuário pela estrada federal no ano passado —segundo a concessionária CCR RioSP, 29 mil caminharam pela rodovia em 2022.

O acostamento e muitos trechos da própria pista de rolamento estiveram cheios de peregrinos e ciclistas durante toda a manhã. Entre eles estava o engenheiro Roberto Carlos da Costa, 32, que saiu de bicicleta com dois amigos da vizinha Pindamonhangaba ainda durante a madrugada.

Ele afirmou ter tomado alguns sustos no caminho por causa do volume de carros na Dutra. O trânsito no feriado prolongado parou a Dutra na saída de Taubaté, cidade do Vale do Paraíba a cerca de 40 km de Aparecida.

"Mas há muita colaboração durante o caminho. O carinho das pessoas compensa qualquer dificuldade", disse, sobre barracas para distribuição de água, café, frutas e até doces, espalhadas ao longo da Dutra.

Com camisa azul e uma imagem da santa estampada no peito, o mecânico Gilberto Cerqueira, 57, entrou na basílica por volta de 5h e garantiu lugar na grade em frente ao altar para assistir à missa das 9h, presidida pelo bispo arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, a principal entre as sete da programação desta quinta.

"Vale qualquer coisa para estar aqui", afirmou ele, que saiu em caminhada no domingo (8) com um grupo de cinco pessoas de Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo.

Também na primeira fila, Rute Daise da Silva, 73, rezava pedindo pela recuperação do filho de 54 anos, que teve um AVC há dois anos.

"É a fé que nos traz aqui. Vim pedir para ele curar da depressão também", disse a mineira de Passatempo, que foi a Aparecida de excursão.

Extremamente emocionada, dona Rute chegou cedo à primeira fila para conseguir comungar na missa principal.

Mulher reza segurando lenços de cor azul e branco em homenagem à santa
Rute Daise da Silva, 73, reza na primeira fila da Basílica de Aparecida pela recuperação do filho que teve um AVC - Rubens Cavallari/Folhapress

Na passarela que liga as basílicas nova e velha, a auxiliar de limpeza Maria de Lurdes Dias, 38, não se importava com as dores no joelho, pois faltava pouco para chegar até a imagem da santa e agradecer pela cura do câncer do irmão. "É o terceiro ano que percorro ajoelhada esse corredor. E farei isso enquanto tiver forças nessa vida."

Na saída da visitação da imagem na parede, Edson Donizete Godoy, 48, se amparava em um enorme cajado, não escondendo o cansaço. Chegava ao fim três dias de caminhada desde que saiu com um grupo de Paraisópolis (MG). "Vim pagar uma promessa por causa de um problema no coração que tive", disse.

O barbeiro Renan Fernando da Silva, 30, estava no estádio do Morumbi no último dia 24 de setembro, quando viu o atacante Bruno Henrique marcar um gol para o Flamengo.

Homem levanta faixa com o símbolo do São Paulo FC
Renan Fernando da Silva, 30, foi a Aparecida para agradecer pela vitória do São Paulo na Copa do Brasil - Rubens Cavallari/Folhapress

"Sei que Deus deve ajudar os dois times, mas pedi para Nossa Senhora dar uma mão para a gente e naquele momento empatamos o jogo", afirmou, sobre o gol de Rodrigo Nestor, que garantiu o empate em 1 a 1 inédito título de campeão da Copa do Brasil ao São Paulo.

Se promessa é dívida, nesta quinta-feira Silva foi ao Santuário Nacional com a faixa de campeão no peito e enrolado em uma bandeira do São Paulo para agradecer o gol e a taça.

No fundo da basílica e acompanhado de parentes palmeirenses, ele acompanhou a missa da hora do almoço. Em seguida, pegou a bandeira e a faixa, e entregou tudo na Sala dos Milagres, local no santuário onde peregrinos deixam pertences para agradecer a uma graça alcançada.

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