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Dino adia envio de Força Nacional ao RJ após questionamento de Procuradoria

MPF cobrou Ministério da Justiça sobre cumprimento de decisões do Supremo sobre operações policiais, na chamada ADPF das Favelas

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Rio de Janeiro

O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), decidiu nesta quarta-feira (4) adiar o envio da Força Nacional de Segurança para o Rio de Janeiro após questionamento do Ministério Público Federal sobre a planejada operação no Complexo da Maré.

A Procuradoria questionou o governo federal sobre medidas promovidas pela pasta para garantir o respeito a decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) e da Corte Interamericana de Direitos Humanos que impõem regras para a realização de operações em favelas.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, assinam, no Palácio da Guanabara, termos de cooperação para fortalecimento da segurança pública. - Tania Rego - 19.jun.2023 / Agência Brasil

A notificação questiona se o ministério "consentirá com eventual descumprimento de pontos estabelecidos na ADPF [arguição de descumprimento de preceito fundamental] 635", a chamada ADPF das Favelas.

"Vários questionamentos têm sido realizados às instituições de Estado sobre o cumprimento da sentença internacional [caso Nova Brasília] e das decisões do STF. Não há, porém, resposta satisfatória até a presente data. Constata-se, a propósito, pouca clareza na prestação de informações quanto ao cumprimento das decisões proferidas na ADPF 635", afirma a Procuradoria.

Em ofício encaminhado ao governador Cláudio Castro (PL), Dino afirma ter lido com "estranheza a menção a 'consentimento' do ministério a ações do governo do Estado, uma vez que soa descabido, à luz da forma federativa de Estado consagrada pela Constituição da República".

O ministro disse ainda que o adiamento afeta apenas o envio de policiais da Força Nacional de Segurança, sendo mantida o reforço no controle das rodovias federais, ações em portos e aeroportos, inteligência policial e investigações de quadrilhas, operações de polícia judiciária, com o cumprimento de mandados.

Flávio Dino havia autorizado na segunda-feira (2) o envio 570 homens ao Rio de Janeiro —300 da Força Nacional de Segurança e 270 da Polícia Rodoviária Federal—, 50 viaturas e 22 blindados.

Durante o anúncio da participação do governo federal na chamada Operação Maré, o secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli, afirmou que as forças de segurança respeitariam as decisões do Supremo e que as operações seriam feitas com o "mínimo efeito colateral possível".

"Vamos atuar com inteligência, com proporcionalidade, respeitando a ADPF [das Favelas], sem nenhuma ação pirotécnica ou espetacular. Com inteligência e com o mínimo efeito colateral possível, para devolver território para as 140 mil pessoas que moram ali", disse Capelli em entrevista coletiva no Palácio Guanabara, sede do governo fluminense.

De acordo com o MPF, algumas determinações devem ser cumpridas nessas ações, como uso de câmera nos uniformes das forças policiais, garantia das atividades da comunidade escolar e prévio aviso sobre a atuação dos agentes da comunidade.

A operação foi anunciada após a divulgação de imagens de criminosos em treinamento de guerrilha dentro de uma área de lazer no conjunto de favelas. O flagrante foi captado por drones da Polícia Civil do Rio como parte de uma investigação que durou dois anos e identificou mais de mil criminosos que controlam a área.

Na gravação, exibida no último domingo (24) pelo Fantástico, da TV Globo, é possível ver dezenas de homens armados simulando confrontos, inclusive com uso de bombas, dentro de um espaço ao lado de uma creche e cinco escolas.

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