Descrição de chapéu aeroportos

Funcionários do aeroporto de Guarulhos protestam contra proibição de celular em terminal de cargas

Greve teve início na madrugada desta terça; norma da Receita não atinge viajantes e visa a prevenir possível ação de criminosos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Funcionários do Aeroporto Internacional de Guarulhos deram início na madrugada desta terça (3) a uma greve contra a proibição do uso de celulares no terminal de cargas. A medida da Receita Federal foi tomada após o caso de duas brasileiras que foram presas na Alemanha sob acusação de tráfico internacional de drogas depois de terem as etiquetas de suas bagagens trocadas no aeroporto.

A norma não atinge os viajantes e demais usuários das áreas públicas do aeroporto. A portaria vale desde o dia 1º de junho e a Receita informou na época que a medida visa "visa coibir a captação e o compartilhamento de imagens sensíveis para a segurança aeroportuária e o controle aduaneiro".

Funcionários protestam contra proibição no uso de celulares em terminal de carga do aeroporto de Guarulhos
Funcionários protestam contra proibição no uso de celulares em terminal de carga do aeroporto de Guarulhos - Leitor

Em vídeos que circulam nas redes sociais, funcionários reclamam que são trabalhadores e não bandidos e que têm família com quem precisam se comunicar. "Não somos bandidos", gritam eles em alguns momentos. Em outros, entoam frases como "não é mole não, os aviões não vão sair do chão".


Vídeo: Funcionários de Guarulhos protestam: 'Não somos bandidos'; veja


Procurado, o aeroporto de Guarulhos informou que devido à paralisação de parte dos trabalhadores terceirizados que prestam serviço às companhias aéreas, além da greve do Metrô e CPTM, deu início à operação de contingência conforme protocolo pré-definido.

A concessionária orienta ainda os passageiros a procurar as companhias aéreas para informações sobre status dos voos. A Latam informou que voos com origem ou destino em Guarulhos podem sofrer atrasos ou cancelamentos em função da manifestação.

A companhia aérea permitiu que passageiros afetados ou não com a greve estão autorizados a remarcar suas viagens sem multas ou solicitar o reembolso integral das passagens. A empresa afirma ainda que a situação é alheia à vontade da companhia e orienta que os cliente devem consultar o status do voo no site.

Procurada, a Azul lamenta os transtornos causados pela greve e afirmou que apenas um voo foi afetado devido a greve com destino para Recife. A companhia afirma que os clientes estão recebendo a assistência necessária.

A Gol informou que a greve ocasionou três cancelamento e atrasos em 34 voos partindo do aeroporto de Guarulhos. "Todos os clientes estão recebendo as devidas tratativas e sendo orientados de acordo com cada caso", disse a companhia área.

Por meio de nota, a Receita Federal informou que a norma foi discutida e aprovada por toda a comunidade aeroportuária, que trouxe diversas sugestões que viabilizaram sua operacionalidade e alega que a comunicação entre funcionários e o público externo não é proibida e pode ser realizada por telefone fixo.

O órgão afirma que, muitas vezes, o crime organizado utiliza celulares pessoais para cometimento de crimes, principalmente no caso de registros de operações sensíveis do ponto de vista de seu impacto econômico, dos procedimentos de segurança adotados e das cautelas envolvidas na guarda e movimentação de valores que circulam pelo complexo aeroportuário.

"A proibição de uso de celulares particulares abrange apenas as áreas restritas mais sensíveis (armazéns, pátio e pista). Nessas áreas é autorizado o uso de celulares institucionais, que não permitem a tomada e divulgação de imagens, protegendo assim a privacidade dos envolvidos e a segurança de toda comunidade", informa o órgão.

Relembre o caso das brasileiras presas na Alemanha

Kátyna Baía, 44, e Jeanne Paolini, 40, passaram mais de um mês presas injustamente por conta da atuação de uma quadrilha dentro do aeroporto de Guarulhos. Elas tiveram a identificação da mala trocada e foram presas em Frankfurt sob a acusação de levar 40 kg de cocaína na bagagem.

O caso virou alvo da Operação Iraúna, da Polícia Federal em Goiás, que prendeu seis suspeitos de participarem do esquema que muda a identificação de malas para enviar drogas ao exterior.

O método de ação dos narcotraficantes, segundo as autoridades, consiste em retirar aleatoriamente etiquetas de bagagens despachadas e colocá-las em malas contendo drogas. A operação já era de conhecimento da PF, que investigava a quadrilha desde 2019 e há suspeita de ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Segundo a PF de Goiás, as malas de Kátyna e Jeanne foram conferidas e separadas da esteira, em uma área restrita, por dois funcionários. Eles retiraram a identificação, deixando apenas uma etiqueta com o peso das bagagens.

Na área de bagagens de viagens internacionais, um funcionário colocou as etiquetas das malas de Kátyna e Jeanne nas bagagens com drogas, aproveitando-se de um ponto cego nas câmeras. Todas as malas seguiram no voo para a Alemanha.

Duas mulheres chegaram ao aeroporto e entregaram as malas com cocaína a uma funcionária da Gol em um dos guichês, que admitiu fazer parte do esquema, segundo a TV Globo. A dupla deixou o aeroporto minutos depois.

A companhia aérea disse que está à disposição das autoridades e que vai esperar a conclusão da investigação.

As malas com droga entraram na seção de bagagens de embarque doméstico, para evitar a fiscalização com raio X. De acordo com a PF, os itens foram, em seguida, desviados em um veículo para o terminal de voos internacionais.

As brasileiras foram presas em 5 de março, no aeroporto de Frankfurt, antes de terem contato com as bagagens.

No total, seis pessoas foram presas. Todas, segundo o delegado Bruno Gama, responsável na Polícia Federal de Goiás pela investigação, são de uma empresa terceirizada do aeroporto de Guarulhos (SP).

A GRU Airport, que administra o aeroporto de Guarulhos, disse que a responsabilidade das bagagens, do guichê à aeronave, é das companhias aéreas. Afirmou ainda que a informação sobre os funcionários presos, que segundo a PF eram terceirizados de Guarulhos, cabia à Polícia Federal.

A Latam, companhia responsável pelo voo de Kátyna e Jeanne, disse que acompanha o caso e colabora com as investigações.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.