Congonhas terá de construir novo terminal para aumentar distância entre pistas

Concessionária assume no próximo dia 17 de outubro administração do aeroporto na zona sul de São Paulo

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São Paulo

A espanhola Aena, que ganhou a concessão de Congonhas, anunciou nesta segunda-feira (25) que assumirá o aeroporto da zona sul de São Paulo no próximo dia 17 de outubro e que vai construir um novo terminal de passageiros. O prazo para a entrega vai até junho de 2028.

Segundo Santiago Yus, diretor-presidente da Aena no Brasil, a construção de um novo terminal é necessária para aumentar a distância entre as pistas de taxiamento e principal, que está fora das normas internacionais.

O executivo disse que será feito o deslocamento da pista de táxi para próximo das pontes de embarque e, por consequência, do terminal de Congonhas, que terá de ser refeito.

Pista do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo - Bruno Santos - 24.ago.2023/Folhapress

Yus não tinha em mãos a distância atual entre as pistas durante a entrevista coletiva nesta segunda, mas afirmou que ficará em 158 metros após a mudança.

Todas as 12 pontes de embarques atuais serão retiradas, e a estimativa é que no novo projeto sejam ampliadas para no mínimo 20.

Por contrato, 70% dos passageiros devem embarcar por essas pontes. Os demais atualmente chegam aos aviões em ônibus a partir da sala de embarque.

O projeto ainda não está definido. "Estamos avaliando 27 alternativas para saber qual a melhor solução de qualidade e arquitetura", afirmou Yus.

Os anteprojetos devem ser entregues até o fim do ano à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). A consultora espanhola TYPSA está fazendo o planejamento aeroportuário do projeto.

Para fazer a mudança, a concessionária terá de consultar o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), pois o aeroporto é tombado.

O executivo disse ainda não saber como amenizar o transtorno com a transição entre os dois terminais sem prejudicar a operação do aeroporto, mas afirmou que o impacto terá de ser o menor possível para a malha aérea nacional.

"Não podemos aguardar 60 meses para finalizar as obras", disse, sobre o prazo máximo estipulado em contrato.

Quanto aos investimentos de curto prazo, com prazo de entrega até 2026, o plano inclui a ampliação da sala de embarque remoto, que fica no térreo do aeroporto, a readequação de vias de acesso, a reforma de banheiros e a revitalização da fachada.

Na segunda etapa, com previsão de entrega até junho de 2028, além da construção do novo terminal estão previstas a revitalização dos pavimentos da pista de táxi e a ampliação do pátio de aeronaves, com novas posições de contato.

"Vamos ter que superar alguns gargalos com obras de melhoria o mais rápido possível", afirmou o executivo.

O novo projeto, que está sendo discutido com empresas aéreas, governo e Prefeitura de São Paulo, também prevê estrutura para voos internacionais, se as companhias fizerem propostas.

Yus, entretanto, avisou que terão de ser viagens curtas, com quatro ou cinco horas de voo, para países da América Latina, por exemplo.

Em seu site, a Infraero, estatal que administra o local atualmente, afirma que a última grande obra em Congonhas ocorreu no início dos anos 2000, com a reforma do terminal de passageiros e a instalação das pontes de embarque, a partir de 2002. O aeroporto foi inaugurado em 1936.

Foi construído um conector acoplado ao terminal com as 12 pontes para atender às novas áreas de embarque e desembarque. Com ele, o aeroporto de Congonhas foi adaptado aos níveis de conforto e funcionalidade exigidos pelo fluxo atual.

No térreo foi instalada a sala de embarque remoto e uma interligação do desembarque com a sala de bagagens e o prédio histórico.

O espanhol Santiago Yus, diretor-presidente da Aena Brasil, durante apresentação dos planos da concessionária para o Aeroporto de Congonhas, nesta segunda (25) - Bruno Santos/Folhapress

No ano passado, Congonhas ultrapassou Guarulhos nas maiores rotas domésticas.

É o segundo aeroporto mais movimentado do país, ficando atrás apenas do da cidade da região metropolitana de São Paulo —segundo a Infraero, 14,3 milhões de passageiros passaram pelo local de janeiro e agosto.

Em agosto de 2022, a Aena arrematou, por 30 anos, Congonhas e mais dez aeroportos a um custo total de R$ 2,45 bilhões (R$ 2,54 bilhões, em valores corrigidos). São eles Campo Grande (MS), Corumbá (MS), Ponta Porã (MS), Santarém (PA), Marabá (PA), Parauapebas (PA), Altamira (PA), Uberlândia (MG), Uberaba (MG) e Montes Claros (MG). O grupo espanhol foi o único interessado no leilão.

A concessionária afirmou já ter investido R$ 3,3 bilhões nos 11 aeroportos, incluindo a outorga para vencer o leilão, e com indenizações trabalhistas de funcionários da Infraero.

A Aena vai assumir os 11 locais de forma escalonada entre os dias 10 de outubro (Uberlândia-MG) e 30 de novembro (Altamira-PA).

A empresa disse ter realizado um plano de transferência, com visitas técnicas e quase 14 mil horas de treinamento com mais de 170 profissionais que vão atuar nos aeroportos.

PLANO DE CONCESSÃO

O PEA (Plano de Exploração Aeroportuária) determina para a concessionária a realização, em até cinco anos, de investimentos que melhorem o atendimento dos passageiros e isso inclui a ampliação da estrutura.

Entre eles está o de adequar a capacidade de processamento de passageiros e bagagens no aeroporto, incluindo terminal, estacionamento de veículos, vias terrestres associadas e outras infraestruturas de apoio.

"Um dos principais ganhos com o programa de concessão de aeroportos é a ampliação da capacidade aeroportuária e as melhorias das condições de infraestrutura de forma geral, por meio de intervenções e investimentos em terminais de passageiros, sistemas de pistas e pátios de aeronaves, entre outras estruturas", diz a Anac.

Segundo consultoria contratada pela agência, são necessários R$ 2,1 bilhões para se atingir as metas necessárias de modernização de Congonhas.

Em novembro do ano passado, o diretor de Relações Institucionais e Comunicação da Aena no Brasil, Marcelo Bento Ribeiro, afirmou à Folha que a empresa espanhola deverá investir mais que esse valor.

Criada em 1991, a Aena é a maior operadora do mundo em número de passageiros. Sua vitrine é o aeroporto de Madri-Barajas, na Espanha, um dos mais importantes da Europa.

Em seu país natal, a companhia gere 46 aeroportos, além de um no Reino Unido, 12 no México, dois na Colômbia, dois na Jamaica e, agora, 17 no Brasil. No total, são 80 terminais no mundo.

A Anea Brasil já administra seis aeroportos no Nordeste, entre eles os de Recife e João Pessoa. A concessionária espera que 40 milhões de pessoas passem anualmente em todos os terminais que administra.

Em fevereiro do ano passado, a Anac decidiu penalizar a Aena por falta de qualidade em serviços prestados no terminal do Recife. Entre as falhas observadas pela agência estavam problemas nos sistemas de processamento de bagagens no embarque e de devolução das bagagens no desembarque. Outra reclamação era a baixa qualidade do sistema de ar-condicionado.

Em nota, Aena diz que no segundo período avaliativo (de agosto de 2021 a julho de 2022), o indicador de elevadores, escadas e esteiras (que incluem manuseio de malas) atingiram 99,85% de disponibilidade.

Já o terminal de Maceió, de porte menor e também administrado pela Aena, está em terceiro entre os melhores do país.

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