Governo chama até Fazenda para plano de segurança no Rio; veja ideias que estão sendo discutidas

Ministério da Justiça e governo do Rio querem auxílio da equipe econômica no combate a crimes financeiros, com o foco em fronteiras

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Brasília

A pressão sobre a gestão Lula (PT) e o governo do Rio diante da crise de segurança no estado levou o Ministério da Justiça e o governador Cláudio Castro (PL) a articular a inclusão do Ministério da Fazenda no plano em elaboração de combate a organizações criminosas.

Os detalhes sobre como se daria a contribuição da Fazenda ainda não foram concluídos. A ideia em estudo é que alguns órgãos da pasta possam ajudar na fiscalização e no controle na parte de crimes financeiros envolvendo facções. Um dos focos seriam delitos relacionados a atividades dessas organizações em regiões de fronteira —por onde entram armas e drogas.

Cláudio Castro disse nesta quarta-feira (25) que conversou com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, sobre a criação de um gabinete integrado de lavagem de dinheiro. Segundo o governador, o grupo contará com a atuação integrada entre Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiros) e a Polícia Civil do Rio. O objetivo, disse, é "saber de verdade quem está lavando dinheiro para a milícia".

Carcaças de ônibus queimados durante a ação de milicianos no Rio - Eduardo Anizelli - 24 out. 2023/Folhapress

"Acreditamos que só através da investigação, da prisão de líderes, da asfixia financeira, do combate à lavagem de dinheiro, e também da proteção das nossas fronteiras para que armas e drogas não entrem é que vamos conseguir fazer o combate a essas organizações", afirmou o governador, depois de uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A expectativa é que representantes do Ministério da Fazenda já participem de uma reunião prevista para a próxima semana com os três comandantes das Forças Armadas e os ministros Flávio Dino (Justiça), José Múcio (Defesa) e Rui Costa (Casa Civil).

Também nesta quarta, Flávio Dino disse que será apresentado um plano conjunto a Lula sobre a crise. De acordo com o ministro, o estudo para o uso das Forças Armadas na segurança está em conclusão e terá foco na atuação em três áreas: portos, aeroportos e regiões de fronteira.

A segurança nos estados é motivo de grande preocupação para Lula e se tornou uma prioridade nesta semana, após 35 ônibus e um trem serem incendiados na zona oeste do Rio em resposta à morte de um líder da milícia.

O ataque foi o maior já registrado contra o transporte público fluminense e causou caos na cidade, com vias fechadas e estações de transporte lotadas.

governo decidiu que vai mobilizar mais militares para ajudar no Rio e estuda uma série de opções. Por ora, está previsto o reforço de integrantes da Marinha na Baía Guanabara.

Os militares já atuam na região. O objetivo é aumentar o número de fardados para conter crimes cometidos nos municípios que circundam a baía, como Duque de Caxias, São Gonçalo, Niterói, Magé e o próprio Rio de Janeiro.

Em outra frente, de acordo com o plano em elaboração, as Forças Armadas serão acionadas para atuar em aeroportos e também em fronteiras consideradas sensíveis, como a do Paraguai. Integrantes do governo dizem que há suspeitas de que armas contrabandeadas passem pelo país vizinho.

A intenção de atuar nas fronteiras, por exemplo em Mato Grosso e Paraná, seria justamente a de tentar impedir que os armamentos cheguem ao Rio.

Cláudio Castro, por sua vez, reivindica que agentes da União atuem também nas estradas federais que cortam o estado do Rio, inclusive para a proteção das divisas. Aliados do governador defendem que o Exército atue nessa frente. Isso incluiria rodovias que atravessam a Baixada Fluminense e chegam até a Linha Vermelha, via que circunda o Complexo da Maré e é marcada por conflitos entre traficantes e policiais.

Militares, porém, afirmam que seria necessário decretar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para que o Exército atue em estradas federais —hipótese rechaçada pelo governo estadual e pelo Planalto.

As medidas foram debatidas nesta quarta durante reunião entre Dino, Múcio, Rui Costa e os comandantes das Forças. Na ocasião, o governo pediu que os militares apresentem um plano de ação para combate à criminalidade no Rio sem que seja necessário um decreto de GLO.

O governo quer aproveitar iniciativas já em curso pelas Forças Armadas sem precisar de novos dispositivos legais.

Castro tem repetido em conversas que espera que o governo federal apenas cumpra seu papel, rejeitando, neste momento, uma intervenção maior do Executivo Federal na condução da segurança no estado.

A área de segurança no Rio esteve sob intervenção federal em 2018, durante o governo Michel Temer (MDB).

Uma ação mais incisiva do governo Lula no auxílio ao Rio divide aliados do presidente. Enquanto uma ala afirma que o governo federal não deveria assumir a responsabilidade que é do estado, outra avalia que o Executivo Federal será responsabilizado por eventuais fracassos na operação.

Veja ações estudadas pelo governo no combate ao crime organizado no Rio

  • Reforço de militares da Marinha na Baía de Guanabara, por onde drogas e armas poderiam ser transportadas em barcos
  • Reforço de militares em portos e aeroportos
  • Incremento de militares em fronteiras consideradas sensíveis, como a do Paraguai, apontadas como meio de entrada de armas e drogas
  • Auxílio do Ministério da Fazenda no combate a crimes financeiros
  • Reforço da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal nas estradas federais
  • Ampliação do número de integrantes da Força Nacional em atuação no Rio de Janeiro
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