Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo

Assessor de Bolsonaro movimentou ao menos R$ 1,5 mi em operações suspeitas, diz Coaf

Órgão afirma que sargento Luis Marcos dos Reis fez transações que poderiam servir para burlar a origem e o destino das verbas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O sargento Luis Marcos dos Reis, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), chegou a receber R$ 1,5 milhão em uma conta bancária entre fevereiro de 2022 e janeiro deste ano, aponta um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

A quantia extrapola o rendimento mensal de cerca de R$ 24 mil do militar, pagos a ele pelo Exército e pelo governo federal no período.

De acordo com relatório enviado à CPI do 8 de janeiro e obtido pela coluna, Dos Reis teria realizado, no último ano do governo Bolsonaro, movimentações incompatíveis com seu patrimônio e operações que poderiam servir para burlar a origem e o destino das verbas transferidas.

0
O ex-presidente Jair Bolsonaro fala com a imprensa ao deixar sua casa na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli - 29.jun.2023/Folhapress

O sargento foi preso em maio deste ano, em operação que investiga a inserção fraudulenta de dados no cartão de vacinação de Bolsonaro. Na ocasião, o chefe da Ajudância de Ordens da Presidência, o tenente-coronel Mauro Cid, também foi detido.

Segundo o Coaf, o sargento recebeu R$ 1.501.767,00 e debitou R$ 1.459.300,00 de uma mesma conta do Banco do Brasil, entre 1º de fevereiro de 2022 e 20 de janeiro deste ano.

Entre as transações bancárias há, por exemplo, 215 operações via Pix, totalizando mais de R$ 336 mil, 49 saques, que somaram mais de R$ 22 mil, e 39 transferências de natureza não especificada, que somaram R$ 24 mil.

Apenas em operações via DOC (Documento de Ordem de Crédito) e TED (Transferência Eletrônica Disponível), o ajudante de ordens do ex-presidente movimentou, em 11 meses, R$ 694,5 mil.

O maior beneficiário das operações foi o próprio Dos Reis, que enviou valores para contas em que ele mesmo figura como titular. Em segundo lugar aparece Mauro Cid, que recebeu ao menos R$ 70 mil do colega de trabalho, divididos em quatro depósitos. Outros militares também são citados pelo Coaf como beneficiários das transferências de Dos Reis.

"Principais lançamentos a crédito e a débito referem-se as transações envolvendo mesma titularidade e pessoas físicas e jurídicas de ramos diversos, das quais destacamos Mauro Cesar Barbosa Cid, já relacionado em comunicação de operações suspeitas e para o qual consta mídia desabonadora sobre suposto envolvimento em crime de lavagem de dinheiro", diz um trecho do relatório do órgão.

À CPI, o Coaf ainda enviou registros de transações financeiras feitas pelo sargento no início deste ano, entre janeiro e maio. Mesmo fora do governo, o ex-ajudante de ordens recebeu R$ 11,7 mil em uma transferência feita por Mauro Cid.

No mesmo período, Dos Reis realizou débitos em valores superiores aos créditos que recebeu. Entraram R$ 167.418,00 em sua conta, e saíram R$ 213.294,00.

O órgão de combate à lavagem de dinheiro ainda aponta que, até 20 de janeiro deste ano, o sargento tinha movimentado mais de R$ 2,9 milhões. Já entre 21 de janeiro e 9 de maio, o saldo total da movimentação foi de cerca de R$ 380 mil.

"Considerando a movimentação atípica, sem clara justificativa e as citações desabonadoras em mídia, tanto do analisado [Reis] quanto do remetente de recursos [Cid], comunicamos pela possibilidade de constituir-se em indícios do crime de lavagem de dinheiro, ou com ele relacionar-se", diz o documento.

A coluna não conseguiu localizar a defesa do sargento para buscar esclarecimentos sobre as conclusões do relatório do Coaf.

Além do envolvimento na suposta fraude do cartão de vacinação de Bolsonaro, Dos Reis é citado em diálogos obtidos pela Polícia Federal (PF) e que versam sobre a possibilidade de um eventual golpe de Estado.

Ele mandou a interlocutores, por exemplo, diversas imagens do ataque golpista em Brasília e deixando claro que ele próprio participou do 8 de janeiro.


CONTOS

O escritor Milton Hatoum prestigiou o lançamento do livro "Todos Juntos", de Vilma Arêas, na semana passada, na livraria Megafauna, em São Paulo. O romancista Bernardo Carvalho, colunista da Folha, também passou por lá.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.