Leda Aparecida Ferraz Nogueira Pinto era de uma família tradicional do interior de São Paulo que ajudou no desenvolvimento de Lins e Promissão, separadas por cerca de 30 quilômetros. Ela dedicou a vida à educação e inspirou os filhos a seguir o mesmo destino.
Nascida em Lins em 5 de outubro de 1926, era filha do farmacêutico Joaquim de Souza Nogueira Júnior e da professora Irene Ferraz de Arruda Nogueira, de família pioneira em terras linenses.
Nos primeiros anos de vida, mudou-se com os pais para Promissão. Voltou para Lins como aluna interna do Ginásio e Escola Normal Auxiliadora, das Irmãs Salesianas. Saiu de lá, aos 18 anos, para se casar com Moacyr Miranda Pinto, em 1944, com quem teve os filhos Celso José, Célia Maria e Luiz Roberto. Viveram juntos até 2016, quando ele morreu aos 98 anos.
Junto, o casal se formou em 1955, no Curso Normal, que preparava professores para atuar no magistério. Após passagem pela agência local da Caixa Econômica Federal, Leda começou a dar aulas em escolas rurais do município de Promissão e região.
Em 1963, Leda foi nomeada diretora da Escola Estadual Professor Orlando Donda, cargo do qual se afastou apenas para se aposentar, em 1990, após longa e vitoriosa carreira na educação.
Pinto, marido de Leda, destacou-se na política local, e Leda sempre o acompanhou e apoiou em suas ações pelo bem de Promissão. O casal foi responsável pela fundação do Rotary Club, em 1952, e do Lions Club, em 1969, reativando-o em 1990.
Participou de todos os movimentos políticos, culturais e sociais de Promissão, lutando pela democracia nos anos de repressão, nos quais o marido chefiava a oposição ao regime militar.
"Suas decisões se pautavam por um apurado senso de justiça e caridade. Retratos que marcaram a vida e o legado de uma verdadeira mestra, daquelas que deixaram saudade nos muitos professores e alunos que tiveram a felicidade de sorver a doçura de seus ensinamentos", diz o neto José Augusto Borgo, servidor público.
A influência dessa mulher foi tão grande que os três filhos tornaram-se professores, todos dedicados ao estudo das ciências sociais e jurídicas e ao magistério.
"Além de tudo, ela foi minha diretora de escola; meu histórico escolar foi por ela assinado. Eu era presidente do Grêmio Estudantil. Daí, eu nunca deixei de me referir a ela como Dona Leda, por força do ambiente escolar. Só que ela se esquecia disso, e na hora do intervalo, me abraçava e me beijava com força, para o meu rubor, diante dos colegas, por receber demonstração de carinho e afeto da nossa diretora. Para mim, a despeito da figura maternal e carinhosa da avó, ela sempre foi e sempre será a nossa inesquecível diretora Dona Leda", diz o neto, saudoso.
Leda morreu aos 96 anos, em 30 de setembro, em Promissão, em decorrência do Parkinson, doença que a acometeu nos últimos anos. Viúva, deixou uma filha, três netos e dois bisnetos.
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