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Após falta de luz em SP, população teme novo apagão e se prepara; veja dicas

Procura por gerador e nobreaks dispara, e moradores tentam evitar perdas de comida e aparelhos eletrônicos

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São Paulo

A falta de luz é o novo terror dos paulistanos. O apagão do início de novembro assombra moradores, que têm ido em busca de soluções para evitar ficar no escuro ou até perder eletrodomésticos e alimentos.

Síndicos de condomínios notam que há uma corrida por nobreaks e geradores de energia. José Roberto Graiche Júnior, presidente da Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo), diz que alguns prédios já pensam em planos de contingência.

"Teve falta de abastecimento de óleo diesel e falta de empresas para servir. Alguns procuram por abastecimento do gerador e empresas que possam dar essa retaguarda. Outros estão pensando em podas de árvores que possam oferecer algum tipo de risco. São coisas mais fáceis de resolver", diz.

Falta de energia elétrica no bairro de perdizes, próximo a Avenida Sumaré, no dia 4 de novembro.  A enel calcula que 2,1 milhões de clientes ficaram sem luz em São Paulo
Falta de energia elétrica no bairro de perdizes, próximo a Avenida Sumaré, no dia 4 de novembro. A enel calcula que 2,1 milhões de clientes ficaram sem luz em São Paulo - Zanone Fraissat 4.nov.23/Folhapress

Apesar de mais caro e ainda em plano de estudo, ele analisa que há unidades que pensam na possibilidade de adquirir um novo gerador. Há, ainda, quem estude até a implementação de poços artesianos com receio da possibilidade de falta d’água.

À frente da padaria Beth Bakery, localizada na Aclimação, na zona sul da capital, Beth Viveiros relata que nos últimos dois meses tem registrado problemas de energia em decorrência da explosão de transformadores da região. Durante o feriado de Finados, assim como 2,1 milhões de residências de São Paulo, a padaria ficou sem energia.

Em meio ao apagão, ela se viu sem saída e alugou o equipamento por três dias. O problema é que, devido ao barulho, os vizinhos reclamaram do gerador. "Quanto mais barato, mais barulhento o gerador", lamenta ela.

Ela diz que por causa da alta demanda, tem sido difícil conseguir alugar o equipamento. Comprar o gerador, por enquanto, está fora de questão devido aos valores —ela encontrou opções por R$ 100 mil e R$ 120 mil, com prazo de entrega de 60 dias.

"Tá muito difícil", diz ela, que calcula ter perdido dois forninhos elétricos e teve problema com uma fermentadora. O nobreak, diz, não consegue dar conta dos equipamentos maiores da padaria, e agora ela procura uma solução para as próximas tempestades.

A empresária pretende orçar placas de energia solar para seu empreendimento, mas teme também esbarrar com a alta demanda. "É um quebra-cabeça que a gente vai tentando montar", diz.

A percepção de que esses serviços estão com alta demanda é confirmada por empresas do setor. De acordo com a TS Shara, que vende nobreaks, em apenas seis dias foram realizadas as vendas que eram projetadas para todo o mês.

"Hoje estamos até com lista de espera", diz o CEO da empresa, Pedro Al Shara. Foi a partir do segundo dia do apagão em São Paulo que a companhia notou um crescimento acentuado nas vendas. De cerca de 20 mil equipamentos vendidos por mês, a empresa pulou para 26 mil em novembro.

Diretor industrial da Geraforte, que vende geradores elétricos, Marcio Martins afirma que a empresa registrou uma procura de 50% a 75% superior de clientes que cogitam adquirir o equipamento.

Sem detalhar os números, ele afirma que a alta procura é comum após eventos traumáticos. "Não necessariamente essa procura se concretiza com o tempo, porque o gerador é mais caro", explica ele.

O prédio da professora de ioga e engenheira eletricista Ana Costa ficou no escuro por cerca de três dias. O edifício não tinha gerador e o síndico precisou comprar um equipamento para que os moradores pudessem carregar celulares e também para abrir as portas.

Com o congelador cheio, ela perdeu a comida do freezer e precisou ministrar aulas usando a internet do celular. "Além dos alimentos que perdi, tive que me alimentar na rua, não trabalhei porque o computador não funcionava. Acho que é um prejuízo intangível", afirma.

Ela vive no bairro da Saúde, em uma região arborizada da zona sul de São Paulo. Devido à queda de uma árvore grande, a área ficou ainda mais tempo sem luz.

Sem elevador, ela teve que subir e descer as escadas durante os dias. Agora, ela prevê que apagões podem voltar a acontecer. Por isso, agora tem um estoque de velas e de água na geladeira, uma vez que só tinha um filtro elétrico.

Além disso, fez uma compra menor para o fim de semana que tem previsão de chuva. Ela teme ainda que os alimentos estraguem devido ao calor. "Estou tentando deixar tudo na geladeira. Então, se tiver outro apagão, terei prejuízo semelhante [ao gasto na compra]."

Ela diz que não se importa em tomar banho gelado, mas em meio ao forte calor de São Paulo não sabe se vai aguentar ficar sem ventilação. "Acho que não vou conseguir dormir aqui", diz.

A Defesa Civil alerta que novos temporais podem ser registrados em São Paulo a partir desta sexta-feira (17) até domingo (19). A previsão é de tempestades chuvas com rajadas de vento que podem chegar a 100 km/h na região Sudeste.

Além do apagão em São Paulo, clientes da Enel reclamaram que não conseguiram contatar a empresa durante o blackout.

A concessionária informa que, agora, vai oferecer um canal via SMS, que servirá como alerta para a aproximação de fortes chuvas e vai permitir que as pessoas registrem falta de luz por mensagem e também acessem o link direto do site da companhia.

Para evitar tragédias e ferimentos, a empresa alerta que, durante a tempestade, a população não se aproxime de cabos partidos e também não encoste em objetos metálicos, como semáforos, postes de iluminação pública, pontos de ônibus, portões e grades em uma enchente.

Também recomenda que os equipamentos sejam retirados da tomada e fiquem longe do alcance da água. A empresa também pede que a população busque abrigo seguro, ou seja, em caso de ventos fortes procure locais longe de estruturas suscetíveis a danos, como postes, árvores ou fiações elétricas.

O QUE FAZER NO CASO DE FALTA DE LUZ EM SP?

  1. CONTATE A ENEL

    A concessionária disponibiliza agora um canal para facilitar a comunicação com a população. O cliente deve mandar, para o número 27373, a palavra LUZ junto com o número da instalação que consta na conta da Enel

  2. PROCURE UM ABRIGO

    Em caso de ventos intensos, procure locais seguros, longe de estruturas suscetíveis a danos, como postes, árvores ou fiações elétricas. Evite áreas arborizada, uma vez que há risco de queda de árvores

  3. CUIDADO COM ELETRÔNICOS

    A orientação é que a população precisa retirar os equipamentos da tomada e deixá-los fora do alcance da água

  4. ATENÇÃO PARA A COMIDA

    O epidemiologista Isaac Schrarstzhaupt afirma que é preciso que a população pense em medidas de controle de danos. Uma das orientações é ficar atento no caso de comidas que podem descongelar e congelar novamente, o que pode comprometer a qualidade do alimento. Para saber se isso ocorreu, ele orienta que as pessoas coloquem água no congelador dentro de uma bandeja e deixe congelar. Depois, coloque uma moeda em cima. Se a moeda aparecer no meio do gelo, significa que descongelou e congelou novamente. Neste caso vale a pena ter cuidado redobrado com a comida

  5. ISOPOR E GELO

    Para as pessoas que fazem uso contínuo de remédios que precisam ficar refrigerados, vale a pena comprar uma caixa térmica de isopor e garantir gelo. Caso a casa fique sem energia, é possível manter o medicamento

  6. PILHAS E FÓSFOROS

    É indicado manter pilhas em casa, de todos os tamanhos, e fósforos para acender velas

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