Descrição de chapéu chuva

Condomínio apela para água da piscina em quarto dia de apagão em São Paulo

Moradores se queixam de fiação antiga sem reposição e falta de informações

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São Paulo

Mais de 72 horas depois do apagão em São Paulo que mantém cerca de 400 mil endereços sem energia na região metropolitana de São Paulo, condomínios começam a entregar garrafas de água potável e a liberar o uso de água da piscina para a descarga em vasos sanitários.

Enquanto veem a comida estragar, moradores também se ajudam na assistência a idosos e na cobrança por soluções de problemas crônicos na estrutura de energia elétrica, além da falta de água.

Ao menos sete pessoas morreram e 4,2 milhões de domicílios ficaram no escuro após as chuvas e rajadas de vento que atingiram diferentes regiões de São Paulo na sexta-feira (3). O fornecimento de energia deve ser totalmente restabelecido nesta terça-feira (7), segundo a Enel, concessionária que administra serviços em 24 municípios da região metropolitana de São Paulo, incluindo a capital.

Árvores caídas na Avenida Piassanguaba, no Planalto Paulista, zona sul de São Paulo; moradores reclamam que estão há dois dias sem luz
Árvores caídas na Avenida Piassanguaba, no Planalto Paulista, zona sul de São Paulo - Ana Bottallo - 5.nov.2023/Folhapress

Na zona oeste da cidade de São Paulo, os 2.000 moradores de um condomínio no Jardim Bonfiglioli, no Butantã, com 430 apartamentos, souberam que a energia havia sido retomada em alguns locais do bairro enquanto viam as torneiras secarem.

Durante o fim de semana, não havia bombas para encher as caixas de água das sete torres, e a administração do condomínio passou a distribuir garrafas de água potável. "Agora liberamos água da piscina para moradores usarem na descarga do vaso sanitário", diz o síndico, José Eraudo Júnior, 41. A primeira previsão de retorno, às 20h de domingo (5), não se concretizou.

Os moradores descem com baldes, enchem na piscina e sobem para o apartamento. Tudo de escada.

Como o condomínio tem mais de 40 anos, não conta com geradores. "Em caráter emergencial, estamos levando as garrafas de água para as pessoas e disponibilizamos um telefone fixo para nos comunicarmos para emergências de alimento e remédios. E também contamos com o apoio dos nossos colaboradores, que estão recolhendo o lixo pelas escadas."

Perto dali, na região do Parque Previdência, a chuva e os ventos fortes se somaram a um problema histórico do bairro. "Qualquer chuvinha que dá, tem problema, porque a fiação é muito antiga no bairro", diz o morador Sergio Reze, 57. Ele integra a diretoria de uma associação local e aponta como solução a modernização da fiação ou o enterramento dos fios, solução apontada por especialistas.

"Para nossa surpresa, ficamos sem água. Tenho apoio e fui para a casa da minha sogra, mas e o restante dos vizinhos?"

Na Vila Prudente, zona leste da capital, a professora universitária Marcella Boscolo, 35, afirma que a energia foi restabelecida às 11h desta segunda (6), após dias de ruas escuras e mercados vazios. "Eu fiquei sem cobertura aqui na região, vi muitas pessoas na mesma situação."

Ela conta que o bairro também tem diversos prédios que dependem de energia para bombeamento, e cobra que a cidades esteja melhor preparada para eventos que tendem a ser mais frequentes por causa das mudanças climáticas.

"A gente observa, não só aqui na cidade de São Paulo, mas em nível nacional, é que não existe uma cultura da prevenção, existe uma cultura de tapar buracos."

A falta de previsão para o retorno ou a volta em bairros próximos também afligem moradores. É o caso da gerente de marketing Bruna Gaspar, 32, que mora com o marido no Jardim Fonte do Morumbi. "Desde sexta está tudo apagado. No meu condomínio são cerca de 200 apartamentos. E a gente vê prédios em bairros de bacana com luz. É frustrante."

Colaborou Isabella Menon

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