Governo federal identifica plano para libertar Marcola e muda protocolo de transferência de presos

Inteligência do Sistema Penitenciário rastreou o planejamento; mudança de presídio do líder do PCC foi cogitada, mas não deve ocorrer agora

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Brasília

A Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, implementou um protocolo para autorização de qualquer movimentação de transferência de presos de alta periculosidade do sistema federal.

Ela foi editada após a descoberta de um possível plano na tentativa de libertar Marcola, identificado como o líder da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), que está na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Brasília.

Marcola é escoltado durante uma das vezes em que foi transferido - Sergio Lima - 21.jan.20/AFP

Segundo portaria assinada pelo secretário Rafael Velasco Brandani, no início do mês de novembro, a transferência estará autorizada após um relatório de análise de risco elaborado pela Inteligência do Sistema Penitenciário Federal em documento sigiloso.

Além disso, seria necessária a autorização de saída assinada por um colegiado de no mínimo três autoridades da pasta designadas de forma aleatória, periódica e individualizada e serão identificadas por códigos, como forma de preservar a identidade.

"São considerados presos de altíssima periculosidade aqueles com alta probabilidade de evasão mediante resgate ou com indícios de envolvimento em atos preparatórios de ações hostis contra servidores públicos, altas autoridades e a segurança da população", diz o documento.

Segundo membros da pasta, a inteligência do sistema prisional alertou sobre um possível plano para sequestrar e matar policiais penais, que serviriam na negociação para a libertação do preso. A informação foi publicada inicialmente pelo Metrópoles.

Entretanto, a decisão de transferir o detento ainda não estava tomada após esse alerta por outros critérios serem considerados na decisão. Por conta do vazamento da informação, não existe a possibilidade de nenhuma movimentação nos próximos dias.

A leitura é de que o presídio federal de Brasília é o mais seguro do país e não haveria necessidade dessa mudança. A portaria faz com que as regras fiquem mais rigorosas para a saída do preso e nenhuma autorização seja precipitada.

Marcola foi transferido de um presídio paulista para a penitenciária federal de Brasília em março de 2019. A mudança ocorreu a pedido do Ministério Público paulista após ser descoberto, pelas autoridades de São Paulo, um suposto plano de resgate do chefe do PCC de um presídio no interior e uma suposta ordem de ataque ao promotor Lincoln Gakiya.

Em março de 2022, entretanto, ele foi novamente transferido, dessa vez para o presídio federal em Porto Velho (RO).

Em agosto do mesmo ano, a Polícia Federal desarticulou outro plano de fuga de lideranças do PCC. Na decisão que autorizou a ação da PF, o juiz do caso citou que foi identificado um documento com as citações a STF e STJ se referindo ao plano de fuga e "à prática de sequestro de autoridades do Sistema Penitenciário Federal e/ou seus familiares, com ordens, inclusive, para a prática de homicídios".

Já em janeiro deste ano Marcola voltou para Brasília após o ministro da Justiça, Flávio Dino, apontar também um plano de fuga.

Em setembro, a mulher de Marcola acusou a penitenciária de maus-tratos e de fornecer comida estragada aos presos, o que, segundo ela, configura "método de tortura".

Em carta enviada por meio de seu advogado, Cynthia Giglioli Herbas Camacho afirma que o marido emagreceu 20 quilos desde que chegou a Brasília, em janeiro, e está "sempre muito pálido, com as mãos bem trêmulas, que só vão passando após 1 hora de visita".

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