Descendente de italianos, Cláudio Ferigato foi ensinado desde criança pelos avós a ser rigoroso com suas responsabilidades. Assim, começou a trabalhar cedo. Foi bancário, garçom e soldado do Exército.
Trocou a farda verde-oliva pela azul ao passar em um concurso público para a Guarda Municipal de Jundiaí, sua cidade de nascimento no interior paulista e de onde nunca se mudou.
Ferigato ingressou cedo na Guarda Municipal, em 1987, quando tinha apenas 21 anos. Lá se tornou inspetor, o posto máximo de carreira. E chegou ao comando da corporação por indicação, cargo com o qual se aposentou 30 anos depois.
Mas foi no começo, durante uma ronda e outra em defesa do patrimônio público da cidade ou contra a criminalidade, que certa vez um parceiro o convidou para ir ao sítio onde morava sua namorada e a irmã dela.
"No fim das contas, minha irmã largou o namoro com o guarda e eu casei com o amigo dele", conta a esposa Nelcimar Ribeiro.
Do casamento de 31 anos vieram dois filhos, a advogada Samantha, 28, e o educador físico Vinícius, 26.
O guarda municipal durão, que já havia ajudado a desvendar sequestro, amolecia diante de animais —cachorros eram uma de suas paixões.
Entre guardas municipais de Jundiaí, Ferigato é apontado como um dos principais responsáveis pelo premiado canil da corporação.
"A Guarda era como se fosse um terceiro filho para ele", afirma Samantha.
Sem se esquecer da profissão nem nos momentos de folga, gostava de assistir a séries policiais e a filmes de guerra.
"Meu pai tinha um coração gigante, apesar da cara de bravo", brinca a filha mais velha.
Também não desgrudava os olhos da TV em dias de jogos do São Paulo. O torcedor fanático sofreu na final da última Copa do Brasil, quando o tricolor derrotou o Flamengo e conquistou o inédito título, em setembro passado.
Como bom cervejeiro, foi à tradicional Oktoberfest, de Blumenau. Em Santa Catarina ainda levou a família para visitar o parque Beto Carrero World.
Cozinheiro habilidoso, suas feijoadas, lasanhas e moquecas fizeram fama. Mas era com sua comida simples do dia que a família se esbaldava.
Aposentado no auge da carreira, em 2017, ultimamente Ferigato andava bastante caseiro.
Até que uma infecção o levou a ser internado. Os fortes antibióticos não foram suficientes para recuperar o inspetor, que na juventude vestia os filhos com farda igual a sua para entregar cartão de Natal.
Cláudio Ferigato morreu no último dia 24 de outubro, aos 57 anos. Deixou a mulher, dois filhos e a pit bull Dalila, sua xodó.
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