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Rio de Janeiro tem falta de luz causada por temporal e furto de energia

Regiões abastecidas pela Enel estão sem energia desde sábado (18); na Rocinha, falta de luz já dura dez dias

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Rio de Janeiro

Cidades do Rio de Janeiro enfrentam falta de luz nesta terça-feira (21). As áreas mais afetadas são as cidades de Niterói e São Gonçalo, ambas na região metropolitana, e a Rocinha, bairro da zona sul da capital fluminense.

De acordo com a Enel, distribuidora que atende Niterói e São Gonçalo, a queda de energia foi provocada por uma tempestade na noite de sábado (18). A chuva e as fortes rajadas de vento causaram danos severos à rede elétrica de várias cidades, interrompendo o fornecimento de energia, diz a empresa.

Além das duas cidades, houve registro de falta de luz nas cidades de Maricá, Itaboraí, Petrópolis, Macaé e Areal, além de municípios da Região dos Lagos.

Vista do topo da Rocinha. A imagem mostram casas de favela construídas em topo do morro, cercada por mata
Vista do topo da Rocinha, comunidade da zona sul do Rio de Janeiro onde vivem 67 mil pessoas - Tercio Teixeira/AFP

Os moradores dessas cidades chegaram a protestar pela falta de luz. Na manhã desta terça, cerca de 50 manifestantes fecharam parcialmente um trecho da BR-040 por causa da falta de energia em Petrópolis. Em Niterói, a manifestação ocorreu na alameda São Boaventura, uma das principais vias da cidade.

Segundo a Prefeitura de Niterói, nesta terça há 31 mil imóveis sem energia na cidade. Na noite desta segunda (20), o prefeito da cidade, Axel Grael (PDT), se reuniu com diretores da Enel para tentar solucionar o problema.

A distribuidora pediu 48 horas para restabelecer totalmente a energia na região, mas o prazo não foi aceito pelo prefeito. A Enel já não havia conseguido cumprir o prazo determinado pela Justiça, na segunda-feira, para que normalizasse o abastecimento na região em até 6 horas, sob pena de multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento.

Em São Gonçalo, a prefeitura diz que 37 mil domicílios, 7 postos de saúde e 11 escolas estão sem energia. Por causa disso, cerca de 4.500 alunos estão sem aulas.

De acordo com a Enel, 97% dos clientes afetados desde o temporal já tiveram o serviço restabelecido. A distribuidora afirma ainda que segue com reforço adicional de equipes em campo trabalhando 24 horas por dia para finalizar os atendimentos.

O prefeito de Niterói disse que vai comunicar a falta de luz à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Também nesta segunda-feira a Enel passou a ser investigada pelo Ministério Público pela demora em restabelecer o fornecimento de energia.

Nesta terça, sete escolas da rede municipal continuam sem energia. Delas, apenas uma não suspendeu as aulas —a escola Paulo Freire, no Fonseca, abriu as portas para garantir a alimentação dos alunos.

Já na rede estadual, a Secretaria de Estado de Educação afirma que sete unidades escolares foram afetadas pela falta de luz, em Niterói, Saquarema e Rio Bonito.

A Enel tem concessão para distribuir energia para 66 municípios do Rio de Janeiro, com população estimada em 7,1 milhões de habitantes.

A empresa é alvo de pedido de cancelamento da concessão em São Paulo, seu maior ativo no país, por dificuldades na retomada do fornecimento após dois temporais neste mês. No primeiro, de 3 de novembro, 2,1 milhões de pessoas chegaram a ficar sem luz e o problema só foi totalmente resolvido após quase uma semana.

Na semana passada, quase 290 mil foram afetados depois de outro temporal. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), então pediu à Aneel o cancelamento do contrato de concessão da empresa.

Rocinha sem luz

No caso da Rocinha, a falta de luz se deve ao furto de energia na região, conforme alega a Light, que abastece o bairro da zona sul. Os moradores estão sem energia há pelo menos dez dias.

No sábado, a Justiça do Rio determinou que a distribuidora normalizasse o serviço em 48 horas, prazo que expirou nesta segunda. Na manhã desta terça, moradores fizeram mais um protesto nas saída do túnel Lagoa-Barra para denunciar a situação.

A Justiça foi acionada pelo Núcleo de Defesa do Consumidor da Defensoria Pública. Na ação, o órgão afirma que a "onda de calor que assola o Rio de Janeiro, com previsão de temperaturas e sensação térmica alarmantes, é um fator que potencializa a necessidade da regularização do acesso adequado à energia elétrica e água, que acarreta diversos danos de ordem material e moral aos consumidores da região".

A Defensoria Pública afirma acompanhar a situação e que recebeu o retorno de que o "fornecimento de energia está se estabilizando e os últimos ajustes sendo feitos para garantia do cumprimento da decisão".

A Light afirma que os furtos de energia —o chamado gato— chegam a 84% das residências da Rocinha e que por causa das ligações clandestinas há uma sobrecarga na rede elétrica.

Em nota, a distribuidora afirmou que os furtos de energia ocorrem nos 31 municípios da área de concessão. Mas, diz a Light, "em comunidades o alto índice de furtos faz com que haja aumento nas interrupções do serviço".

A empresa afirma ainda que atua diariamente para coibir as ligações clandestinas e que, para isso, conta com o apoio do poder público, da Polícia Civil e das associações de moradores. Quanto à situação específica da Rocinha, no entanto, a Light diz que ainda não procurou a polícia para combater os furtos.

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