Descrição de chapéu chuva

Enel diz que não há mais casas na cidade de São Paulo sem energia no 7º dia desde apagão

Outros 1.300 imóveis seguem sem luz em Cotia e Embu das Artes; há, ainda, 30 mil clientes no escuro, mas empresa diz que não é por causa da chuva

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São Paulo

A cidade de São Paulo não tem nesta quinta-feira (8) mais endereços sem energia elétrica por problemas relacionados ao apagão de sexta-feira (3), quando uma tempestade atingiu o estado, de acordo com a Enel. Segundo a companhia, todos os imóveis impactados na capital tiveram o serviço restabelecido.

O prazo para solucionar o problema era na terça-feira.

Segundo à concessionária, às 19h desta quinta, a luz havia voltado para 99,99% dos imóveis impactados pela falta de energia na região metropolitana.

Pela manhã, 1.300 endereços em Cotia e Embu seguiam às escuras, no sétimo dia desde o início do apagão que deixou 2,1 milhões de clientes da Enel no escuro.

Equipe da Enel trabalha em endereço de Embu - Rubens Cavallari - 8.nov.2023/Folhapress

"A Enel Distribuição São Paulo restabeleceu na manhã dessa quinta-feira (9), o fornecimento de energia a praticamente todos os clientes impactados na última sexta-feira (3) após a forte tempestade com rajadas de vento de mais de 100 km/h", reforçou a empresa.

No entanto, pela manhã, havia relatos de clientes afirmando ter problemas no abastecimento. É o caso do engenheiro civil Claudio André, 58, que mora em um condomínio de oito casas, na rua José Geraldo Rodrigues Alckmin, no Alto da Boa Vista, em Santo Amaro, zona sul da capital paulista.

"Na sexta (3), durante o temporal houve um curto-circuito e uma explosão no transformador que fica em um poste na frente do condomínio. Desde então estamos sem energia", afirmou.

André diz que na segunda (6) uma equipe da Enel foi ao local, realizou uma inspeção, mas não resolveu o problema.

"Disseram que por ser no transformador outra equipe é a responsável. Abrimos vários chamados, sempre dizem que vão enviar equipes, marcam horário, a gente espera, mas ninguém aparece", contou.

Ainda de acordo com o engenheiro, o condomínio tem três fases de energia, por isso, algumas luzes funcionavam, mas os equipamentos mais potentes, não.

"Os equipamentos que puxam mais corrente ou que estão em 220, como chuveiros elétricos, aquecedores, máquina de lavar, de secar roupa, internet, não funcionam. Estamos todos sem geladeira e água quente, por exemplo. Tem gente que teve de procurar espaço coworking para trabalhar, lavar roupa na casa da mãe e vários outros transtornos. Tem duas crianças recém-nascidas aqui, o que deixa tudo ainda mais complicado para essas famílias", explica.

Procurada pela reportagem, a Enel respondeu que iria enviar uma equipe ao local. A energia voltou no condomínio por volta das 15h20.

Segundo a companhia, foram reconstruídos 100 quilômetros de rede desde a sexta e 95% das ocorrências teriam sido causadas por queda de árvores.

Após a Enel descumprir prazos para restabelecer o fornecimento de energia elétrica, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), voltou a criticar a concessionária nesta quinta.

"É muito triste, é inaceitável o que a Enel fez com a cidade, deixando ela por tantos dias sem energia. Outras concessionárias fizeram os serviços com muito mais agilidade e respeito ao cliente", disse Nunes.

A lentidão da Enel, de acordo com o prefeito, evidenciou como o quadro de funcionários é insuficiente para atender a demanda da região metropolitana.

Nunes insistiu em comparar o desempenho da Enel ao das concessionárias EDP e CPFL, que atuam no interior paulista.

"Lá também teve ventos com mais de 100 km/h. Elas tinham mais equipes, proporcionalmente, porque a Enel atende 24 municípios na região metropolitana", disse Nunes. "Estou muito decepcionado com o desempenho da Enel, principalmente se você fizer um comparativo."

A concessionária assumiu a distribuição de eletricidade na região metropolitana de São Paulo em 2018 e promoveu um enxugamento no quadro de pessoal. Entre 2019 e 2022, o número de colaboradores próprios e terceirizados caiu de 23,8 mil para 15,3 mil.

A Enel diz que que os cortes se concentraram em áreas administrativas e não tiveram grande impacto no efetivo operacional que foi para as ruas cuidar dos estragos da tempestade. "A companhia possui atualmente uma resposta de recuperação da rede mais efetiva do que em anos anteriores", disse a Enel.

A relação entre a gestão Nunes e a Enel vive momento de tensão, com trocas de farpas.

Max Xavier Lins, presidente da Enel São Paulo, culpou as árvores derrubadas pelo temporal pela falta de energia prolongada na cidade e sugeriu que o trabalho de remoção da prefeitura não seria eficiente.

Nunes reagiu, e em sua conta no X (antigo Twitter) escreveu que a Enel estaria mentindo e sendo irresponsável.

"Tenho uma lista de 30 árvores, nesse momento, que a prefeitura não pode retirar porque a Enel não vai fazer o desligamento da energia. Nossos funcionários não podem correr risco de serem eletrocutados", escreveu o prefeito.

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