Descrição de chapéu violência

Polícia apura se consumo de álcool e drogas em casa antecedeu tiroteio nos Jardins

Empresário atirou contra policiais que investigavam furto em imóvel vizinho; uma agente e um vigia morreram, além do morador

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São Paulo

A investigação sobre a morte de três pessoas no último sábado (16) na região dos Jardins, em São Paulo, indica que a tragédia ocorreu em razão de um mal-entendido, permeado pela insegurança vivida pelos moradores do bairro, e após um almoço com elevado consumo de bebidas alcoólicas.

Conforme documentos obtidos e policiais ouvidos pela Folha, o empresário Rogério Saladino dos Santos, 56, morto no confronto com a polícia, organizou um almoço do qual participaram mais seis pessoas, dentre elas a namorada e o filho dele, de 15 anos.

"Nesse almoço houve grande consumo de bebidas alcoólicas. [...] A área do quintal, na porção posterior da casa, com a piscina, tinha diversas garrafas e copos contendo bebidas alcoólicas", diz documento.

Movimentação de policiais na praça Homero Vaz do Amaral, no Jardim América, zona oeste de São Paulo
Movimentação de policiais na praça Homero Vaz do Amaral, no Jardim América, zona oeste de São Paulo - Isabella Menon/Folhapress

A reunião teve início por volta das 11h e terminava por volta das 17h. Os investigadores acreditam que um dos principais assuntos do almoço foi o furto na casa vizinha, ocorrido na noite anterior, quando criminosos invadiram a casa e levaram vários pertences da propriedade, entre eles um veículo.

A mesma residência, grudada à casa de Santos, também havia sido alvo, meses atrás, de criminosos que invadiram o local realizaram um roubo. Nessa ação, pessoas ficaram refém do grupo, segundo a polícia.

Foi dentro da investigação do furto da véspera que os policiais civis Milene Bagalho Estevam e Felipe Wilson da Costa, do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) foram até o local, quando o almoço de Santos estava se encerrando. Conforme relato da polícia, a dupla seguiu em direção à casa do empresário em busca de imagens de câmeras de segurança que pudessem ajudar no inquérito.

Outras casas também haviam sido visitadas a mesma rua.

No endereço de Santos, falaram inicialmente com o vigia da rua, Alex James Gomes Mury, que após conversar com outro segurança que havia assumido o trabalho, decidiu levar a demanda para o proprietário da casa, para explicar o pedido da dupla que aguardava na calçada.

Foi nesse momento que Santos, acreditando que os investigadores fossem falsos policiais, pegou o armamento que tinha casa, uma pistola calibre .45, e outra calibre .380, e seguiu em direção ao portão principal da casa. A calibre .45, segundo a polícia, não tem registro.

Já ao sair do imóvel, o empresário fez dois disparos para o alto, com objetivo de afugentar as pessoas que acreditava ser ladrões. Na sequência, abriu o portão automático e atirou contra os policiais.

Três disparos atingiram a investigadora, segundo registros, que caiu na calçada. Dois tiros atingiram o braço e um deles a axila, todos no lado direito do corpo. Na sequência, o investigador Felipe Costa passou a atirar contra o empresário, que caiu atingido no tórax.

Mury também teria tentado pegar a arma do dono da casa e acabou também baleado pelo investigador. Atingido no ombro direito, segundo o resgistro, o vigia morreu no local. As outras vítimas chegaram a ser socorridas, mas morreram a caminho do hospital.

Conforme policiais ouvidos pela reportagem, uma linha a ser apurada no inquérito é a possível combinação de álcool com outros entorpecentes por parte do empresário. Para delegados ouvidos, apenas o uso de bebidas não justificaria uma atitude não violenta por parte de Santos.

Os investigadores acreditam nessa possibilidade dessa combinação porque a polícia encontrou drogas (maconha, haxixe e drogas sintéticas) na casa do empresário.

A polícia solicitou exames para identificar se o uso de drogas foi, de fato, feito. O laudo ainda não tem data prevista para ser entregue, mas peritos ouvidos por investigadores indicaram a possibilidade de o resultado ser positivo.

O funeral da investigadora, realizado na tarde deste domingo (17) no Crematório da Vila Alpina, zona leste da capital, foi marcado pela presença emocionada de colegas da polícia.

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