A Polícia Federal indiciou o empresário e atleta Renato Cariani, 47, pelos crimes de tráfico equiparado, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. Ele é investigado por suspeita de envolvimento em um esquema de desvio de produtos químicos para a fabricação de drogas como cocaína e crack.
Carini foi à sede da PF, na zona oeste de São Paulo, no começo da tarde desta segunda-feira (18), para prestar depoimento.
Em nota, o advogado Aldo Romani Netto afirmou que Cariani foi ouvido por mais de três horas pelo delegado Vitor Vivaldi, mesmo sem ter tido acesso ao conteúdo de diversos documentos e procedimentos cautelares que instruíram a investigação.
"Ainda assim, respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas, demonstrando sua mais absoluta boa-fé no esclarecimento dos fatos" afirmou o defensor, que na nota reclamou que o indiciamento "foi realizado antes do início de seu depoimento, sem que a autoridade policial pudesse, com antecedência, ouvir seus esclarecimentos sobre os fatos que lhe foram imputados".
Em vídeo divulgado nas redes sociais na última sexta (15), Cariani voltou a negar as acusações.
Com 7,5 milhões de seguidores no Instagram, o influencer fitness afirmou que é uma vítima, que tem inimigos e que seu sucesso profissional incomodou outros empresários do ramo em que trabalha.
De acordo com a PF, o influenciador abastecia uma rede de tráfico de drogas comandada por criminosos do PCC.
O principal elo entre Cariani e a facção seria, segundo a investigação, Fábio Spinola Mota, apontado como membro PCC e preso no início deste ano na Operação Downfall da PF —que investigou um esquema de "tráfico internacional e interestadual de drogas, com diversas ramificações no país".
Mota, que ficou preso até o mês passado, foi um dos alvos da operação da PF de São Paulo, a Hinsberg, assim como o próprio Cariani e a sócia dele em uma empresa para venda de produtos químicos, a Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda.
A hipótese da polícia é que parte do material adquirido legalmente pela Anidrol era desviada para a produção de cocaína e crack. Para justificar a saída dos produtos, eram emitidas notas fiscais falsas e depósitos em nome de laranjas, usando indevidamente o nome da multinacional AstraZeneca.
De acordo com a investigação, foram desviadas cerca de 12 toneladas de produtos como acetona, éter etílico, ácido clorídrico, cloridrato de lidocaína, manitol e fenacetina, substâncias utilizadas na produção de cocaína e crack.
Cariani não nega que mantinha uma relação com Mota, mas diz que o conhecia devido a uma loja automotiva, para onde o influenciador levava carros para manutenção ou reparos. Afirma ainda que eles não tinham intimidade e que nunca visitou a casa do lojista, nem ele a sua.
O influenciador disse, contudo, que Mota é muito conhecido e que por isso há imagens em que ele aparece ao lado do empresário em ocasiões como almoços, anexadas ao processo. "Ele é muito conhecido, tive a oportunidade de encontrá-lo em ações sociais."
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