Descrição de chapéu Obituário Drica D’arc Meirelles (1988 - 2024)

Mortes: Ativista que acolheu, alegrou e amou a vida

Drica Meirelles combateu o preconceito com sensibilidade e conhecimento

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Curitiba

Indígena, negra e trans, a amazonense Drica D’arc Ferreira Gomes Meirelles encontrou no estudo o caminho para conquistar seu espaço. Estudante de serviço social na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), escolheu cuidar da dor dos outros.

Sua bandeira carregava acolhimento e alegria. "Foi grande ativista dos direitos trans em Santa Catarina, envolvida em questões políticas e com o movimento indígena. Nunca externalizava seus problemas nem os usava como empecilho. Estava sempre muito alegre e disposta a ajudar", conta Melina Martins, diretora da Rede Trans UFSC.

Mulher com vestido roxo em frente a parede rosa e roxa com os dizeres trasn forma  ao fundo
A ativista Drica D’arc Meirelles morreu no último dia 1º de janeiro aos 36 anos; ela morava em Florianópolis (SC) - Nicolas Starosky/Divulgação

Secretária financeira da ADEH (Associação em Defesa dos Direitos Humanos), Drica estava cotada para a presidência da entidade.

"Conhecida no estado todo, brigava por nossos direitos, sempre com muita garra", diz a presidente da associação, Lirous Ávila. "Todo mundo sabia quando a Drica chegava, se não fosse pela gargalhada, era pela forma como expressava o amor pela vida."

A amiga lembra os trabalhos de acolhimento às vítimas da violência nas ruas, como travestis e transexuais. "Ela distribuía cestas básicas e acolhia pessoas em sua casa. Tirava do bolso para ajudar os outros. Se tivesse que parar tudo para ajudar, parava. Foi um ser de muita luz, que tinha um riso único", ressalta Lirous.

"Sonhadora, resiliente, recomeçava quantas vezes fossem necessárias. Alegre e cheia de si, queria muito voltar para sua terra, Parintins [AM], e atuar como assistente social na luta pelos direitos das pessoas LGBT. Uma ativista de fato", conta a professora Helena Cortes.

Dentro dos movimentos sociais, militância estudantil e política da população trans, Drica conquistou espaço e visibilidade, como destaca a assistente social Mayara Furtado. "Foi acolhedora e fez de sua luta pessoal a de todos que passam por situações de violência e não reconhecimento da identidade e da possibilidade de viver a sua fé."

Drica era persistente, inteligente, motivada e sempre com um sorriso bem largo, recorda a amiga Olga Garcia. "Ela encarava a vida como um recomeço. Sempre era possível recomeçar para ela. Amava dançar e desfilar. Enxergava a beleza da vida."

O também amigo Matheus Leal conta que Drica vivia "no salto", maquiada e elegante, com brilho nos olhos e um sorriso que contagiava.

"Tinha um magnetismo que fazia a gente transbordar de bem-estar. Ia ajudar em qualquer momento, em qualquer horário. Era impossível deixar de sorrir ao lado dela."

A Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade da UFSC emitiu nota na qual destaca o compromisso de Drica com a justiça social. "Certamente continuará a inspirar aqueles que tiveram a honra de conhecê-la e trabalhar ao seu lado. Embora sua presença física não esteja mais entre nós, Drica viverá em nossas memórias."

Drica D’arc Ferreira Gomes Meirelles morreu no dia 1º de janeiro, aos 36 anos, de afogamento.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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