Descrição de chapéu Rio de Janeiro Chuvas

Chuva deixa 11 mortos, alaga ruas, inunda hospital e fecha estações de metrô no Rio

Temporais atingem capital e região metropolitana, e autoridades pedem que pessoas não saiam de casa

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Rio de Janeiro e São Paulo

Fortes chuvas registradas neste final de semana na zona norte do Rio de Janeiro e em municípios da região metropolitana causaram pelo menos 11 mortes, segundo informações divulgadas na tarde deste domingo (14) pelo Corpo de Bombeiros. Uma pessoa continuava desaparecida até as 17h.

O Corpo de Bombeiros atendeu a cerca de 230 ocorrências relacionadas a chuvas no estado no final de semana. Também houve registros de impactos nos sistemas de transporte público e abastecimento de energia elétrica.

Pessoas observam estragos em carro em meio a alagamento na cidade do Rio de Janeiro - Bruno Kaiuca/AFP

A lista de 11 vítimas confirmadas pelos bombeiros tinha oito homens e três mulheres. Do total de mortes, três foram registradas em bairros da zona norte da capital fluminense (Ricardo de Albuquerque, Acari e Costa Barros).

As outras oito ocorreram em municípios da Baixada Fluminense, na região metropolitana: três em Nova Iguaçu, duas em São João de Meriti, duas em Duque de Caxias e uma em Belford Roxo.

Segundo os bombeiros, a corporação realizou, desde a noite de sábado (13), 268 salvamentos relacionados às chuvas, sendo 118 no Rio de Janeiro, 79 em Belford Roxo, 45 em Nova Iguaçu, 11 em Mesquita, 7 em Nilópolis, 4 em São João de Meriti, 2 em Seropédica, 2 em Duque de Caxias.

Na baixada, Duque de Caxias e Nova Iguaçu decretaram estado de emergência.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), também decretou situação de emergência no município. A decisão foi publicada em edição extra do Diário Oficial na tarde deste domingo.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, Paes pediu para que a população, especialmente em bairros da zona norte, evitasse sair de casa.

"Não força a mão, não força ficar passando em área alagada. Você coloca em risco a sua vida, atrapalha os agentes públicos. A previsão é de menos chuva ou chuva mais fraca hoje", afirmou Paes.

Ele também disse que o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, ficou sem energia elétrica. A água inundou o subsolo da unidade de saúde.

Um alagamento chegou a interditar o trânsito durante a manhã em um trecho da avenida Brasil, uma das principais vias da cidade. O fluxo de veículos foi totalmente liberado no final da manhã, de acordo com o COR (Centro de Operações Rio). A chuva ainda fechou estações de trem e metrô na capital.

Outro impacto dos temporais foi a suspensão de concursos públicos. A Prefeitura do Rio anunciou que as provas dos processos seletivos Acadêmico Bolsista e Projeto Acolher, que aconteceriam neste domingo, foram adiadas. Novas datas devem ser divulgadas em breve.

A capital entrou no estágio 4 do monitoramento de riscos divulgado pelo COR —a escala vai até 5. O nível deste domingo significa que a recomendação é para que a população evite deslocamentos e fique em locais seguros.

Em nota, o governo federal afirmou que o presidente Lula (PT) conversou por telefone com Paes e o prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro e "garantiu todo o apoio".

Impactos no transporte

A concessionária SuperVia disse que a estação de trens Oswaldo Cruz, na capital, foi fechada para embarque e desembarque em razão dos alagamentos neste domingo, sendo reaberta por volta das 16h30.

A operação do metrô também sofreu impacto. As estações Pavuna, Engenheiro Rubens Paiva, Acari Fazenda Botafogo e Coelho Neto foram fechadas temporariamente.

"As equipes de manutenção estão mobilizadas para atuar, após o escoamento da água, e restabelecer o mais breve possível o sistema metroviário", afirmou o MetrôRio.

Uma inundação interrompe o trânsito na BR-040 (Washington Luís), que liga os estados do Rio e Minas Gerais. Um bolsão d'àgua se formou na altura da refinaria de Duque de Caxias, na baixada.

Em nota, a concessionária Concer afirmou que fez a abertura de uma pista reversível, mas há dificuldades.

"O desafio, com apoio da PRF (Polícia Rodoviária Federal), foi orientar esses veículos retidos mais próximos do alagamento a voltar pela contramão e pegar a reversível. Mas como muitas carretas estão no caminho, dificultando a manobra, maquinário adicional está sendo mobilizado para fazer outra abertura na divisão das pistas e retirar os veículos retidos mais próximos do alagamento", disse a Concer.

Em razão dos alagamentos, a Prefeitura do Rio pediu o cancelamento do ensaio técnico de carnaval que havia sido agendado para este domingo na Sapucaí. O prefeito Paes ainda afirmou que recebeu uma ligação do ministro Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), que teria se colocando à disposição da cidade.

"Estamos prontos para enviar uma equipe da Defesa Civil Nacional para dar apoio no atendimento à população atingida e nos procedimentos necessários para a solicitação de recursos federais", afirmou Goés, em material divulgado pela pasta. Ainda não há detalhes sobre quantas pessoas comporiam a equipe da Defesa Civil, nem de que outras formas o governo deve auxiliar.

De férias, o governador Cláudio Castro (PL) afirmou no sábado que estava coordenando secretarias e que estava em contato com prefeituras para "lidar com as intensas chuvas". O governador em exercício é seu vice, Thiago Pampolha.

Neste domingo, Castro postou nas redes sociais uma mensagem expressando sua solidariedade "às famílias e amigos sete cidadãos que perderam suas vidas". Ele completou dizendo que "o momento exige união" e que segue "trabalhando para prestar toda assistência e evitar mais perdas".

Já às 19h24, após a confirmação de 11 mortes, a assessoria do governo afirmou que Castro decidiu retornar ao Rio. "Castro coordenou, à distância, as ações das secretarias estaduais envolvidas nos trabalhos de resgate e auxílio aos municípios afetados pelas chuvas ao longo do dia", disse a assessoria, em nota. Uma coletiva de imprensa será feita na manhã desta segunda (15) com o governador.

Falta de luz

O temporal ainda deixou moradores do Rio no escuro. A Enel Distribuição Rio afirmou, em nota, que restabeleceu o fornecimento de energia para cerca de 97% dos clientes afetados.

A concessionária disse que ampliou em até quatro vezes o número de equipes em campo (em comparação a um dia comum) para atender todas as ocorrências.

Os atendimentos agora estão concentrados principalmente em São Gonçalo e Niterói, onde as chuvas da noite deste sábado causaram alagamentos e dificultaram o deslocamento das equipes e a execução dos serviços em campo.

Segundo a Prefeitura de Niterói, a cidade registrou um recorde histórico de chuva, com um volume de 120,2 milímetros em uma hora. Vários bairros ficaram alagados. Algumas ocorrências complexas envolvem a reconstrução de trechos inteiros da rede elétrica, incluindo substituição de cabos e postes.

No Rio, a Enel atende 66 municípios –abrange 73% do território estadual. A região de Niterói e São Gonçalo e os municípios de Itaboraí e Magé representam a maior concentração do total de 3 milhões de clientes atendidos pela companhia.

A Light, que também é responsável pelo abastecimento de energia no Rio de Janeiro, disse que as fortes chuvas da última noite impactaram o fornecimento de energia na Ilha do Governador, na zona norte da capital. Houve um defeito em uma das linhas que abastece a região.

Em nota, a concessionária afirmou que está instalando geradores para cargas prioritárias, como hospitais e unidades de saúde. A Light também pediu apoio da CET-Rio para operar o trânsito na região.

Equipes da concessionária foram para o local para reparar o defeito e restabelecer a energia. A empresa já restabeleceu 79% dos clientes e segue atuando na região.

Viaturas submersas em batalhão

As fortes chuvas que atingiram o Rio de Janeiro, na noite de sábado (13), deixaram viaturas submersas no batalhão de Rocha Miranda, zona norte do Rio.

Imagens mostram a rua onde está localizada a unidade inundada, assim como outros carros que estavam no local.

Em nota, a Polícia Militar afirmou que o "comando da Corporação trabalha para recuperar as instalações do 9° BPM (Rocha Miranda), que foram atingidas pela inundação durante as chuvas".

Imagens feitas por policiais mostraram peças destruídas dentro dos carros. Não houve vítimas no local.

Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram viaturas da PRF (Polícia Rodoviária Federal) também submersas pela água. A corporação, no entanto, não retornou à reportagem.

Tragédias anteriores

Uma tragédia de proporções semelhantes à deste final de semana no Rio de Janeiro ocorreu em fevereiro de 2023. À época, seis pessoas morreram no estado em decorrência de chuvas.

Em 2022, chuvas devastaram Petrópolis, na região serrana, deixando 235 mortos e dois desaparecidos. Antes, em março de 2013, temporais também atingiram a região serrana do Rio de Janeiro e causaram mais de duas dezenas de mortos.

Dois anos antes, em 2011, a tragédia na região foi tamanha que não foi possível contar, com certeza, o número de mortes. Oficialmente foram 918, mas não há um número consolidado de desaparecidos. As três cidades mais afetadas foram Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis.

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