Descrição de chapéu violência LGBTQIA+

Polícia investiga agressão a mulheres trans em casa de samba no Rio

Vítimas dizem ter sido espancadas por seguranças do Casarão do Firmino, na Lapa; OUTRO LADO: estabelecimento afirma estar à disposição da investigação

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Rio de Janeiro

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a agressão a duas mulheres transexuais na saída de uma casa de samba na Lapa, no centro da capital fluminense, no último dia 19. Elas afirmam ter sido vítimas de transfobia.

De acordo com a denúncia de uma das vítimas, que publicou fotos dos ferimentos nas redes sociais, elas foram espancadas por um grupo de 15 homens, entre eles seguranças do Casarão do Firmino.

Em nota, o estabelecimento disse estar à disposição das vítimas e das autoridades. "Estamos à disposição das mulheres envolvidas no caso para acolhimento, apoio e apuração dos fatos, assim como das autoridades competentes para o esclarecimento da lamentável ocorrência."

O Casarão do Firmino afirmou ainda que vai reforçar o treinamento de seus colaboradores "com o objetivo de garantir o respeito às diversidades".

A modelo e designer de moda Zuri, 25, relatou estar com diversos hematomas após ter sido agredida por um grupo de homens - @zurialm no Instagram

A modelo e designer de moda Zuri, 25, disse que tudo começou quando ela, sua irmã, que é uma mulher cisgênero, e uma amiga trans estavam na fila para sair do local.

"Fui espancada por um grupo de homens, dentre eles seguranças, ambulantes e motorista de aplicativo. Que após me retirar agressivamente do samba iniciaram uma agressão verbal com falas transfóbicas como 'pode bater que é tudo homem'", afirmou Zuri.

A jovem disse que teve o nariz quebrado e aguarda cirurgia. "Nos jogaram no chão e nos chutaram por todo o corpo, cabeça e rosto."

A amiga de Zuri, Lua, 28, que também é modelo e designer de moda, escreveu nas redes sociais que a violência teve início quando os agressores perceberam que elas eram mulheres trans.

Segundo ela, o grupo de homens começou a agredir as três meninas ao mesmo tempo, com chutes e socos, e só parou quando mulheres que estavam ao redor as ajudaram e as colocaram dentro de um táxi.

"Lembro que quando estava no chão sendo atacada eu só fechei os olhos e pedi a Deus que tirasse eu e minhas irmãs dali com vida", disse Lua. "Muitas outras como eu e Zuri não tiveram a mesma oportunidade. Eu não sou uma estatística, não fomos mais um caso que terminou em morte", completou.

Ainda de acordo com os relatos, os seguranças e ambulantes teriam feito uma barreira para não deixar o veículo passar, e agressores chegaram a bater nas vítimas pelas janelas. A irmã de Zuri ficou desacordada e precisou ser carregada por Lua.

Quando as vítimas chegaram a uma rua próxima, relataram o caso a policiais que estavam na região.

A Polícia Militar afirma que os agentes constataram que houve um tumulto entre seguranças e frequentadores da casa de samba. "Algumas pessoas chegaram a ser agredidas antes da chegada da guarnição", diz.

Os PMs então levaram os envolvidos para a 5ª DP (Mem de Sá), na Lapa, onde a ocorrência foi registrada e os suspeitos foram ouvidos, mas ninguém foi preso.

De acordo com a Polícia Civil, os investigadores agora buscam testemunhas e imagens de câmeras de segurança da região para esclarecer o caso.

Colaborou Camila Zarur

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