Interpol prende vendedor de armas do PCC e CV na Argentina

Segundo a Polícia Federal, as armas eram raspadas e repassadas a grupos intermediários

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Brasília

A Interpol prendeu nesta sexta-feira (2), na Argentina, Hernán Diego Dirisio, apontado como dono da empresa com sede em Assunção, no Paraguai, responsável pela importação de armas que eram repassadas para facções criminosas no Brasil.

Segundo a Polícia Federal (PF), depois que as armas importadas da Europa chegavam ao Paraguai, eram raspadas e repassadas a grupos intermediários na fronteira. Estes últimos as revendiam às principais facções criminosas do Brasil.

O argentino Hernán Diego Dirisio é preso na Argentina. Ele é apontado como maior traficante de armas da América Latina e fornecedor do PCC e Comando Vermelho
O argentino Hernán Diego Dirisio é preso na Argentina. Ele é apontado como maior traficante de armas da América Latina e fornecedor do PCC e Comando Vermelho - Divulgação

As investigações começaram na Delegacia de Polícia em Vitória da Conquista, na Bahia, em 2020, quando dois indivíduos foram presos em flagrante com 23 pistolas de origem croata e dois fuzis com indícios de adulteração, além de munições e carregadores.

Em dezembro, Brasil e Paraguai fizeram uma operação conjunta de combate ao tráfico internacional e armas.

Após a apreensão, uma perícia da PF apontou para a importadora no Paraguai que era responsável pela compra das armas dos países europeus —Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia.

Como a Folha mostrou, a organização criminosa tinha sete subdivisões que atuavam na compra das armas de empresas europeias, na negociação com as facções brasileiras (Comando Vermelho e PCC), na logística de envio para o Brasil e na lavagem de dinheiro —tanto a utilizada para importação pela empresa no Paraguai como a feita pelos criminosos brasileiros.

No caso da importação no Paraguai, segundo a PF, a lavagem de dinheiro era feita por meio de empresas sediadas em Miami, nos Estados Unidos. Já a lavagem pelos compradores brasileiros seria feita por meio de doleiros sediados no Brasil e no Paraguai.

Sobre os compradores brasileiros, a PF interceptou conversas entre o grupo de negociadores sediados na fronteira com integrantes da cúpula de PCC e Comando Vermelho.

Segundo o superintendente da PF na Bahia, Flavio Albergaria, a identificação dessas negociações era o principal desafio da apuração e as interceptações conseguiram estabelecer uma relação direta entre as facções brasileiras e os negociantes paraguaios.

Em um das conversas interceptadas, disse o delegado, um faccionado brasileiro fala da necessidade de armas de calibre mais grosso após ser ofertado a ele pistolas de calibre .380.

Das cerca de 40 mil armas que a empresa paraguaia importou, a PF ainda investiga quantas vieram parar nas facções brasileiras.

Desde que as investigações começaram, há três anos, a estimativa da PF é de que a empresa importou cerca de 43 mil armas para o Paraguai e movimentou R$ 1,2 bilhão.

No mesmo período, foram realizadas 67 apreensões nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Ceará, que totalizam 659 armas apreendidas.

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