Descrição de chapéu violência

Órgãos cobram de Derrite acesso a informações sobre mortes na Operação Escudo

Ouvidoria da polícia e conselho de direitos humanos ainda não receberam cópias dos boletins de ocorrência sobre a morte de soldado da Rota e outras sete pessoas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A Ouvidoria da Polícia, o Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) e o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) encaminharam ofícios distintos para o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, solicitando informações e cópias de boletins de ocorrência sobre a morte de sete pessoas durante confrontos com Polícia Militar depois do assassinato do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo, 35, na Baixada Santista.

Cosmo foi morto durante patrulhamento em uma favela de palafitas na periferia de Santos.

Os pedidos foram realizados diante da dificuldade enfrentada pelos três em obter informações complementares sobre os óbitos decorrentes de intervenção policial.

As mortes ocorreram entre a madrugada de sábado (3) e a noite de domingo (4) nas cidades de Santos e São Vicente.Os confrontos estão sendo anunciados por Derrite em suas redes sociais.

Movimentação de policiais militares do Batalhão de Ações Especiais de Polícia na Vila Baiana, em Guarujá, na Baixada Santista
Movimentação de policiais militares do Batalhão de Ações Especiais de Polícia na Vila Baiana, em Guarujá, na Baixada Santista - Danilo Verpa - 31.jul.23/Folhapress

Segundo os relatos dos históricos dos boletins de ocorrência encaminhados pela SSP, os mortos reagiram a abordagens de policiais militares.

Logo na sequência da morte do policial, confirmada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em suas redes sociais, policiais militares da capital foram enviados para cidades da Baixada para a Operação Escudo. Tal ação é colocada em prática logo após ataques a policiais, como uma forma de restabelecer a ordem.

Somente a Rota, batalhão em que Cosmo servia, se envolveu em seis das ocorrências com morte. Todas elas em Santos, mesma cidade em que o soldado foi morto.

O 3º Batalhão de Polícia de Choque Humaitá se envolveu em um caso na vizinha São Vicente.

"Para que possamos exercer as funções institucionais, estabelecidas pela citada legislação estadual, requeremos que sejam encaminhadas cópias dos boletins de ocorrência das citadas mortes. Ainda, requeremos que sejam prestadas informações acerca da instauração dos devidos inquéritos policiais decorrentes dos citados boletins de ocorrência, encaminhando-nos cópia integral de cada procedimento apuratório", diz trecho do documento encaminhado pelo Condepe, ao qual a reportagem teve acesso.

"O Condepe analisa com grande preocupação a continuidade de uma operação que é permeada por denúncias de abuso de autoridade, com intensa violência e letalidade policial. A gente entende que a melhor forma de combater o crime não é instituir uma cadeia privada de vingança", afirmou o presidente do Condepe, Dimitri Sales.

Para Dimitri o assassinato de policiais também deve pautar as instituições de direitos humanos. "A morte de policiais em combate não é algo aceitável. No entanto, também não se deve autorizar que a morte de algum policial resulte numa ação cuja finalidade é prover um ato de vingança", afirma. Segundo ele, a secretaria da Segurança deveria investir em inteligência, por exemplo, para entender por que tantos policiais estão sendo mortos nos últimos meses.

O ouvidor da polícia, Claudio Aparecido da Silva, afirmou para a reportagem ter conhecimento de ocorrências com morte, mas sem ainda ter recebido boletins de ocorrência referente aos casos.

"A Ouvidoria recebeu alguns comunicados de mortes decorrentes de intervenção policial na Baixada Santista. Todas as mortes recebidas resultarão em procedimentos para apurações e para acompanhamento", declarou.

O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) foi outro a solicitar informações sobre o fato. No ofício assinado por ele há 13 questionamentos sobre a ação no litoral. Entre eles a quantidade exata de mortes de civis e policiais, se há o uso de câmeras pelos PM envolvidos e quais os indicadores dos níveis de desempenho e eficácia da Operação Escudo.

No documento Suplicy menciona reportagem da Folha que mostrou aumento de 38% na letalidade policial no primeiro ano da gestão Tarcísio.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.