Descrição de chapéu violência

Polícia investiga atuação de facções em assassinato de sobrinho-neto de Marina Silva no Acre

Disputa entre organizações criminosas pode estar por trás do crime; 'criminalidade destrói vidas de jovens da periferia', declarou a ministra

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Manaus

A Polícia Civil do Acre investiga a suspeita de que uma disputa entre facções criminosas num bairro de Rio Branco tenha motivado o assassinato de Cauã Nascimento Silva, 19, sobrinho-neto da ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima).

O jovem foi morto a tiros na tarde da última terça-feira (6), dentro de casa. O corpo tinha quatro perfurações a bala, conforme uma perícia inicial da polícia.

Marina tornou público o homicídio numa postagem em rede social no mesmo dia do crime. Ela recebeu condolências do presidente Lula (PT) e de outros ministros do governo, como Fernando Haddad (Fazenda).

Cauã Nascimento Silva, de 19 anos, sobrinho-neto da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, teria levado ao menos três tiros depois que dois homens invadiram a casa em que ele vivia em Rio Branco (AC)
Cauã Nascimento Silva, de 19 anos, sobrinho-neto da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, teria levado ao menos três tiros depois que dois homens invadiram a casa em que ele vivia em Rio Branco (AC) - Ithamar Souza/Na Hora da Notícia

"Com imenso pesar e dor, recebo a notícia de que meu sobrinho-neto Cauã Nascimento Silva, de 19 anos, foi assassinado nesta terça-feira (6/2) em Rio Branco, no Acre", escreveu a ministra, que é acriana. "Cauã foi vítima da criminalidade que destrói vidas principalmente de jovens de bairros da periferia do nosso país."

As primeiras diligências feitas pela Delegacia de Homicídios em Rio Branco apontam a existência de uma disputa local, no bairro onde a vítima morava, entre duas facções do narcotráfico: Comando Vermelho, que surgiu no Rio de Janeiro e se espalhou por diferentes regiões, inclusive na Amazônia, e Bonde dos 13, uma organização criminosa com atuação mais local.

O bairro onde Cauã morava, Taquari, tem dominância do Bonde dos 13 e passou a sofrer um processo de invasão por integrantes do Comando Vermelho, segundo o delegado Cristiano Bastos, responsável pelas investigações na Delegacia de Homicídios.

"Algumas pessoas têm ido embora, outras resistem. O óbito tem relação com essa disputa", disse Bastos. "A maioria dos crimes em Rio Branco tem conexão com facções criminosas."

Marina Silva olha para baixo; ao fundo, um cartaz mostra uma foto aérea da Amazônia
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em evento no Planalto - Ueslei Marcelino - 5.jun.2023/Folhapress

A polícia não tem confirmação sobre participação de Cauã no Bonde dos 13 ou no Comando Vermelho. O jovem teria grupo de amigos que seriam da primeira facção, conforme o delegado, e depois passou a ser apontado como mais próximo de pessoas da segunda organização criminosa.

Duas pessoas apareceram em uma moto, aguardaram a tia de Cauã sair de casa, arrombaram a porta da frente e invadiram a casa para fazer os disparos contra o jovem. Ele tinha acabado de chegar da rua e de tomar um banho.

A polícia não identificou ou prendeu os suspeitos até o fim da manhã desta sexta-feira (9). As investigações prosseguem.

O Atlas da Violência 2023, publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostrou que a região Norte é a única a contrariar a tendência de queda de assassinatos que ocorreu a partir de 2017. A taxa de 34,7 homicídios a cada 100 mil habitantes, registrada em 2021, foi superior à taxa em 2020.

Entre as causas apontadas está a expansão de disputas entre facções de tráfico de drogas, tanto de São Paulo e Rio quanto de organizações nascidas no Norte. A disputa envolve facções na fronteira com Peru, Colômbia, Bolívia e Venezuela, segundo especialistas.

Reportagem publicada pela Folha em setembro de 2022, sobre territórios indígenas não demarcados, mostrou que a atuação de facções vai além das cidades no Acre e chega até as aldeias.

PCC e Comando Vermelho atuam em Sena Madureira (AC), a 144 km de Rio Branco, e cooptam jovens jaminawas, como a reportagem constatou na região. Em alguns casos, a cooptação de indígenas chega até as comunidades tradicionais.

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