Chiquinho Brazão cita 'ótima relação' com Marielle e diz que discordâncias sobre projeto eram simples

Deputado participou virtualmente de sessão de comissão da Câmara que analisaria seu pedido de prisão; discussão foi adiada

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Brasília

O deputado federal Chiquinho Brazão, preso no domingo (24) sob suspeita de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco, afirmou nesta terça-feira (26) que tinha uma "ótima relação" com a vereadora.

Expulso da União Brasil, Chiquinho participou virtualmente da sessão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados que analisa o seu pedido de prisão. Ele está detido desde domingo na penitenciária federal de Brasília.

Deputados assistem a telão
Em telão, deputado federal Chiquinho Brazão participa de sessão da CCJ da Câmara que analisaria sua prisão por suspeita de envolvimento no assassinato de Marielle Franco - Pedro Ladeira/Folhapress

Em sua fala de defesa, ele citou projeto de lei que a Polícia Federal apontou em seu inquérito como um dos indícios da motivação para o crime, em março de 2018. Os investigadores afirmaram que Marielle foi assassinada "por ser vista como um obstáculo aos interesses" dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, mencionando a proposta apresentada por ele quando era vereador do Rio de Janeiro.

No inquérito, a polícia destacou divergência entre Marielle e Chiquinho Brazão em uma discussão na Câmara carioca sobre projeto "idealizado para flexibilizar regras de regularização [de terras]".

"Aqui impende destacar que esse cenário recrudesceu justamente no segundo semestre de 2017, atribuído pelo colaborador como sendo a origem do planejamento da execução ora investigada, ocasião na qual ressaltamos a descontrolada reação de Chiquinho Brazão à atuação de Marielle na apertada votação do PLC n.º 174/2016", diz ainda a PF.

Nesta terça-feira, na CCJ, no entanto, Chiquinho Brazão disse que isso é uma "coisa simples demais para tomar uma dimensão tão louca".

"O tema que está sendo debatido hoje aconteceu na Câmara Municipal do Rio de Janeiro num debate. Foi um debate onde eu debatia com a vereadora, uma coisa simples. Não vejo esse elo gerando o que gerou para o mundo todo, pelo Brasil, pela simples discordâncias de pontos de vistas. Aonde eu estava lutando para aprovar o projeto de lei 174", disse Chiquinho Brazão.

"Eu, como vereador, com uma relação muito boa com a vereadora, é só entrar na Câmara municipal e pegar, ver onde ainda tiverem imagens", disse. "A gente tinha um ótimo relacionamento, só tivemos uma vez um debate aonde ela defendia área de especial interesse onde eu também defendia", completou.

Assim que acabou o tempo reservado para o seu pronunciamento, parlamentares de partidos da esquerda começaram a gritar "assassino".

Apesar da expectativa, os deputados pediram vista ao processo, adiando então a análise da prisão de Brazão no âmbito da CCJ.

Na operação da PF de domingo, também foram presos o conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Rio Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil no Rio.

No próprio domingo, a executiva nacional da União Brasil determinou a expulsão do parlamentar do partido com cancelamento de filiação partidária, numa decisão unânime entre os presentes.

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