Descrição de chapéu Obituário Michelle Spínola Dutra (1987 - 2024)

Mortes: Professora da educação especial, tinha o dom de cuidar

Michelle Spínola Dutra trabalhou por mais de uma década com alunos com deficiência

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São Paulo

Ainda muito cedo a vida exigiu que Michelle Spínola Dutra aprendesse a cuidar. Não só de si, mas também dos outros. Aos dez anos de idade, ela perdeu a mãe e dividiu com a avó materna a criação dos dois irmãos mais novos.

Se aprender a cuidar apareceu como uma necessidade, Michelle transformou o dom do cuidado era um propósito para a sua vida pessoal e profissional.

Ainda adolescente decidiu que queria ser professora e trabalhar com crianças. Seu desejo era ainda mais específico, queria atuar na educação especial, com alunos com deficiência, na mesma escola em que uma de suas tias trabalhava em Brazlândia, no Distrito Federal.

Michelle Spínola Dutra (1987 - 2024)
Michelle Spínola Dutra (1987 - 2024) - Leitor

"Ela sempre admirou muito a nossa tia e se espelhava nela no trabalho. Desde muito pequena, a Michelle dizia que queria trabalhar naquela escola", conta o irmão Rafael Spínola Dutra, 32.

Assim que terminou a faculdade, Michelle foi aprovada em um concurso público e realizou o sonho de ir trabalhar no Centro de Ensino Especial Professora Luciene Spínola, escola que levava o nome de sua tia como homenagem.

"A minha tia trabalhou a vida toda nessa mesma escola, como professora e diretora, e mudou a cara do lugar. Por isso, decidiram homenageá-la. Ela conseguiu construir piscina aquecida, recursos para as mais variadas deficiências. E a Michelle era como ela, se dedicava muito à escola", lembra Rafael.

Além do cuidado com os alunos no trabalho, um dos maiores prazeres de Michelle era ficar com os dez sobrinhos. "Ela fazia uma festa com eles, levava para casa, para jogar videogame, dava porcarias para comerem. Tudo o que os fazia felizes, ela fazia. Ela adorava cuidar deles."

Há cerca de três anos, Michelle descobriu um câncer avançado no intestino. E, mesmo quando precisava de cuidados, fez da situação uma oportunidade para cuidar de outras pessoas que estavam passando pela situação.

"Ela criou um grupo com pacientes em tratamento para câncer aqui na nossa região para que as pessoas se ajudassem. Contava sobre o que estava sentindo, como eram os procedimentos médicos, fazia piadas e trocava conselhos. O grupo ficou enorme, ela ajudou muita gente", diz o irmão.

Durante os três anos de tratamento, Michelle quis continuar trabalhando e se exercitava diariamente. Muito ativa fisicamente, ela corria assim que acordava e encerrava o dia com treinos de crossfit.

"Ela brigou até o fim para manter a vida que sempre levou, não queria abrir mão de nada. É muito difícil entender por que uma pessoa tão saudável e ativa como ela ficou tão doente assim tão cedo."

No último dia 6 de março, Michelle morreu em razão de uma pneumonia que contraiu pela baixa imunidade com o tratamento. Deixou os dois irmãos, dez sobrinhos e centenas de alunos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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