Percentual de mulheres brancas com ensino superior é dobro do registrado entre pretas ou pardas

Proporção estava em 29% e 14,7% nos dois grupos em 2022, diz IBGE

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Rio de Janeiro

O percentual de mulheres brancas com ensino superior completo é quase o dobro do registrado entre mulheres pretas ou pardas no Brasil, apontam dados divulgados nesta sexta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em 2022, 29% das mulheres brancas de 25 anos ou mais tinham concluído esse nível de escolaridade. Entre as pretas ou pardas da mesma faixa etária, a proporção era de 14,7%, segundo o instituto.

Os dados integram a terceira edição de uma síntese de indicadores sociais das mulheres, que reúne estatísticas de diferentes pesquisas.

No caso dos números do ensino superior, a fonte dos resultados é a Pnad Contínua, uma das principais publicações do IBGE. A divulgação da síntese coincide nesta sexta com a celebração do Dia Internacional da Mulher.

Tassia Cruz, professora e gerente-executiva do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV (Fundação Getulio Vargas), diz que os dados são explicados pela interseccionalidade de desigualdades.

"Essa mulher negra ou parda é fruto de diversos fatores sociais. Ela já tem problemas desde a infância, pela pobreza, que tem reflexos no desenvolvimento educacional", declara Cruz. "Depois, surgem as problemáticas de gênero, que atingem a todas, mas especialmente as negras e pobres", continua.

A desigualdade no acesso ao ensino superior também aparece entre a população masculina. Considerando os homens brancos de 25 anos ou mais, 24,9% tinham ensino superior completo em 2022. É mais do que o dobro do percentual verificado entre os pretos ou pardos da mesma faixa etária (10,3%).

Estudantes se deslocam nas proximidades de prédio da USP (Universidade de São Paulo), na capital paulista - Zanone Fraissat - 14.mar.2022/Folhapress

Mulheres ganham menos na média, apesar da escolaridade maior

Os números apontam que, no geral, as mulheres têm uma proporção maior com ensino superior completo na comparação com os homens.

Entre a população feminina de 25 anos ou mais, esse percentual foi de 21,3% em 2022. Na parcela masculina, a porcentagem estava em 16,8%.

A escolaridade maior, contudo, pode não se refletir em melhores oportunidades para as profissionais no mercado de trabalho.

Em 2022, o rendimento médio habitual de todos os trabalhos foi estimado em R$ 2.303, por mês, para as mulheres, considerando diferentes níveis de ensino.

O valor equivale a 78,9% do recebido pelos homens (R$ 2.920), também em média. No início da série histórica, em 2012, a razão era de 73,5%.

A maior diferença de rendimento em 2022 estava no grupo que o IBGE chama de profissionais das ciências e intelectuais. As mulheres recebiam o equivalente a 63,3% da média dos homens (R$ 4.600 e R$ 7.268, respectivamente).

Ao longo da série, é possível perceber um aumento na proporção de brasileiros com ensino superior completo.

Entre as mulheres de 25 anos ou mais, essa fatia cresceu de 14% em 2012 para 21,3% em 2022. Entre os homens da mesma faixa etária, a proporção subiu de 11% para 16,8%.

O percentual com ensino superior também aumentou em recortes mais detalhados. São os casos das mulheres pretas ou pardas (de 7,7% para 14,7%), das mulheres brancas (de 20,1% para 29%), dos homens pretos ou pardos (de 5,2% para 10,3%) e dos homens brancos (de 17,2% para 24,9%).

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