Descrição de chapéu violência

'Essa guerra não é nossa', diz líder comunitário de Paraisópolis após menino ser baleado

Moradores da comunidade protestam em repúdio à ação policial na quarta (17) e pedem fim da violência nas favelas

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São Paulo

Moradores de Paraisópolis se reuniram na tarde desta quinta-feira (18) no coração da favela, no cruzamento das ruas Ernest Renan e Melchior Gaiola para pedir paz e denunciar ações violentas por parte da Polícia Militar.

O ato foi chamado em desagravo a um menino de sete anos ferido no rosto na manhã de quarta-feira (17). A criança seguia para escola com a mãe quando foi ferida. Ainda não se sabe o que causou o ferimento no supercílio. A maior possibilidade que tenha sido por estilhaços de munição.

A manifestação teve início por volta das 17h. A intenção era uma caminhada até o sede do Executivo paulista, o Palácio dos Bandeirantes, vizinho da favela.

mulheres gritam e gesticulam em protesto, outras pessoas seguram cartazes. é possível ler "PARAISÓPOLIS pelo fim da violência", e paz na favela
Moradores de Paraisópolis protestam por paz após ação policial terminar com criança ferida no rosto - Bruno Santos/Folhapress

No entanto, a marcha foi suspensa após a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) ter agendado um encontro com lideranças da comunidade na próxima segunda-feira, segundo o líder comunitário Gilson Rodrigues.

"Nós não queremos essa guerra. Essa guerra não é nossa. A comunidade não tem nada a ver com isso. Não queremos que a história se repita", disse Rodrigues à Folha.

Rodrigues criticou o fato de as ações não serem organizadas pela polícia, que chega afobada na favela.

Segundo ele, 22 mil pessoas estão matriculadas em 14 escolas. Somente no entorno do coração de Paraisópolis são quatro colégios que atendem 7.000 pessoas, conforme o líder comunitário e presidente do G10 Favelas.

Durante o encontro manifestantes gritaram por justiça e pelo fim da violência nas favelas do Brasil.

Entre os presentes estava a ex-esposa de um homem morto em um tiroteio com a polícia ocorrido no mesmo tempo em que Tarcísio fazia uma visita à favela na época da eleição.

Ana Paula Batista, 29, disse que, passado um ano e sete meses da morte, a família ainda não teve uma resposta do governo. "Queremos justiça", declarou.

Na quarta, o ouvidor das polícias de São Paulo, Claudio Aparecido, classificou a operação como "desastrosa". Para ele, a PM deveria ter calculado os riscos de fazer a operação num horário de grande concentração de pessoas nas ruas, de entrada escolar.

O advogado André Lozano, que faz a defesa do garoto, afirmou que a ação foi "no mínimo ilegal, para não dizer criminosa". Ele também criticou o prazo dado para a PM divulgar as imagens das câmeras corporais dos policiais envolvidos na ação, que serão liberadas apenas após a conclusão do inquérito. Para ele, trata-se de uma tentativa de "esfriar o assunto".

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