PM que atuava na região da cracolândia é condenado a 11 anos de prisão por tráfico

OUTRO LADO: Em manifestação no processo, defesa do soldado negou a acusação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O soldado da Polícia Militar Geovany Jorge Alves da Silva Junior, 38, foi condenado a 11 anos de prisão pelos crimes de tráfico e associação para o tráfico. Em manifestação no processo, a defesa do PM nega a acusação.

Silva Junior foi preso em 17 de agosto de 2023 por PMs da Rota durante uma ação em uma oficina mecânica na alameda Dino Bueno, no centro de São Paulo, quando foram encontradas porções de maconha dentro de um veículo que seria dele.

A oficina fica a poucos metros da concentração de dependentes químicos conhecida como cracolândia e a poucos passos do 13° batalhão, onde o PM servia como motorista do tenente-coronel comandante da unidade.

A investigação à época afastou a possibilidade de o comandante da tropa saber do esquema ilícito. Cerca de uma mês após a Folha revelar o caso, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) trocou o comando do 13° batalhão.

Movimentação de usuários de drogas na região conhecida como cracolândia
Movimentação de usuários de drogas na região conhecida como cracolândia - Danilo Verpa - 16.ago.23/Folhapress

Silva Junior ingressou na PM há oito anos. Ele já estava preso no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital, aguardando julgamento.

Procurada, a Polícia Militar afirmou que todas as circunstâncias relacionadas aos fatos foram investigadas por meio do Inquérito Policial Militar.

A ação na oficina também resultou na prisão de um mecânico de 31 anos, apontado responsável pelo imóvel onde havia cerca de 3,2 kg de maconha. Ele foi condenado a oito anos de prisão. A defesa nega que ele tenha cometido o crime, conforme o processo.

O escritório de advocacia que defende o soldado Silva Junior pediu sua absolvição. "O interrogado nega peremptoriamente a prática criminosa, de modo ainda que, quando da sua prisão em flagrante, nenhuma substância entorpecente foi encontrada em sua posse", diz trecho do documento. Para a defesa a única ligação do soldado com as drogas foi a palavra do mecânico.

Já a defesa do mecânico sustentou que seu cliente deveria ser absolvido por não haver prova suficiente para a condenação e afirmou que a droga pertenceria ao policial militar. A reportagem não conseguiu contato com os advogados citados no processo.

Para a Promotoria, a quantidade de droga apreendida indica que as partes estariam "articuladas com rede de crime organizado que mantém e abastece pontos de venda de entorpecentes na cidade", de acordo com trecho do processo.

Segundo a denúncia elaborada pelo Ministério Público e encaminhada à Justiça, ambos se associaram com a finalidade de armazenar porções de maconha.

A investigação indica que o PM era responsável por conseguir a droga e levar até a oficina, onde a maconha era escondida dentro de veículos que ficam no estacionamento.

De acordo com o Ministério Público, o flagrante ocorreu depois que policiais militares receberam uma denúncia de que Jesus estaria usando carros deixados na oficina para guardar drogas.

A queixa teria chegado ao serviço de inteligência da Rota, que foi até o local e abordou o mecânico. Com a ajuda de cães farejadores foram localizados quatro tabletes de maconha sob o banco de um carro e uma porção dentro de um outro veículo. Na oficina também foi encontrada uma balança de precisão.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.