Stock Car em BH vai prejudicar atendimento de hospital veterinário e atrapalhar trânsito, diz UFMG

Maior preocupação é o barulho; organizador ofereceu barreiras acústicas, mas solução não foi aceita

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Belo Horizonte

Uma prova do campeonato de Stock Car a ser realizada em Belo Horizonte vai prejudicar o atendimento de um hospital veterinário e atrapalhar o trânsito diário de 20 mil pessoas da comunidade acadêmica da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). A previsão do impacto é da instituição de ensino.

O circuito, de 3,2 quilômetros, será montado em frente a parte do campus da universidade, na Pampulha, região norte da capital, no entorno do estádio Mineirão. A etapa do campeonato está marcada para 18 de agosto, um domingo. Toda a organização da corrida, porém, vai demandar 15 dias, sendo dez para montagem da pista e cinco para desmontagem.

A projeção do circuito que será montado em Belo Horizonte próximo à UFMG e ao Mineirão para disputa de etapa de Stock Car, em agosto - Divulgação/Stockproseries.com.br

A maior preocupação em relação aos animais do hospital é por conta do barulho dos carros. "É uma área hospitalar", afirma a reitora da UFMG, Sandra Goulart, que reclama também de não ter sido procurada pela prefeitura para discutir a realização da corrida na região.

Conforme a reitora, somente quando procurou se informar sobre o evento é que a prefeitura entrou em contato. O município afirma se tratar de um evento privado e que é responsável apenas pelas obras de adaptação na região para uso da área como circuito automotivo temporário.

O organizador da prova em Belo Horizonte, Sérgio Sette Câmara, dono da Speed Seven, diz ter apresentado uma solução para o barulho, que seria a instalação, pela empresa, de barreiras acústicas. A UFMG afirma não haver confirmação de que o uso desses equipamentos resolveria o problema.

Com o impacto previsto, a UFMG acionou o MPF (Ministério Público Federal), que apura as consequências da realização da prova na região.

O Hospital Veterinário da UFMG realiza 35 mil atendimentos por ano, entre consultas, cirurgias, exames de imagem e laboratoriais de animais domésticos e de porte maior, como bois e cavalos. A preocupação é em relação ao barulho, além das dificuldades de acesso.

A unidade faz ainda uma série de pesquisas, com camundongos, por exemplo, estudos que, segundo a reitora, podem ser afetados por perturbação aos animais. "A UFMG não é contra a realização da prova em Belo Horizonte, mas ela não pode acontecer num espaço como o entorno da universidade", diz Sandra Goulart.

Faixas contra a prova de Stock Car na Pampulha foram colocadas em passarelas de avenidas de Belo Horizonte - Divulgação - 21.mar.24/Coletivo Alvorada

Além da entrada do hospital veterinário, a pista vai passar perto de outros três acessos da UFMG, por onde circulam alunos, professores e funcionários da escola a pé ou em veículos. "Vinte mil pessoas circulam pela UFMG por dia", diz a reitora.

O organizador da prova afirma que o impacto da realização da prova na região não será tão grande. "Do evento mesmo, com testes, qualifying e a corrida, serão apenas quatro dias, quinta, sexta, sábado e domingo. Sendo que quinta é feriado", afirma Sette Câmara. Na data é comemorado na capital o Dia de Assunção de Nossa Senhora.

O responsável pela organização da competição na cidade diz ainda que, durante esses quatro dias, os motores dos carros funcionarão, no total, durante apenas cinco horas.

Escola de Veterinária da UFMG, onde a escola mantém um hospital para atendimento a animais domésticos e de maior porte como bois e cavalos. - Divulgação/UFMG

Sette Câmara afirmou que a escolha da região ocorreu por se tratar de um cartão postal da cidade. Na Pampulha, além do Mineirão, está a Igreja de São Francisco de Assis, a Casa do Baile, o Iate Clube, todos pertencentes ao conjunto arquitetônico elaborado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.

Prova polêmica

A realização da competição em Belo Horizonte já coleciona polêmicas. Para montagem da pista, que passa perto também do Mineirão, foram arrancadas 63 árvores de grande porte.

A Justiça, em liminar em primeira instância, chegou a proibir a derrubada no final de fevereiro, em ações movidas pelo vereador Pedro Patrus (PT) e a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT). O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, porém, derrubou a liminar.

A derrubada das árvores foi aprovada pelo Comam (Conselho Municipal do Meio Ambiente). Como medida compensatória, a prefeitura se comprometeu a plantar, até a realização da prova, 688 árvores em outros pontos da Pampulha.

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