El Niño chega ao fim e La Niña deve se formar no país até setembro; entenda

Mudança dos fenômenos climáticos inverte o clima no Brasil, com chuva no Norte e Nordeste e seca no Centro-Oeste e Sul

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São Paulo

Em boletim divulgado nesta quarta-feira (12), o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) comunicou o fim do fenômeno El Niño, que se caracteriza pelo aquecimento acima do normal das águas do oceano Pacífico equatorial, impactando em mudanças climáticas em todo o mundo.

No Brasil, os principais efeitos são clima seco no Norte e Nordeste e aumento das chuvas no Sul, justamente o que foi observado desde o início de 2023, além das ondas de calor acima da média.

A partir de agora, no entanto, outro fenômeno está chegando: o La Niña, que tem efeito oposto ao El Niño, uma vez que diminui a temperatura das águas do Pacífico. Segundo o instituto, projeções estendidas do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Clima e Sociedade, da NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA), indicam que o La Niña tem 69% de probabilidade de se formar até setembro.

Ambientalistas mostram baixo nível do rio Miranda, no distrito de Águas do Miranda, em Bonito (MS), como consequência da seca no Pantanal neste ano
Ambientalistas mostram baixo nível do rio Miranda, no distrito de Águas do Miranda, em Bonito (MS), como consequência da seca no Pantanal neste ano - Gustavo Figuerôa - 20.mar.24/SOS Pantanal

Assim, a tendência é ter chuvas acima da média em áreas das regiões Norte e Nordeste, e abaixo da média nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil a partir de outubro. Além disso, outra característica desse fenômeno é provocar frio mais intenso. No entanto, ainda é cedo para tentar prever a intensidade desses efeitos.

"O fenômeno deve se desenvolver na segunda metade deste ano. Então, ainda é difícil saber com precisão quais serão os impactos na temperatura e nas chuvas, porque isso vai depender de fatores como onde se localizarão as maiores anomalias de temperatura no oceano Pacífico, como será a configuração do oceano Atlântico e outros fatores", explica Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações e Modelagem do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Desastres Naturais).

Um dos locais que mais sofrem com o La Niña é o pantanal, no Mato Grosso do Sul, bioma que costuma sofrer com a seca e incêndios florestais. Este ano, já está atraindo a atenção das autoridades climáticas. A bacia do rio Paraguai, formadora do Pantanal, persiste em situação de seca na principal estação de monitoramento, Porto Murtinho.

"Espera-se uma situação de degradação da vegetação e risco alto de incêndios para o período final da estação seca", afirma Seluchi.

O boletim, que é feito em parceria do Inmet com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) e o Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastre), analisou os principais efeitos do El Niño no país desde o início de 2023.

"O El Niño deste período foi classificado como de intensidade moderada a forte e, embora não tenha sido o mais intenso já registrado, seus impactos foram significativos e com efeitos variados nas diferentes regiões do país", destaca o texto.

O monitoramento realizado de junho de 2023 a abril deste ano observou que áreas com seca aumentaram e a gravidade da seca passou de fraca a extrema em algumas áreas da região Norte. No Nordeste ocorreram áreas com seca grave, que retrocederam a partir de março de 2024, mas que atualmente já apresentam chuvas de moderada a forte.

No Sul, o principal efeito foram as três grandes enchentes na região, em setembro e novembro de 2023 e maio deste ano, que provocou a maior tragédia do Rio Grande do Sul.

No Sudeste, segundo o relatório, já se observam estações meteorológicas em situação de estiagem na bacia do rio Doce, entre Minas Gerais e Espírito Santo, e do rio Paraíba do Sul, em São Paulo.

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