Descrição de chapéu Obituário Flavia Bohone (1978 - 2024)

Mortes: Enfrentou e venceu duras batalhas durante a vida

Flavia Bohone foi responsável pela formação e desenvolvimento de muitos jornalistas

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Camila Dias

A tatuagem de uma fênix no antebraço direito anunciava o que todos que conviviam com ela já sabiam: se Flavia era seu nome, resiliência era seu sobrenome. Depois de vencida a primeira etapa do que viria a ser uma longa jornada na luta contra um câncer, ela tatuou o pássaro da mitologia grega capaz de ressurgir das próprias cinzas após morrer em autocombustão.

Não havia nada mais simbólico que isso. Foram muitos os renascimentos na vida da jornalista.

Filha única, a paulistana ficou órfã de pai com apenas 12 anos e entendeu muito cedo o quanto precisava estar preparada para enfrentar as adversidades futuras. Academicamente era brilhante e rapidamente se tornava expert em tudo a que se dedicava a aprender. Além de ser fluente em inglês, estudou alemão e havia iniciado o espanhol recentemente. Percorreu uma carreira sólida e consistente, deixando marcas e muitos amigos por onde passou.

Uma mulher com cabelos castanhos e uma blusa rosa sorri para a câmera
Flavia Bohone (1978 - 2024) - Taís Medri

De ética inabalável, se descobriu uma grande gestora de pessoas. Foi responsável pela formação e desenvolvimento de muitos jornalistas que brilham hoje no mercado.

Reservada na vida pessoal, selecionava com muito cuidado quem queria por perto. Era dona de um humor ácido e preciso, e tinha sempre as melhores respostas para qualquer pergunta. Fazia piada até com a equipe médica que cuidou dela nos últimos meses, mesmo nos momentos mais difíceis.

Curadora dos melhores GIFs, sabia como ninguém se comunicar por eles. Podia ver beleza até onde não parecia ser possível e sempre encontrava tempo para apreciar uma xícara de um bom chá verde, seu favorito.

Nutria algumas paixões. A maior delas, a filha Nina, motivo de orgulho e admiração —a primeira tatuagem de Flavia, no mesmo braço da fênix, era o nome da filha dentro do símbolo do infinito. Era amante do cinema também, com especial apreço pelos filmes europeus e asiáticos e ainda maior por filmes alemães, japoneses e finlandeses.

Uma mulher sorridente exibe uma tatuagem no braço esquerdo, vestindo uma blusa roxa que complementa sua expressão alegre
A tatuagem da Fênix, ave da mitologia grega que era o símbolo de Flavia Bohone - Taís Medri

A Finlândia, por sinal, estava entre os lugares preferidos da Flavia, que amava tanto viajar pelo mundo. Em setembro último, esteve lá pela segunda vez, para assistir a um show da sua banda de rock favorita, Poisonblack, que encerrava a carreira por lá naquela ocasião.

Na literatura, tinha uma boa lista de autores favoritos e sonhava com o dia em que diria, pessoalmente, ao escritor Valter Hugo Mãe o quanto o admirava. O livro "Deus na Escuridão", lançado recentemente por ele, está lacrado na estante desta repórter. O presente que ela amaria receber, mas que não chegou a ser entregue.

Flavia Bohone morreu no dia 3 de junho, aos 46 anos. Deixa a filha Nina e uma saudade gigantesca que não tem fim.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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