Descrição de chapéu Obituário Daniel Japiassu Lins (1972 - 2024)

Mortes: Jornalista, viveu cercado da família, de música e literatura

Daniel Japiassu ouviu música clássica quando era recém-nascido e despediu-se aos versos de García Lorca

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São Paulo

Quando Daniel Japiassu Lins veio ao mundo, foi recebido com música clássica. Seu pai costumava colocar fones de ouvido no bebê de poucos meses para que escutasse a sonata "Adagio", escrita pelo italiano Remo Giazotto e atribuída ao compositor veneziano Tomaso Albinoni.

Alguns anos mais tarde, quando já tinha aprendido a andar e a falar, Daniel ouviu o mesmo som dos violinos em casa e disse: "conheço essa música". A memória da criança causou algum espanto.

Filho único dos jornalistas Moacir Japiassu e Marcia Lobo, cresceu em Cerqueira César, na região central de São Paulo, e passou a infância rodeado de arte. De pai paraibano e mãe carioca, tornou-se um vascaíno apaixonado —criando uma pequena rusga com a avó materna, flamenguista fanática com quem tinha uma relação especialmente carinhosa.

Um posa para foto ao ar livre. A mulher, com óculos e cabelos castanhos, beija a cabeça do homem, que sorri para a câmera. Ele usa uma camisa xadrez e tem uma barba grisalha curta. Ao fundo, pode-se ver plantas e parte de uma estrutura residencial,
O jornalista Daniel Japiassu (1972 - 2024), ao lado da mulher, Larissa Purvinni - Larissa Purvinni

Herdou de Moacir, além do amor pelos livros, o humor sarcástico. Ainda jovem, Daniel seguiu os passos dos pais no jornalismo.

Era curioso, um leitor ávido e revisor minucioso. No processo seletivo para trabalhar no caderno de informática da Folha, um entrevistador lhe perguntou se ele entendia de "redes". Daniel respondeu que sim e passou a noite lendo uma revista especializada em redes de informática.

Chegou ao jornal no dia seguinte sabendo responder tudo sobre o assunto. Foi contratado e trabalhou um ano como freelancer, de março de 1995 a março de 1996.

Ele tinha 24 anos quando conheceu a jornalista Larissa Purvinni, que trabalhava nos cadernos Folhateen e Fovest. Com seu olho atento, ajudava a equipe de Larissa a revisar erros antes de o jornal ser enviado para a gráfica.

Começaram a namorar durante uma festa com colegas do jornal. "Por que você não aproveita e já conhece minha família?", ela brincou, ainda durante a festa. No mesmo dia, ele deu uma carona à nova namorada até Campinas, a 90 quilômetros de distância, onde a família dela morava.

Cerca de três meses depois, estavam morando juntos. A união foi celebrada na casa de uma colega, Noelly Russo, com direito a bonequinhos de noivo e noiva em cima do bolo. Ricardo Feltrin tocou a marcha nupcial no piano. Daniel e Larissa nunca casaram-se oficialmente no papel. Tiveram três filhas.

Japiassu começou a carreira no Jornal da Tarde, onde foi repórter do guia Divirta-se e subeditor do Caderno de Sábado, dedicado a resenhas literárias. Trabalhou para revistas como Claudia, Nova, Conecta, Carta Capital e Época antes de chegar ao jornal o Estado de S. Paulo, do qual foi editor da coluna "Direto da Fonte", de Sonia Racy.

Fascinado por música brasileira, aprendeu com as filhas a gostar de Panic at the Disco, My Chemical Romance e outros artistas de sucesso.

No último dia de vida, Larissa leu para Daniel poemas de Federico García Lorca, que ele amava. Ele morreu no dia 21 de maio, aos 52 anos, pelo agravamento de um melanoma que ele descobriu no início do ano passado, deixando a mãe, Marcia, a mulher, Larissa, e as filhas Anna Carolina, Maria Eduarda e Bárbara.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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