Descrição de chapéu Obituário Maura Jurdino Silva (1935 - 2024)

Mortes: Foi a matriarca da Folia de Reis no morro Santa Marta, no Rio

Dona Maura se tornou chefe das pastorinhas da festa e juntava família para almoço com música aos domingos

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São Paulo

De família Silva o Brasil está cheio, mas quem perguntasse por esse sobrenome no Santa Marta, morro em Botafogo, na zona sul carioca, chegaria à casa da dona Maura. O local servia, inclusive, como ponto de referência para encontrar estabelecimentos e outras casas.

Quem passasse por ali no começo da tarde de um domingo poderia receber de dona Maura um convite para almoçar. Assim, toda refeição virava um encontro, que terminava com muita toada, como se chamam as músicas da Folia de Reis.

Depois de ter cozinhado para um batalhão de filhos, netos, bisnetos e chegados, dona Maura fazia questão de cantar com a mesma empolgação de sua primeira folia, nos anos 1970.

A imagem mostra uma senhora sorridente sentada em um sofá vermelho. Ela está usando uma blusa estampada com flores azuis e brancas e um colar de contas laranja. Ao fundo, há uma parede branca.
Maura Jurdino Silva (1935 - 2024) - Arquivo pessoal

Maura Jurdino Silva chegou nos anos 1960 ao Santa Marta com o marido, o músico José Silva, mais conhecido como José Diniz.

Com os filhos, dona Maura se juntaria a ele na Folia de Reis Penitentes do Santa Marta, no fim daquela década.

A tradição homenageia os três reis magos que anunciaram o nascimento de Jesus Cristo. Desde que se uniu à folia, dona Maura nunca mais a largou.

"Era pastorinha, era baiana de escola de samba, em toda a parte cultural ela estava envolvida", diz o neto Ronaldo Silva Junior, 46, que também integra a Folia de Reis Penitentes do Santa Marta e é filho do atual mestre.

Ela se equilibrava entre o trabalho de empregada doméstica e a criação dos filhos com Diniz, segundo o filho Itamar Silva, 68. "Ela era protagonista, acompanhava meu pai em todos os sambas e tinha lugar de destaque como pastorinha da Folia de Reis."

Quem também se encantou com dona Maura foi a fotógrafa Zô Guimarães, que começou registrando a folia e virou amiga da matriarca.

"Ela gostava muito de uma cervejinha e de recepcionar as pessoas na casa dela. Daí bastava pegar uma garrafa no bar em frente à casa, dois copos na cozinha e passar a tarde conversando sobre a folia."

Mas o neto Ronaldo Junior garante que cerveja, para dona Maura, era só depois do meio-dia. A regra era seguida religiosamente, assim como era mantida a estrutura para a imagem de São Sebastião.

"A estátua, que também é usada na procissão durante a folia, ficava na escada para o quarto da minha avó. Sempre que alguém passava ela perguntava se a luz sobre ela estava acesa."

Dona Maura só deixou de sair para a folia quando o Alzheimer avançou, há pouco mais de dois anos. Mas ainda acompanhava os ensaios na sua casa.

Maura Jurdino Silva morreu em 26 de junho, aos 88 anos, por complicações de um acidente vascular cerebral. Deixa quatro filhos, 14 netos, nove bisnetos e toda a comunidade do Santa Marta.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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