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Começa o novo julgamento da 'bruxa de Guaratuba'
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ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA
Começou nesta sexta-feira (27) o novo júri de Beatriz Cordeiro Abagge, acusada de matar o menino Evandro Ramos Caetano, 6, num ritual de magia negra no Paraná, em abril de 1992.
Beatriz e sua mãe, Celina Abagge, também acusada pelo crime, já haviam sido julgadas e absolvidas em abril de 1998, no que foi então o júri mais longo da história do país (durou 34 dias). Mas o júri foi anulado a pedido do Ministério Público.
Beatriz e Celina ficaram conhecidas como 'as bruxas de Guaratuba', cidade em que moravam e da qual Aldo Abagge, pai de Beatriz, era prefeito.
As duas, além de outros cinco acusados, confessaram o crime na época e disseram que haviam matado o garoto para obter 'fortuna e justiça', mas depois afirmaram que só o fizeram porque foram torturadas. Aldo Abagge teve a casa depredada e foi cassado. Beatriz e Celina passaram quatro anos presas.
No decorrer do processo, foram levantadas dúvidas sobre as investigações, que são qualificadas pela defesa de Beatriz como 'a maior fraude da história do Judiciário paranaense'. Entre elas, está a de que o corpo encontrado pela polícia não é o de Evandro Caetano --tese que é sustentada por alguns dos peritos que trabalharam no caso.
Um deles, por exemplo --o perito Arthur Drischel, que depôs no julgamento de hoje--, afirma que a altura do corpo (1,19 m) não é compatível com a de um menino de seis anos, e que as lesões que tinha não foram produzidas por um facão (arma que, segundo as confissões, foi utilizada para matar Evandro).
Foi por causa dessa dúvida que Beatriz e Celina foram absolvidas no primeiro julgamento, em 1998. O Ministério Público, porém, que tem convicção da culpa dos acusados, recorreu da decisão e conseguiu anular o júri em 2003 porque 'os jurados decidiram de forma contrária à prova do processo'.
Celina Abagge não irá a julgamento porque o tempo estabelecido em lei para isso prescreveu.
JÚRI
Hoje, foram ouvidas sete testemunhas --três de acusação e quatro de defesa. Por volta de 18h, foi iniciada a leitura das peças do processo e, em seguida, a ré Beatriz Abagge deve ser ouvida. É possível que o julgamento seja interrompido e continue amanhã. A expectativa é que o júri dure até três dias.
A defesa atribui toda a responsabilidade do caso a Diógenes Caetano dos Santos --um parente de Evandro que era opositor político de Aldo Abagge e hoje é engenheiro civil em Guaratuba. Foi ele quem fez as denúncias que levaram à prisão de Beatriz, Celina e dos outros cinco acusados.
Já o Ministério Público sustenta que está comprovado que o corpo encontrado é de Evandro (porque há laudos de DNA que o afirmam) e que há outras provas além da confissão que apontam a autoria do crime (como depoimentos e provas periciais). Sobre a tortura, os promotores afirmam que uma perícia feita nas rés não apontou lesões corporais.
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