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Ribeirão Preto
"Não quis arriscar minha vida", diz Doni no retorno ao Botafogo-SP
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IGOR RAMOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO
O desejo de voltar para o Brasil, mas principalmente o medo de morrer em campo por causa de uma arritmia cardíaca detectada em exames feitos na Europa, pesaram na decisão do goleiro Doni em retornar ao país com a possibilidade de encerrar a carreira vestindo a camisa do Botafogo-SP, clube que o revelou, em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).
"Vi muita gente morrendo e isso pesou muito na minha decisão. Não quero arriscar minha vida. Com 33 anos hoje eu conquistei tudo o que queria, ganhei dinheiro para dar conforto à minha família e decidi voltar e vou parar" disse Doni, após a sua apresentação na tarde desta sexta-feira (1º) no estádio Santa Cruz.
Márcia Ribeiro/Folhapress | ||
Doni, ex-Liverpool, fala durante coletiva na apresentação como novo jogador do Botafogo de Ribeirão Preto |
O goleiro, porém, mostra otimismo na recuperação e ensaia uma despedida no Campeonato Paulista em 2014 pelo time de Ribeirão Preto.
"Nos últimos exames foi vista uma recuperação. E pode ser que após os outros que farei no meio do ano eu seja liberado, mas não sei com certeza. Terei que esperar e nesse período não vou treinar. Se der tudo certo eu volto aos treinos em setembro e jogo o Paulistão do ano quem e depois paro de vez", afirmou.
DRAMA
Após viver um bom momento na Roma, que culminou com a convocação para a Copa do Mundo da África do Sul, a vida de Doni mudou ao se transferir para o Liverpool.
Além das poucas oportunidades no time inglês, o jogador viveu um verdadeiro drama e chegou a temer pela vida quando sofreu a parada cardiorrespiratória durante uma avaliação clínica no clube.
"Pensei em voltar para o Brasil e passei por um momento difícil depois disso tudo. Aí o médico disse que não tinha nada que pudesse tomar uma decisão de me impedir de jogar, mas garantiu que não assinaria nada autorizando eu jogar. Ele me falou que com o tempo eu vou melhorar, mas que não daria garantias para eu entrar em campo", contou.
Segundo Doni, a arritmia foi detectada desde o período em que jogou pelo Santos e foi acompanhada no Juventude-RS e na Roma.
"Foi feito o primeiro exame no Santos, e que mostrou essa arritmia, mas que era normal. Desde então em todos os clubes eu venho acompanhando. Até chegar no Liverpool. No ano passado, em um controle de rotina apareceu uma arritmia diferente onde ficaram um pouco preocupados e resolveram fazer um estudo mais profundo", afirmou.
*
Folha - Qual foi o momento em que você tomou a decisão de voltar ao Brasil e parar?
Doni - Foi após esse dia da avaliação médica no Liverpool. Com dez minutos de exame eu tive uma parada cardiorrespiratória, cardíaca, não sei o termo correto. Fiquei uns 25 segundos desacordado, e depois disso minha vida mudou. Eu segui fazendo mais exames. Rodei toda Europa. Fiz exames em Londres, em Milão, onde felizmente não foi apontada nenhuma sequela. Fiquei um tempo muito mal e confesso que não vi quase nada de futebol.
O medo de morrer em campo, como já ocorreu com alguns jogadores, pesou nessa decisão?
Vi muita gente morrendo. Isso pesou muito na minha decisão, além da família. Não quero arriscar minha vida. Mas eu acredito na recuperação e se tiver essa liberação dos médicos eu volto a treinar. Por enquanto vou ficar apenas brincando com os amigos e fazendo academia (risos).
Por que uma possível volta ao Botafogo?
Eu já conquistei o suficiente na minha vida, dinheiro para dar conforto a família e aí entrou essa possibilidade do Botafogo. Eu procurei o Rogério (Barizza, vice-presidente) e disse que queria ainda jogar pelo Botafogo e encerrar a carreira aqui. Não quero receber nada do clube. Esse ano vou continuar fazendo exames e se tiver esse ok, espero estar disputando o Paulistão do ano que vem. Seria uma chance de retribuir tudo o que o clube me proporcionou.
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