Descrição de chapéu Coronavírus

Pegas de surpresa com liberação, escolas particulares correm para voltar às aulas com 100% dos alunos

Doria anunciou nesta quarta (7) o fim da restrição de atendimento na educação básica

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Pegas de surpresa com o fim do limite de alunos, escolas particulares de São Paulo correm para se organizar e iniciar o segundo semestre letivo com aulas presenciais todos os dias para todas as séries.

O governo João Doria (PSDB) publicou decreto, nesta quarta (7), retirando o limite de 35% de atendimento presencial, que obrigava as escolas a adotar rodízio de turmas. Com a mudança, as unidades poderão definir a quantidade de alunos desde que respeitem o distanciamento de 1 metro nos espaços escolares.

Dentro de uma sala de aula, imagem em close mostra os braços de uma criança sentada em uma carteira escolar apoiando os braços sobre a mesa e escrevendo em um papel.
Alunos durante aula na escola estadual Major Marcelino, na zona norte de SP - Rivaldo Gomes 5.mai.2021/Folhapress

Desde o início do processo de reabertura das escolas, a gestão Doria afirmava que o retorno dos alunos ocorreria de forma gradual, de acordo com as fases do Plano São Paulo. Em maio, no entanto, o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, anunciou que pretendia acabar com os limites de ocupação nas unidades para acelerar a volta às aulas.

O governo paulista tem empenhado esforços para que mais alunos voltem a frequentar as aulas presenciais; o principal desafio, no entanto, continua sendo o retorno nas escolas públicas.

“Causou surpresa a mudança, porque, até então, havia a orientação de ampliar o atendimento progressivamente. Como sempre seguimos as recomendações estaduais, vamos nos organizar agora nas férias para atender 100% em agosto”, diz Luciano Egewarth, diretor do colégio Humboldt, em Interlagos, na zona sul da capital.

A escola estava atendendo os alunos em rodízio. As turmas de educação infantil e do 1º ao 5º ano do ensino fundamental iam presencialmente 2 vezes por semana. As do 6º ao 9º ano e ensino médio, 3 vezes.

O planejamento agora é para receber todas as séries todos os dias a partir de agosto. “Temos um espaço privilegiado, salas grandes e arejadas, por isso, conseguimos nos organizar rapidamente para atender todos os protocolos.”

Como algumas famílias antes das férias ainda não tinha optado pelo retorno presencial, o diretor explica que a principal dificuldade é organizar a continuidade do ensino remoto para parte dos alunos.

Os colégios Carandá e Pueri Domus, ambos na zona sul, também vão retomar o segundo semestre com atendimento presencial para 100% dos alunos. A direção dos colégios diz que vai fazer uma consulta aos pais no fim das férias para identificar se há casos de estudantes que permanecerão apenas com o ensino a distância para poder oferecer as duas modalidades.

“Ainda que uma minoria opte por continuar com o ensino remoto, nós teremos que respeitar a decisão e oferecer a mesma condição de aprendizado. Vamos encontrar uma forma de organizar a oferta desses dois modelos”, diz Deivis Pothin, diretor da unidade Verbo Divino do Pueri Domus.

O governo estadual estuda tornar a volta presencial obrigatória no próximo semestre, mas há o receio de que a medida prejudique ainda mais os alunos mais vulneráveis. Com a obrigatoriedade, estudantes que não se sentem seguros ou não querem retornar às aulas presenciais poderiam abandonar de vez a escola.

Em janeiro, a Secretaria estadual de Educação aprovou diretriz que determinava a oferta de ao menos um terço das aulas de forma presencial, com frequência obrigatória dos alunos. A regra foi retirada após a piora da pandemia no estado.

“A obrigatoriedade nesse momento pode não ajudar no retorno. É um momento de acolher, de dar confiança às famílias. Não podemos correr mais risco de o aluno abandonar a escola”, disse Hubert Alquéres, membro do Conselho Estadual de Educação.

Segundo ele, a obrigatoriedade pode voltar a ser discutida ao longo do próximo semestre, a depender do ritmo e adesão do retorno às escolas.

Para os diretores de escolas particulares, a regra de frequência obrigatória pode não ser necessária já que muitas famílias optaram pelo retorno presencial ainda no primeiro semestre.

“Os pais querem que os filhos voltem e sentem segurança no nosso ambiente. Nós fizemos malabarismo nos primeiros meses desse ano para atender a todos com tanta limitação”, diz Diane Cundiff, diretora do colégio Santa Maria, na zona sul da cidade.

O colégio vai atender 100% dos alunos ainda em agosto, mas diz que as duas primeiras semanas de retorno às aulas ainda terão rodízio para que os protocolos e a logística possam ser ajustados ao maior fluxo.

No colégio Santa Cruz, na zona oeste da capital, também haverá uma fase de transição para algumas turmas antes de alcançar o atendimento presencial 100% a todos os alunos.

“Já havia uma adesão grande das famílias antes das férias. Agora, com os professores vacinados, acredito que esse número aumente”, diz o diretor Fabio Aidar.

Apesar da liberação e do avanço da vacinação no estado, gestores, professores e especialistas temem que uma nova piora da pandemia possa novamente atrapalhar a retomada das atividades. A circulação de novas variantes do vírus, como a delta, ainda deixam os educadores em alerta.

Esse temor também tem feito com que alguns colégios optem pela progressiva no segundo semestre.

O Gracinha, por exemplo, vai ampliar a quantidade de dias de frequência presencial das turmas. Em setembro, quando todos os profissionais tiveram completado a imunização com as duas doses da vacina, a direção irá reavaliar a possibilidade de ampliar para o atendimento diário de todos os alunos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.