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Pós-graduação online fica mais interativa para reforçar networking

Com alta demanda, cursos têm incremento de metodologia e tecnologias

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São Paulo

Com a alta do formato digital na pandemia, instituições de ensino investiram para deixar mais interativas e dinâmicas as aulas de pós e MBAs —e, por tabela, ajudar o aluno a colocar em prática o networking online.

Quando decidiu ingressar em uma pós a distância em sua área em maio de 2020, uma das preocupações de Martim Cohen, 29, coordenador de marketing, era conseguir fazer trocas profissionais com colegas.

Colagem em diferentes cores mostra uma composição com diferentes imagens: homem sentado vendo um computador, abaixo, uma mão segurando livros e à esquerda telas de computador
Maicon Silva

"No início, a interação digital é uma barreira. Na vida normal, você se conectaria com as pessoas no coffee break", diz ele, aluno da pós em marketing e nova economia da Saint Paul Escola de Negócios.

Mas foi a dinâmica de aprendizado com atividades em grupo dentro e fora da classe que, segundo Martim, incentivou o contato entre colegas. "No primeiro momento, você se força um pouco a falar. Mas, no fim do curso, já tinha um grupo com quem gostava mais de trabalhar e trocar perspectivas."

Com a pandemia, a Saint Paul Escola de Negócios, com sede em São Paulo, expandiu sua oferta de pós e MBAs a distância e intensificou o uso da metodologia de sala de aula invertida para incentivar o engajamento das turmas.

No método, alunos antecipam o conteúdo por meio leitura e vídeos de apoio. Assim, professores podem reservar mais tempo para dúvidas e atividades em grupo, diz Bianca Sincerre, vice-reitora da instituição.

"Na aula, a primeira coisa é colher feedback do tema, para não falar mais do mesmo. E, nos estudos de casos, os alunos conversam entre si, aprendem ferramentas com os colegas e encontram soluções em conjunto."

A participação do aluno online também foi um ponto que recebeu atenção especial no caso da Fundação Getulio Vargas (FGV), que lançou cursos de pós-graduação ao vivo, feitos por webconferência, que incorporam estratégias que a instituição já vinha consolidando em cursos assíncronos, como jogos interativos entre alunos.

No caso dos MBAs, que na pandemia também ganharam versão remota ao vivo, a FGV adotou a metodologia PBL (problem based learning), em que alunos, divididos em grupos, têm de buscar solução para um problema real, afirma Mary Murashima, diretora de gestão acadêmica do instituto de desenvolvimento educacional da FGV.

O problema pode ser, por exemplo, o de uma fábrica que está com entregas atrasadas porque 40% dos funcionários estão com Covid. Os alunos têm, então, de planejar decisões relacionadas a uma temática específica de uma matéria com base na situação, explica Murashima.

No início de cada disciplina, o aluno escolhe, de acordo com sua disponibilidade, se quer ser avaliado por meio PBL —o que requer uma participação maior, já que, no sistema, ele é avaliado por professores e colegas.

"Não é o tradicional trabalho em grupo. Tivemos uma preocupação grande dentro da metodologia para ter métricas de acompanhamento da participação."


Formado em economia, Vinícius Mathias De Freitas, 25, analista de dados, destaca como ponto positivo a existência de funcionários que dão apoio aos alunos nas aulas ao vivo de seu ​MBA online em data science,formação da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP.

"São eles os responsáveis por organizar as demandas em tempo real, levar nossas dúvidas aos professores e nos enviarem de volta as questões respondidas", afirma Vinícius.

Durante as aulas, que são dadas ao vivo mas podem ser acessadas por gravação, os mediadores ajudam alunos e professores com questões técnicas de transmissão, controlam o horário dos intervalos e realizam enquetes.

"É uma figura treinada para que os alunos tenham uma maior interatividade e criem um sentimento de grupo. Como a demanda é grande, criamos até o cargo de assistente de mediação", diz Paulo Gomes, gestor dos estúdios do Pecege, instituto que operacionaliza o MBA em parceria com a Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq).

Não é o tradicional trabalho em grupo. Tivemos uma preocupação grande dentro da metodologia para ter métricas de acompanhamento da participação [do aluno online]

Mary Murashima

diretora de gestão acadêmica do instituto de desenvolvimento educacional da FGV


O uso de plataformas alternativas por alunos, como canais específicos de Telegram, para tratar de temas de aula e fazer networking, também cresceu com a pandemia, diz Vinícius Mathias, aluno do MBA da Esalq.

Foi por meio de uma mensagem publicada no WhatsApp no grupo de seu curso, que será concluído em 2023, que ele conseguiu um novo emprego. "Disse no canal do grupo que estava procurando uma colocação na área de dados, e me responderam com informações sobre uma seleção. Assim que passei no processo, informei ao colega. Vou começar na primeira semana de fevereiro", diz.

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