Após pressão, governo de SP recua e vai imprimir e encadernar livro digital para alunos

Decisão de não aderir a programa nacional de livros didáticos e oferecer apenas conteúdo digital foi alvo de críticas

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São Paulo

Após repercussão negativa, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) voltou atrás da decisão de abandonar o livro físico, e disse que o governo de São Paulo também vai oferecer material didático impresso para os alunos da rede estadual de ensino. As apostilas serão baseadas no conteúdo digital que já está sendo utilizado nas escolas.

"Nós vamos encadernar [o material] e entregar impresso, encadernado. Ou seja, se o aluno quiser estudar digitalmente ele vai poder, se ele quiser estudar no conteúdo impresso ele também vai ter essa opção", disse Tarcísio neste sábado (5), durante a inauguração de uma creche em Biritiba Mirim, na Grande São Paulo.

Governardor Tarcísio de Freitas (Republicanos), recuou na decisão de ter apenas livrros digitais para alunos do ciclo 2 do ensino fundamental da rede estadual de SP - Adriano Machado 20.jul.2023/Reuters

Segundo Tarcísio, o governo tem mais de 6.000 aulas preparadas e o material digital garantiria o acesso ao mesmo conteúdo em todas as regiões do estado. "Tudo vira polêmica, mas assim, eu acho que as coisas às vezes são mal comunicadas por nós mesmos."

O governador disse que a iniciativa serve para padronizar o conteúdo para os alunos, e que a decisão não é uma novidade. "São Paulo já tem o currículo paulista, já tem material próprio faz algum tempo."

O objetivo seria, então, fechar um ciclo. "Aula digital, material didático coerente, tarefa de casa eletrônica e a Prova Paulista." A medida também foi defendida por Renato Feder, Secretário da Educação.

Como revelou a Folha, a pasta, comandada pelo empresário da área de tecnologia, abriu mão de receber livros do governo federal para os anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) a partir de 2024.

Desde abril, no entanto, a secretaria orienta professores de todas as séries a usarem o conteúdo digital produzido pelo governo. O material consiste em uma série de slides com conteúdos das disciplinas e atividades a serem desenvolvidas em sala.

Em tese, o material deveria ser apresentado aos alunos em televisões, lousas digitais ou por um projetor. Como nem todas as salas possuem esses equipamentos, os professores têm sido instruídos a imprimir os slides e entregar aos estudantes para que possam acompanhar as aulas.

A pasta reconhece que ainda está "trabalhando para que todas as escolas tenham a infraestrutura necessária" para garantir o acesso de todos os estudantes ao material digital.

Enquanto os professores improvisam o uso do material didático, as escolas acumulam livros, enviados pelo Ministério da Educação, embalados e sem uso por orientação da secretaria.

A decisão de não aderir ao PNLD (Programa Nacional de Livros Didáticos) foi criticada por educadores e será alvo de investigação pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo). Essa é a primeira vez que São Paulo fica fora do programa.

Feder, por sua vez, rebateu as críticas e afirmou, em entrevista à Folha, que o material didático escolhido pelo MEC é superficial. "Eu e meus técnicos olhamos os livros do PNLD. A avaliação da Secretaria foi a de eles perderam a qualidade, profundidade e conteúdo. Estão superficiais." Assim como Tarcísio, o secretário defendeu a medida do governo por causa da Prova Paulista.

Em ofício a ser encaminhado à Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, a promotora citou o fato de o governo ter anunciado que será o responsável pela elaboração do conteúdo didático e cobrou informações sobre quem serão as pessoas e as empresas que irão elaborar esse material, além dos custos.

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