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Publicação mapeia quem fortalece o desenvolvimento sustentável na Amazônia

Levantamento da Plataforma Parceiros pela Amazônia joga luz sobre iniciativas que apoiam organizações de impacto socioambiental na região

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São Paulo

Uma publicação lançada na última semana mapeia iniciativas que apoiam organizações de impacto socioambiental na Amazônia. O levantamento chegou a mais de 60 instituições, entre fundações, empresas, ONGs, institutos de pesquisa, universidades, entre outras, comprometidas com o desenvolvimento sustentável da região.

"Caminhos para a Amazônia", disponível gratuitamente, é uma iniciativa da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) com realização do Quintessa.

Entre as 62 participantes que atuam na região estão Agenda Pública, Ambev, Casa do Rio, Conexsus, Fundo Vale, Idesam, Imaflora, Impact Hub Manaus, Nesst, Saúde & Alegria, Sitawi e Suzano.

Mini-usina de óleos essenciais da RDS Uatumã, no Amazonas, é apoiada pelo Idesam - Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia - Renato Stockler/Folhapress

Um dos destaques do mapeamento é a identificação de um ecossistema ainda em amadurecimento e estruturação. Isso porque 90% dos programas oferecidos pelas organizações participantes foram criados nos últimos 12 anos.

"É notável o grande interesse do mercado e os crescentes investimentos na Amazônia", diz Augusto Corrêa, secretário executivo da PPA. "Por outro lado, o mapeamento mostra que a capacidade desse ecossistema ainda precisa ser desenvolvida, tendo em vista o tamanho da região e dos seus desafios."

Os programas são destinados, em sua maioria, para o fortalecimento de entidades do terceiro setor ou de base comunitária (77%), com olhar para populações indígenas ou extrativistas (64 das 66 iniciativas). Seis a cada dez iniciativas se voltam a assentamentos e zonas rurais.

Caso da Conexsus, ONG que começou em 2018 a desenvolver soluções para promover negócios comunitários em cadeias de valor como castanha-do-pará, açaí, cacau, sistemas agroflorestais e produção de alimentos. A entidade conecta quem produz a quem compra e a quem financia.

"Organizações comunitárias geram renda e trabalho em áreas florestais e rurais, muitas vezes como única alternativa ao uso predatório dos recursos naturais", afirma Monika Röper, diretora programática da Conexsus.

"Mas mesmo que elas atuem há anos na representação das comunidades e na defesa dos seus interesses, a grande maioria é frágil na operação como negócios comunitários", completa.

Levantamento da ONG mostrou que mais de 70% delas chegam a um faturamento anual inferior a R$ 600 mil. Vencer a complexa logística da Amazônia, sem depender de parcerias desiguais com intermediários, é um dos desafios desses negócios.

A publicação "Caminhos para a Amazônia" chama a atenção para a baixa representatividade de iniciativas focadas em educação (18% delas) e em saúde (10%) —enquanto bioeconomia e restauração florestal estão no topo das iniciativas apoiadas.

Os principais tipos de suporte para o desenvolvimento das organizações apoiadas são capacitação e treinamento em grupo, conexão com investidores e mensuração do impacto.

"O foco em desenvolvimento vem como uma forma escalável de levar conhecimento para a região", diz Ana Paula Trevizan, coordenadora de projetos no Quintessa.

"E o suporte para a mensuração foi uma surpresa positiva, uma vez que o amadurecimento e
a expansão da agenda de impacto no Brasil passa também pela transparência e qualidade dos dados", completa.

Boas práticas e descompassos

O mapeamento traz ainda boas práticas para o ecossistema e descompassos identificados a partir das respostas ao questionário. Como, por exemplo, um distanciamento da realidade amazônica por parte de quem aporta capital na região.

Isso porque as estruturas de captação de recursos geralmente não são desenvolvidas o suficiente para mitigar o risco dos investidores, resultando em pouco investimento em novos negócios ou em estágios iniciais.

"Na Amazônia, os negócios são obrigados a enfrentar não somente os desafios de se empreender, mas também têm de encarar a ausência de infraestrutura básica, mão de obra não qualificada e as distâncias do território", diz Augusto Corrêa.

A maneira de abordar esses descompassos seria, segundo ele, um esforço coletivo e multissetorial em garantir políticas públicas de longo prazo, que possam endereçar necessidades do território, e uma melhor compreensão dos negócios de base extrativista.

"O caminho que talvez nos caiba melhor é entender que os negócios comunitários são peça-chave no ecossistema amazônico", afirma.

"Sendo assim, é preciso ajustar os modelos de financiamento e treinamento, bem como adequar as expectativas para o retorno dos investimentos."

O principal objetivo da publicação é dar visibilidade para as iniciativas, explorando seus diferenciais, tipos de suporte oferecidos, níveis de investimento e financiamentos que vêm sendo direcionados para a Amazônia.

E, ainda, facilitar a conexão entre a população empreendedora e os programas e projetos que podem apoiá-la —ao final da publicação, que tem 80 páginas, há uma lista detalhada das iniciativas oferecidas.

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