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65% dos alunos querem escolher parte do que vão estudar no ensino médio

Pesquisa indica ainda que mais da metade dos jovens diz não ter conhecimento sobre o novo ensino médio

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Uma nova pesquisa do Datafolha aponta que 65% dos estudantes de 14 a 16 anos dizem querer ter a opção de escolher parte do currículo que vão estudar no ensino médio. O levantamento foi encomendado pela organização Todos pela Educação e foi divulgado nesta segunda-feira (11).

A pesquisa ouviu 462 estudantes dessa faixa etária, matriculados em escolas públicas e particulares de todas as regiões do país As entrevistas foram feitas entre 29 de janeiro e 9 de fevereiro de 2024. A margem de erro é de cinco pontos percentuais (para mais ou para menos), com nível de confiança de 95%.

Segundo o levantamento, 35% dos jovens disseram preferir uma escola que ofereça, em parte do tempo, as mesmas disciplinas para todos os alunos e, em outra, a possibilidade de aprofundar conhecimentos e disciplinas de maior interesse.

Alunos no intervalo das aulas na Escola Estadual Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti, em Aracruz (ES) - Karime Xavier 08.mai.23 / Folhapress

Outros 30% preferem uma escola que combine uma parte com as mesmas disciplinas para todos os alunos e outra com a possibilidade de fazer um curso técnico profissional.

Assim, a pesquisa concluiu que 65% dos estudantes concordam com as mudanças do novo ensino médio, implementado em todo o país em 2022. O modelo prevê que 60% da carga horária dos três anos dessa etapa são comum a todos, com as disciplinas regulares. E os outros 40% são formados por optativas dentro de grandes áreas do conhecimento, os chamados itinerários formativos.

Segundo a pesquisa do Todos pela Educação, 35% dos alunos responderam que gostariam de estudar com o modelo anterior, de antes da reforma do ensino médio, quando todos tinham as mesmas disciplinas.

Conforme mostrou a Folha, nem todas as escolas públicas conseguem ofertar os itinerários formativos escolhidos pelos estudantes. Nos últimos três anos, muitos deles acabaram sendo forçados a estudar um itinerário formativo diferente do que escolheram.

Alunos e professores também criticam que o novo currículo retirou dos alunos o tempo de aula voltado para disciplinas regulares, como português e matemática. No lugar, foram criadas disciplinas como "brigadeiro gourmet" ou "como se tornar um milionário".

Olavo Nogueira, diretor-executivo do Todos pela Educação, disse que a pesquisa não buscou avaliar a aprovação do novo ensino médio, mas diz que os resultados apontam que os jovens desejam a "essência" do novo modelo.

"Ainda que a pesquisa não busque avaliar o novo ensino médio como está hoje, que tem uma série de problemas já evidenciados e que precisam ser corrigidos, os dados reforçam que a essência, os princípios do novo ensino médio, são, sim, defendidos pela maioria dos jovens que estão ingressando agora na etapa, sobretudo entre aqueles que dizem conhecerem bem o novo modelo", disse Nogueira.

A pesquisa mostrou que 53% dos entrevistados disseram não ter conhecimento/não estar bem informado sobre o novo ensino médio.

O levantamento do Todos pela Educação tem resultado diferente de uma pesquisa feita pela Unesco Brasil no fim do ano passado, quando a maioria dos alunos, professores e gestores disseram estar insatisfeitos com as mudanças.

Na pesquisa da Unesco, 56% dos alunos se diziam insatisfeitos, o índice subia para 76% entre professores e 66% entre gestores, peças centrais do processo de aprendizagem.

A pesquisa da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) ouviu 1.200 estudantes, 800 docentes e 400 gestores entre os dias 23 de junho e 6 de outubro. O universo representado pela amostra é de 18 mil escolas, 481 mil docentes e 2,1 milhões de estudantes, com nível de confiança de 95%. As margens de erro são de 3% para a amostra dos estudantes, 4% para a de docentes e 6% para o universo de gestores.

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