Maioria dos diretores de escolas estaduais no Brasil não possui formação em gestão

Conclusão é de levantamento do Instituto Unibanco, com base no Saeb e no Censo Escolar

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São Paulo

A maioria dos diretores de escolas estaduais no país não possui formação em gestão escolar. O levantamento é do Observatório de Educação do Instituto Unibanco, com base em informações do Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) e do Censo Escolar.

Houve, porém, um aumento nos últimos anos. Em 2020, cerca de 9,4% dos profissionais do Brasil possuía formação em gestão concluída, passando para 20,1% em 2023.

A pesquisa não diz, contudo, se essa mudança ocorreu devido à entrada de novos diretores já com essa formação ou se as redes estaduais promoveram ações para aumentar o percentual.

Sala de aula de escola em São Caetano do Sul, na Grande SP - Jardiel Carvalho - 28.ago.2023/Folhapress

Em 2020, Rondônia e Acre tinham entre 30% e 40% dos diretores com esse tipo de formação (os percentuais foram citados em faixas). Acre, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Ceará e Sergipe tinham entre 20% e 30%. Todos os outros apareciam com menos de 10%.

Já em 2023, o Piauí tinha ao menos 90% dos profissionais com formação em gestão, seguido de Distrito Federal (entre 40% e 50%). Acre, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraná, Espírito Santo, Maranhão, Ceará, Sergipe e Pernambuco tinham entre 30% e 40%. O restante tinha menos de 10%.

No Brasil, o perfil médio de capacitados em gestão é o de uma mulher branca, com pelo menos 50 anos de idade, formada em algum curso na área de educação distinto de pedagogia.

Quanto à graduação, 33,6% dos diretores haviam cursado pedagogia em 2011, primeiro ano com dados levantados nesse quesito, enquanto 48% eram profissionais licenciados em diversas áreas. Em 2023, 38% eram formados em pedagogia e 55,2% tinham cursado outras áreas da educação.

O estudo também mostra que a maioria dos diretores é branca e que ocorreu uma diminuição do total de pretos e pardos desde 2011. À época, havia 33% de pardos e 6% de pretos. Em 2023, 25% de pardos e 4% de pretos. Brancos eram 56% e passaram para 50%.

Foi observado no período, no entanto, um crescimento de pessoas que não fizeram sua declaração racial. Isso pode ter refletido nos dados, os tornando pouco confiáveis.

O gênero dos diretores também foi levantado. Desde 2011, a maioria é formada por mulheres. Há, porém, crescimento contínuo de homens no cargo. No primeiro ano computado, 24% dos profissionais eram do sexo masculino. No último, 33%. A presença de mulheres caiu de 76% para 66%.

João Marcelo Borges, um dos gerentes do Instituto Unibanco, diz que esse é um recorte importante da pesquisa e requer observação. Isso porque o crescimento da presença de homens no posto condiz com outro dado: mais diretores da rede estadual de educação estão chegando ao cargo por meio de processo seletivo e eleição da comunidade escolar, não por indicação política —modelo tradicional no país.

O percentual, que era de 12,7% em 2019, chegou a 26,1% em 2023.

"Temos que observar se essas seleções estão sendo justas, não machistas e beneficiando profissionais do sexo masculino. É sempre um perigo", afirma Borges.

O levantamento também mostra questões sobre o exercício da profissão, como aumento da carga horária de trabalho. Esta, segundo os pesquisadores, foi especialmente impactada pela pandemia de Covid-19. Em 2021, mais de 60% dos diretores brasileiros afirmaram trabalhar acima das 40 horas semanais. Antes da pandemia, o percentual chegava em 42%.

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