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Árvores seculares da cidade de São Paulo ganham medalhas
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TATIANE RIBEIRO
DE SÃO PAULO
Quem olha a imagem da metrópole paulistana do alto, com a imensidão de prédios que se estendem por todos os lados, mal consegue imaginar que esse mesmo lugar abrigava extensas florestas de Mata Atlântica, araucárias, cerrados e várzeas.
No início do século 20, São Paulo era sim, rica em biodiversidade, mas a urbanização trouxe, além do desmatamento, espécies estrangeiras. O resultado é que 80% da arborização da cidade é diferente da original.
Essa constatação do biólogo e ambientalista Ricardo Cardim, da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais, é uma das inspirações da campanha "Veteranas de Guerra", na qual 20 das árvores mais antigas da capital paulista recebem uma medalha de honra e uma placa de bronze como forma de homenagem e agradecimento pelos serviços prestados à população.
Lançada pela ONG SOS Mata Atlântica, a ação tem como objetivo mapear as árvores da cidade, contar suas histórias e denunciar maus tratos.
"É fascinante descobrir que alguns seres vivos resistiram a essa loucura de São Paulo. Essas árvores são testemunhas vivas da época de Dom Pedro, quando a cidade ainda era rural. Guerreiras, resistiram à destruição e à reconstrução da cidade por três vezes", conta Cardim. "São preciosidades completamente desconhecidas e ignoradas pelas quais passamos pelas ruas; deveriam ser tombadas como patrimônio da cidade."
A lista das árvores escolhidas conta com figueiras, copaíbas, jatobá, jequitibás, palmiteiro e outras espalhadas em diversos endereços.
No centro de São Paulo é possível avistar a Chicha. Bem no meio do Largo do Arouche, a árvore, com raízes em formato de tábua, era usada pelos índios como uma espécie de tambor onde batiam para se comunicarem por meio de sons que ressoavam na floresta.
No entanto, o título de principal e maior árvore da região é da figueira Piques, situada no Largo da Memória. Fotografias históricas comprovam que deve ter nascido nas últimas décadas do século 19.
"Outro destaque é o Jequitibá-branco do Trianon, que nasceu próximo à estrada da Real Grandeza, onde assistia passarem tropeiros há 150 anos e hoje presencia o cotidiano de executivos com laptops embaixo dos braços", diz Cardim.
Segundo o curador do projeto, a árvores mais antiga da cidade é a Figueira das Lágrimas, localizada atualmente em um terreno no bairro Sacomã, zona sul da cidade, onde passava anteriormente uma estrada que levava ao Porto de Santos.
Essas e outras curiosidades sobre as espécies escolhidas estão disponíveis no site
"De cada 10 pessoas, 8 moram nas cidades. Queremos chamar à atenção para o verde urbano que está próximo de nós e precisa ser reconhecido e cuidado", explica o curador.
A população também pode participar ativamente da campanha ajudando a denunciar o abandono das árvores. Basta fotografar e enviar a foto junto com o formulário para a SOS Mata Atlântica, para que acionem o órgão responsável.
"O e-mail servirá como um 'spam´verde. Automaticamente, será encaminhado para mais de 600 endereços de autoridades e setores vinculados ao meio ambiente para criar a consciência de que as árvores urbanas não podem só serem tratadas como enfeite", diz Cardim.
O remetente do e-mail, poderá, dessa forma se tornar o tutor da árvore.
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