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'O atendimento fica pela metade', diz oftalmologista sobre falta de óculos

Solange Silveira é voluntária da Renovatio, ONG que distribui pares à população de baixa renda

Eliane Trindade Patricia Pamplona
Carapicuíba (SP) e São Paulo

Dárcio e Solange Silveira são um casal de oftalmologistas voluntários que realizam atendimentos nos mutirões da Renovatio. A organização, fundada por Ralf Toenjes, vencedor do Prêmio Empreendedor Social de Futuro, leva atendimento gratuito a populações carentes.

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Além disso, a ONG fornece a peça fundamental para que a consulta oftalmológica não seja em vão: o par de lentes. “É gratificante saber que o atendimento foi completo. Em outros casos, o atendimento fica praticamente pela metade porque não tem o complemento, que são os óculos”, afirma Solange.

A benfeitoria tem efeito positivo tanto para o paciente quanto para os médicos. “Atendemos aquelas pessoas que realmente têm muita dificuldade de enxergar. Você sente que está sendo útil”, diz Dárcio.

Leia os depoimentos do casal à Folha.

 

Dárcio Silveira

Estamos achando bem organizado. O pessoal tem um ônibus que dá para trabalhar perfeitamente bem e, com isso, conseguimos essa ação de voluntariado com bastante efeito, com bastante resultado.

Percebemos que é uma população carente e que necessita desses eventos porque, infelizmente, o poder público às vezes não consegue absorver. E essas pessoas também têm muita dificuldade de chegar até os postos de saúde, não têm poder aquisitivo.

Na nossa área, além do atendimento, é importante o uso dos óculos. E o óculos para eles é uma coisa cara, de difícil aquisição e bastante perecível, que, às vezes, em pouco tempo eles ficam sem. Essa atitude deles [Renovatio] é muito positiva, deve ser incentivada, especialmente por nós médicos que temos a capacidade de tempo para doar para essas pessoas. 

É interessante porque não se fica dentro da clínica particular, onde você tem a chance de atender pessoas que têm como chegar até lá. Atendemos aquelas pessoas que realmente têm muita dificuldade de enxergar. Você sente que está sendo útil não só naquele trabalho que está fazendo, mas para a população de forma adequada.

É muito importante que esse trabalho comece nas idades mais tenras porque é a única forma que tem de evitar sérios riscos na visão. Tivemos casos de crianças que os óculos vai fazer diferença.

Atendi uma das crianças que foi operada de catarata há três anos, necessita de óculos e está há meses sem usar estes óculos. A cirurgia foi bem feita, teve um bom resultado, mas o complemento, que era parte mais fácil, infelizmente, não foi feito porque a criança não tinha condição de adquirir esse óculos. Essa criança com certeza tem uma dificuldade muito grande de acompanhar as outras da mesma classe.

É um problema social muito grande e que pode ser resolvido com essa atitude, que, no fundo, não é tão complexa, mas tem um efeito bastante positivo. Temos que entender que não conseguimos resolver tudo. Mas esse início [atendimento gratuito] é muito importante porque os pais acabam se interessando mais.

 

Solange Silveira

O projeto está de parabéns, funcionando bem. Já temos experiência nessa área de atendimento ao pessoal de poder aquisitivo menor em outras campanhas e, para nós, é muito recompensador.

É gratificante saber que o atendimento foi completo. Em outros casos, o atendimento fica praticamente pela metade porque não tem o complemento, que são os óculos.

É muito importante [o par de óculos] principalmente nessa fase pré-escolar porque a criança às vezes tem um grau elevado, geralmente quando é o caso de um olho só e tem uma faixa etária para recuperação, que seria até os nove anos para estimular a visão desse olho. Passado esse tempo, já fica mais difícil voltar a enxergar, e o tratamento se torna mais difícil. Por isso é importante o exame nessa fase pré-escolar. 

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