Saúde, habitação e inclusão produtiva são oportunidades para negócios sociais no pós-pandemia

Iniciativa liderada pela Artemisia concorre na Escolha do Leitor em que público pode, além de votar em suas preferidas, doar para ações de enfrentamento à Covid-19

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São Paulo

Um terço dos negócios de impacto social cresceu no Brasil durante a pandemia. A análise da Artemisia, organização que fomenta e acelera essas iniciativas, também destaca tendências para empreendedores contribuírem com a reconstrução social e econômica do país após a crise sanitária.

Negócios que vinham amadurecendo ao longo dos anos ganharam impulso ao dialogar com dores que a pandemia evidenciou. “Existe recurso financeiro disponível para negócios maduros com produtos e serviços que atendam a públicos mais vulneráveis”, diz Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemisia.

O financiamento para negócios de impacto social foi alavancado, segundo ela, pela discussão em torno do ESG, sigla que dá nome ao índice que avalia empresas com princípios ambientais, sociais e de governança corporativa. “Investidores entenderam essa necessidade e há mais capital para negócios de impacto”, diz Maure.

O mapeamento da Artemisia recomenda que países se preparem para a implementação de uma economia distinta, permitindo que capital, trabalho, habilidades e inovações se desloquem para novos negócios e setores.

Nesse sentindo, a ONG indica atenção primária à saúde, inclusão produtiva e habitação como oportunidades nos próximos anos.

Com o atendimento a doenças crônicas negligenciado durante a pandemia, o Brasil demandará soluções voltadas à qualificação de profissionais da saúde. Na análise da Artemisia, haverá um mercado com muitas oportunidades para que empreendedores sociais colaborem com a melhoria da saúde pública.

Na área de habitação, o país precisaria de soluções para dar conta do abismo social. “Em torno de 75% da necessidade habitacional no Brasil, até 2027, virá de brasileiros com até cinco salários-mínimos”, diz Maure. Ela destaca que, além de novas construções, seria necessário investir, por exemplo, em residências compartilhadas e em estruturas de locação social.

Outro destaque fica com a inclusão produtiva, ou seja, a formação de talentos em tecnologia. “Temos muitas pessoas sem emprego, cidadãos que a ‘revolução digital’ jogou para fora do mercado de trabalho”, afirma.

Negócios de impacto em habitação têm até 24 de agosto para se inscrever no Lab Habitação: Inovação e Moradia
Desafios da habitação serão oportunidades para negócios de impacto social - Divulgação / Artemisia

A análise da Artemisia também mostra que um terço dos negócios sociais no país, principalmente aqueles mais iniciantes, enfrentam dificuldades de sobrevivência depois de mais de um ano de crise.

Em 2020, ciente de que pequenos negócios de periferia estariam ameaçados com a chegada do coronavírus, Maure e mais três amigos, todos atuantes no mercado de negócios sociais, se uniram para tentar reduzir a quebradeira dessas empresas.

A coalizão da Artemisia com Marcelo Rocha, o DJ Bola (A Banca), Edgard Barki (FGVcenn) e Alessandra França (Banco Pérola) levou à criação do Fundo Emergencial Volta por Cima, iniciativa finalista no Prêmio Empreendedor do Ano em Resposta à Covid-19.

A ideia era conceder empréstimos a juro zero para que empreendedores pudessem se manter ativos, garantindo empregos e renda. Ao todo, foram 250 projetos mapeados e 55 selecionados para receber R$ 15 mil cada, com seis meses de carência e pagamento em 12 parcelas sem juros. A devolução do empréstimo não é obrigatória.

“Nas palavras dos empreendedores, o fundo foi e está sendo fundamental para manter as atividades em funcionamento”, diz Alessandra França, fundadora do Banco Pérola.

Dos 55 empreendedores apoiados, 23 iniciaram a devolução do dinheiro, sendo que dois já devolveram tudo. Outros três foram inativados. “Eles entendem que, ao pagarem, ajudam outros empreendedores no modelo do fundo.”

Com a devolução, as organizações fazem novos aportes em um portfólio que inclui empresas de habitação, empregabilidade, educação, alimentação, entre outros.

No entanto, com repique da pandemia, queda da renda mensal das famílias e alto desemprego no país, muitos negócios periféricos ainda se sentem ameaçados, segundo pesquisa da organização. "Fazemos acompanhamento mensal e eles estão gerando impacto, mas o principal desafio continua sendo vender”, afirma.

O legado que fica para a Artemisia é o entendimento de que empreendedores de territórios vulneráveis podem gerar tanto impacto quanto negócios sociais. “Ainda que mudanças exijam políticas públicas, sou extremamente grata pela possibilidade de contribuir para a solução”, diz Maure Pessanha.

Para Alessandra França, a iniciativa ajuda a manter a esperança de empreendedores em tempos de desesperança. “Faz com que tenhamos motivo para seguir trabalhando e até acordar com mais alegria.”

O Fundo Emergencial vai à votação popular na categoria Legado Pós-Pandemia, concorrendo com outras nove iniciativas na Escolha do Leitor.

O público poderá eleger seu finalista favorito em cada uma das categorias em formato inovador no qual a enquete, no site da Folha, torna-se também plataforma de doação. Os vencedores, tanto os recordistas de votos quanto os líderes na captação de doações, serão anunciados ao longo de 2021.

COMO VOTAR NA ESCOLHA DO LEITOR

Passo 1 Acesse folha.com/escolhadoleitor2021 e escolha a iniciativa que mais fez seus olhos brilharem

Passo 2 Clique no botão "Quero votar" e aguarde a confirmação

Passo 3 Faça uma doação para uma delas clicando em "Doar agora"

Passo 4 Preencha seus dados, valor da doação e clique em "Enviar"

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