O volume de doações para o combate à pandemia no Brasil ultrapassou os R$ 7 bilhões. O recorde na mobilização para emergências foi atingindo nesta semana, segundo o Monitor da ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos), que vem acompanhando o movimento desde março de 2020 e considera valores a partir de R$ 3.000.
A intensidade das doações havia estacionado em outubro do ano passado –em torno dos R$ 6,5 bilhões– e ganhou fôlego nos últimos meses, impulsionada pelo agravamento da crise sanitária e a escalada da fome.
Segundo Márcia Woods, presidente do Conselho da ABCR, o novo momento difere do período de doações no começo da pandemia, quando houve investimentos maçiços de bancos e grandes companhias na área de infraestrutura, compra de equipamentos, respiradores, testes de Covid, entre outros.
“A marca dos R$ 7 bilhões é expressiva porque representa o dobro do que se vê normalmente de comprometimento com a filantropia institucionalizada no Brasil", diz Woods. "A participação das empresas, de onde veio a maior parte das doações, também é bastante representativa", completa.
Do total de doações, 62% foram feitas para pessoas jurídicas, 20% para institutos e fundações sem fins lucrativos, 8% para pessoas físicas e 6% para fundos filantrópicos.
Segundo João Paulo Vergueiro, diretor executivo da ABCR, a plataforma foi criada para oferecer um panorama da atuação e contribuição da filantropia e mostrar a qualidade das doações e seus resultados.
“Isso permite maior transparência para que possamos entender melhor o que foi a generosidade brasileira na pandemia, seu tamanho e impacto. É uma mobilização geral, que envolve toda a sociedade civil em movimento inédito e por uma única causa, que é o combate à Covid-19”, diz ele.
Em pouco mais de um ano, 705.152 doadores contribuíram com causas diversas, sendo que a saúde é a área que mais recebeu investimentos, com 74% das doações, seguida por assistência social (20%), educação (4%) e geração de renda, com 3%.
Do total doado, 59% foi em dinheiro, 32% em produtos diversos –como máscara, cestas básicas e equipamento hospitalar– e 8% em serviços.
Para Márcia Woods, é necessário agora que haja a manutenção de uma visão de médio e longo prazo das doações. “Só assim será possível que as organizações consigam fazer uma atuação contínua e sustentada para promover transformações sociais no Brasil."
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