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Qual a potência do seu negócio de impacto?

O papel de aceleradoras, incubadoras e investidores no fortalecimento do setor

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Marcus Nakagawa

Professor e coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental, autor premiado com o Jabuti 2019, palestrante e idealizador da Abraps e do Dias Mais Sustentáveis.

Na física, a potência é grandeza física usada para calcular a quantidade de energia concedida ou consumida por uma unidade de tempo. Ou seja, é o quanto você gasta de energia durante um tempo.

Já na matemática, a potenciação é uma operação que surge a partir da multiplicação de fatores iguais como alternativa para simplificar a notação. É aquele número que fica acima de outro, que você precisa multiplicar quantas vezes o número de cima "pedir".

Lembrou de todos estes conceitos que aprendeu na escola? Pois é, agora a pergunta é: no seu negócio de impacto, você está calculando a potência que você e seu time estão investindo para se desenvolver?

pessoas sentadas à mesa
Organização Litro de Luz cria soluções em iluminação para comunidades sem acesso à energia elétrica - Renato Stockler

Ou, ainda, quantas vezes você acha que dá para seu negócio crescer, a qual potência? Qual “numerinho” vai ficar pendurado na sua receita atual ou no seu impacto socioambiental?

Investidores que buscam impacto também querem saber esses valores. Alguns amigos e amigas economistas acabam sempre dizendo que, se não tem comprovação por meio de indicadores e de números, então o negócio não existe.

A potência é um dos principais pontos trabalhados por incubadoras e aceleradoras de impacto. Para quem não está acostumado com esses termos, as incubadoras, segundo o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), apoiam pequenas empresas com plano de negócios estruturado para conseguir mais apoio público ou mais clientes.

Nessas incubadoras, gestores acabam buscando apoio interno, da organização; ou externo, para consultorias específicas nas áreas de gestão, finanças, marketing digital, vendas, entre outras temáticas que o incubado necessite.

Em algumas incubadoras existe o processo conjunto de desenvolvimento com cursos, palestras e, às vezes, mentorias individuais com especialistas de cada área do negócio.

As aceleradoras, ainda segundo o Sebrae, buscam empreendimentos que tenham potencial para crescer muito rápido, geralmente startups escaláveis, e não somente uma pequena empresa com uma boa performance.

Buscam boas ideias que não sejam muito burocráticas. Nessas aceleradoras costumam ter gestores, empreendedores ou investidores com bom conhecimento de mercado para potencializar os negócios.

As incubadoras e aceleradoras podem entrar, inclusive, com pequena parte da sociedade do empreendimento incubado ou acelerado. Aí temos uma real parceria para que o negócio possa multiplicar seu impacto socioambiental e seus resultados econômicos.

Há outras maneiras de multiplicar conhecimento e networking por meio de duas práticas comuns no Vale do Silício, aquele lugar de onde saíram grandes empresas digitais como o Google e a Apple.

Um deles é o "coworking", espaços conjuntos ou escritórios coletivos que atendem a demanda de empreendedores e profissionais autônomos no começo do seu negócio.

Nesses espaços geralmente existem outros negócios que acabam sendo complementares — já ouvi diversas histórias de parcerias, sócios, fornecedores e até casamento que nasceram ali.

Outra prática é o "meetup", encontros informais nos quais as pessoas batem papo de pé, o que facilita a circulação em diferentes grupos. Segundo o Sebrae, esses eventos podem ser úteis para montar uma equipe qualificada, estimular o ecossistema empreendedor e conquistar investimentos.

Acrescento a essa lista o aumento de conhecimento por meio da avaliação da empresa em relação à concorrência, além da troca de “dores” do empreendedor, quase uma sessão de terapia e catarse coletiva.

Nesses papos se descobre que não é fácil ser empreendedor, dividindo com pares os “tombos” que levamos. Quando a temática do impacto socioambiental surge, aí temos muitas histórias para ouvir e contar.

O ICE, uma das principais organizações no país que fomenta o impacto social e ambiental, possui programa de incubação e aceleração desde 2015, parceria entre Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores) e Sebrae para ampliar o número de negócios de impacto qualificados e escaláveis, prontos para receber investimentos.

Essa rede conta com 45 incubadoras e aceleradoras de impacto em 17 estados, com 2.817 empresas incubadas e aceleradas.

Os serviços oferecidos vão desde espaços físicos até acesso a serviços profissionais como contabilidade e apoio jurídico, além de treinamentos, workshops, formatação do modelo de negócio, consultorias estratégicas, de vendas e conexão com potenciais clientes e investidores.

No site ice.org.br é possível encontrar as várias aceleradoras e incubadoras de todo país que fazem parte da rede e que já passaram pelo programa de assessoria da organização.

Quanto mais potencializarmos empreendimentos de impacto, mais rápido cumpriremos o sonho comum dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Seja na física ou na matemática, calcular a potência que cada empreendedor e seu negócio têm é fundamental para aumentar o impacto social, ambiental e econômico na sociedade. Você sabe qual a potência que tem?

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