Psicanalista Jorge Forbes vê o FIIS como um necessário laboratório da pós-modernidade

Um dos masterclass do festival, ele acredita que empresas que tenham o lucro como objetivo único estão com os dias contados

Ana Paula Franzoia
São Paulo

O psicanalista e escritor Jorge Forbes, um dos maiores especialistas em Jacques Lacan no mundo, tem levado questões antes tratadas em consultórios para outras rodas. O programa TerraDois, exibido pela TV Cultura, é um bom exemplo.

O psicanalista Jorge Forbes participará do Fiis
O psicanalista Jorge Forbes participará do Fiis - Mastrangelo Reino/Folhapress

Ao lado de Bete Coelho, Forbes trata de temas variados sob o olhar psicanalítico e em formato de dramaturgia para mostrar aos telespectadores como a pós-modernidade se impõe a cada dia, pedindo novos comportamento e  interpretaçôes. O termo TerraDois foi criado por ele para deixar bem claro as mudanças pelas quais passa a humanidade. Nesta nova era, as relações sociais e a criatividade são fundamentais, afirma ele.

 

O que as empresas sociais podem ensinar para o mercado?

A grande tendência na era em que vivemos - em TerraDois como tenho chamado - é a associação da empresa com a cultura. Toda empresa deverá se tornar uma, digamos, "editora de cultura". O cliente de hoje quer saber das condições de confecção do produto, de sua história, de seu objetivo, de sua complementariedade. As empresas ditas "sociais", como se alguma pudesse não ser, indicam ao mercado que o desrespeito a esses pontos e o lucro como objetivo único está com os dias contados.

Qual a importância de um negócio ter um propósito?

É, como disse, a importância de trazer ao mundo uma contribuição efetiva para o laço social.

A preocupação com o social, com o que pertence a todos, será um sentimento coletivo num futuro próximo?

A preocupação com o social, com o que pertence a todos, já é um fato. Em um mundo horizontal, o grande afeto é a amizade. Não temos mais grandes ideais a nos orientar, a nos servir como padrões de identidade. Cada pessoa resolve suas dúvidas, seus anseios, no contato e na troca com os que lhe são próximos e não em uma suposta hierarquia modelar.

Por que mesmo sabendo que toda mudança deve partir do indivíduo, é tão difícil mudar de atitude?

Ah! foram 2500 anos de modelo social vertical. Sair dessa estrutura rígida, disciplinar, com parâmetros muito bem definidos e entrar em um novo tempo horizontal, flexível, criativo, dá uma angústia danada...

Qual o impacto social que eventos como o FIIS trazem?

O FIIS e eventos semelhantes demonstram que é possível habitar esse novo planeta de uma maneira muito mais interessante que antes, uma vez que a quebra dos padrões nos "obriga", a todos, uma invenção responsável do como viver. Mais que nunca temos que responder se queremos o que desejamos. Para mim, o FIIS é um laboratório da pós-modernidade. Bom e necessário.

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