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Quer incentivar jovens corredores? Aqui está o que fazer (e o que evitar)

Programas de corrida para jovens ganham popularidade e especialistas sugerem focar no progresso e definição de metas

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Jennie Coughlin
The New York Times

Quando a bicampeã olímpica Kara Goucher era criança, ela estava acostumada a ver seu avô correr cinco ou seis dias por semana, mas nunca pensou nisso como um esporte, porque ele não competia. Ela só descobriu a corrida organizada no ensino médio.

"Eu me apaixonei por isso, obviamente", disse ela.

Embora esportes como beisebol e futebol tenham ligas juvenis organizadas nos Estados Unidos, há menos programas dedicados à corrida. O Girls on the Run é um dos maiores, com 2,1 milhões de meninas participando desde que a organização sem fins lucrativos começou, em 1996.

Pernas de crianças correndo
Programas de corrida para jovens têm crescido e manter a motivação pode ser um desafio - Adobe Stock

Antes do início da pandemia de coronavírus, cerca de 200 mil meninas se matriculavam a cada ano, segundo a organização. Os números não voltaram a esses níveis, mas há cerca de 142 mil meninas participando este ano.

Mais corridas de rua estão adicionando provas infantis e mais organizações de corrida estão oferecendo opções para alunos do ensino fundamental e médio.

O programa Rising New York Road Runners começou há mais de 20 anos com 12 crianças em uma escola do Brooklyn. Hoje, 112 mil crianças participam em 800 locais em todo o país, com cerca de metade na cidade de Nova York, disse Marissa Muñoz, vice-presidente de impacto comunitário da New York Road Runners, que organiza a Maratona de Nova York e dezenas de outras corridas.

"Ao oferecer provas para jovens em nossas corridas para adultos, realmente abrimos as portas para os jovens que não estão em nosso programa Rising", disse Muñoz.

Bart Yasso, diretor de corrida aposentado da revista Runner's World, disse que grandes eventos geralmente têm corridas "all-comers" –corridas abertas a todos, divertidas e em distâncias menores–, mas nos últimos anos ele viu mais corridas infantis organizadas.

Molly Huddle, 38, uma corredora americana de longa distância, aprova o aumento das corridas juvenis. Quando eram crianças, ela e suas irmãs participaram de algumas corridas abertas em eventos em que seu pai competia.

"Acho que as pessoas estão percebendo que esses são eventos familiares", disse ela. "Os diretores de corridas estão tentando fazer que sejam divertidos para todos."

Cada corrida para adultos que o Atlanta Track Club organiza agora tem pelo menos um evento infantil mais curto, disse Jay Holder, vice-presidente de marketing e comunicações do clube.

"A programação para jovens é a única coisa em nossa organização em que tivemos um aumento", disse Holder.

Isso inclui o programa Kilometer Kids, para crianças do jardim de infância à quinta série, e suas equipes competitivas para alunos do ensino médio.

Quando as escolas foram fechadas no início da pandemia, os pais iniciaram os programas Kilometer Kids nos bairros, disse Madison Hafitz, seu supervisor. Desde 2000, o programa cresceu a cada temporada, para 85 locais no outono de 2022, com cerca de 4.000 crianças inscritas.

Mais programas para jovens também podem expandir a comunidade de corrida para adultos. Basil Rowell teve que correr para passar nos testes de aptidão física na Marinha, mas parou depois de se aposentar em 2006. Seu filho mais velho, Yosif, fez uma corrida local de 1,6 km em Norfolk, na Virgínia, quando tinha seis anos, e adorou.

"Eu disse que precisava entrar em forma para poder começar a correr com ele", disse Rowell.

Rowell odiava correr na Marinha, mas com uma motivação diferente descobriu que gostava. Ele começou a ver as mesmas pessoas em provas diversas, outra mudança de quando ele estava na Marinha e muitas vezes longe de Norfolk. Ele se envolveu na comunidade local de corrida e atua como vice-capitão do capítulo de Hampton Roads da Black Men Run.

Yosif, agora com 16 anos, corre pelo time do colégio, e seus irmãos mais novos, de 13 e 9, também correm. Às vezes os quatro correm juntos.

"Meu objetivo é mostrar a eles que existe a corrida como um evento", disse Rowell. "Eu, quando jovem, não sabia que havia provas."

Lições de vida na corrida

Os organizadores do programa e os corredores profissionais sugeriram focar no progresso e na definição de metas, em vez de tempos, para incentivar crianças e adolescentes a correr.

O programa Run for the Future da New York Road Runners, destinado a meninas no terceiro e quarto anos do ensino médio, termina com as participantes fazendo uma corrida de 5 km, mas inclui muito treinamento de vida e liderança ao longo do caminho, disse Muñoz.

O Girls on the Run tem uma abordagem semelhante. Isso inclui escolher um amigo para o evento 5K, que faz com que amigos e familiares corram. Quando a enteada de Amelia Kwan, Alma Menard, fez seu primeiro evento Girls on the Run 5K, seu irmão mais velho, Kiefer, foi seu companheiro de corrida. Esse foi seu primeiro 5K, disse Kiefer. Agora ele está terminando sua primeira temporada de cross-country do ensino médio no estado de Washington, onde eles moram.

"Kiefer fala sobre correr 10 km em breve. Talvez eu queira correr uma meia maratona'", disse Amelia, que é membro do conselho do capítulo Puget Sound do Girls on the Run.

Huddle ainda se lembra das lições que aprendeu correndo no colégio. Sua escola não tinha uma equipe feminina de cross-country, mas ela tinha ouvido falar do Foot Locker Cross Country Championships, que era o encontro nacional do ensino médio na época. Ela queria ir, mas primeiro tinha que se qualificar. Isso significava encontrar uma solução para o fato de não ter uma equipe. Ela trabalhou com sua escola e acabou sendo uma equipe de uma pessoa, autofinanciada.

"Foi a primeira oportunidade que tive na vida de definir metas para várias semanas", disse Huddle. "Isso me ensinou muito sobre organização. Foi como um grande projeto e, no final, uma grande recompensa."

Exponha as crianças à corrida, mas não force

Para os adultos que desejam incentivar seus filhos a correr, há um equilíbrio a ser alcançado, algo que Goucher enfatizou repetidamente. Seu filho Colt, 12, começou a correr com um clube do Colorado, o Boulder Mountain Warriors, mas só depois que Goucher conversou com o treinador e se convenceu de que o grupo tinha uma abordagem prazerosa, não competitiva.

Colt também pratica outros esportes. Goucher e seu marido, Adam, que também correu profissionalmente, preferem assim. Nenhum deles se especializou até mais tarde no ensino médio e na faculdade, e eles querem que Colt sinta que pode praticar muitos esportes.

Will Martin, que mora no sul de Nova Jersey, aprendeu os benefícios da abordagem de Goucher da maneira mais difícil. Ele começou a correr depois que a equipe de cross-country do ensino médio recrutou corredores em sua escola. Anos depois, quando seu filho mais velho estava no ensino médio, Martin o incentivou a correr, querendo que o rapaz amasse o esporte. Mas depois de participar dos programas juvenis da Amateur Athletic Union ele não quis correr no colégio.

"Aprendi com ele uma lição valiosa: não forçar", disse Martin. "Eu me afastei, e agora ele faz artes marciais."

Depois dessa experiência, Martin não pressionou seu filho mais novo, que acabou ingressando no cross-country no ensino médio e agora quer continuar no secundário.

"Eu sei que é genuíno e ele quer fazer isso porque vai correr sozinho ou com seus amigos", disse Martin.

Os corredores profissionais concordam: dar às crianças a oportunidade sem forçá-las é fundamental.

Quatro vezes atleta olímpico, Meb Keflezighi tem três filhas. A mais velha lhe disse que correr não é seu esporte. Prefere jogar futebol. Mas sua filha do meio, Fiyori Russom, está terminando a temporada de primeiro ano do colégio no cross-country e desafiou Keflezighi algumas semanas atrás para competir com ela em uma 5K.

Keflezighi está feliz com as duas escolhas –e não apenas porque ele disse que achava mais fácil assistir a um jogo de futebol do que encarar a ação num percurso de cross-country.

"Acho que elas são talentosas, mas também sei que vem do coração", disse ele. "Não posso forçá-las a fazer algo pelo qual não são apaixonadas."

Mais dicas para incentivar jovens corredores

Todas as dicas que os corredores adultos deram aos pais que querem incentivar seus filhos a correr voltam ao foco de Goucher: não seja muito sério, muito cedo.

Isto é o que o programa Kilometer Kids tenta comunicar às crianças e aos pais:

  • Mostre-lhes que correr pode ser divertido e prazeroso.
  • Crianças podem participar de eventos juvenis, mas vencer não deve ser o objetivo.
  • Concentre as crianças em como elas estão melhorando com os treinos e corridas, para que não fiquem se comparando com outras pessoas.
  • Mostre-lhes que é algo que podem fazer com amigos e familiares.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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