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Musculação pode auxiliar no controle da diabetes, mostra estudo

Trabalho feito com ratos aponta que exercícios de força fazem com que as células respondam melhor aos estímulos da glicose

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Julia Moióli
Agência Fapesp

Estudo conduzido na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) indica que a prática regular de exercícios resistidos, como musculação ou treinamento funcional, pode ser tão benéfica para o controle glicêmico quanto atividades aeróbicas, a exemplo da corrida ou da natação. Os resultados da investigação foram divulgados no International Journal of Molecular Sciences.

"Nos últimos anos, os benefícios da atividade física para o organismo como um todo têm sido associados à liberação de moléculas chamadas miocinas na corrente sanguínea. E a maioria dos estudos utiliza exercícios aeróbios como referência", afirma Gabriela Alves Bronczek, primeira autora do trabalho, conduzido durante seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Biologia Funcional e Molecular da Unicamp.

Treino de resistência, como musculação ou funcional, pode melhorar a secreção de insulina - Alfa27/Adobe Stock

"Como já é sabido que diferentes modalidades ativam vias distintas, levando à liberação de moléculas específicas, pensamos que talvez o treino resistido, mais relacionado à musculação, poderia apresentar efeito diferente ou liberar moléculas diferentes. Daí a ideia de investigar sua ação sobre as células beta pancreáticas, que são responsáveis por secretar insulina."

Para isso, durante o estudo, que contou com apoio da Fapesp, células beta de ratos foram tratadas com o soro sanguíneo de animais da mesma espécie que praticaram treinamento de força, que consistia em subir uma escada de aproximadamente um metro de altura com carga acoplada à cauda. Foram oito escaladas por seção, variando entre 50%, 75%, 90% e 100% de carga máxima, cinco dias por semana durante dez semanas. Em seguida, as células foram submetidas, in vitro, a um coquetel de citocinas pró-inflamatórias para induzir uma condição semelhante à da diabetes tipo 1. Resultado: o tratamento preveniu tanto a disfunção quanto a morte celular.

O passo seguinte foi trabalhar com um modelo animal de diabetes tipo 1. Para induzir a doença em camundongos, foram administradas aos animais doses baixas de estreptozotocina, droga que destrói especificamente as células beta do pâncreas.

Depois de dez semanas de treinamento resistido, os roedores apresentaram melhora na tolerância à glicose e redução da glicemia. Em uma avaliação da morfologia do pâncreas, observou-se aumento na massa de células beta. Isso comprovou que o exercício de força faz com que as células se tornem mais eficientes em secretar insulina em resposta ao estímulo de glicose.

"Isso nos leva a acreditar que moléculas liberadas durante o exercício resistido podem melhorar o funcionamento da célula beta e proporcionar todos esses benefícios", diz Bronczek.

Estudo anterior do grupo, publicado em 2021 na revista Scientific Reports, já havia avaliado o efeito do exercício resistido em células beta de animais saudáveis e observado os mesmos efeitos.

"Diante da pandemia de obesidade no mundo e da piora nos hábitos alimentares da grande maioria da população, a prática de atividade física é extremamente importante", pontua Antonio Carlos Boschiero, professor titular da Unicamp e orientador de Bronczek. "Entender os benefícios do exercício resistido abre ainda mais portas, já que ele pode ser feito, por exemplo, a partir de uma cadeira de rodas", acrescenta.

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