Como conversar sobre sexo com seu parceiro e melhorar a vida a dois

A educadora sexual Emily Morse argumenta que todo casal deve ter uma um diálogo franco ao menos uma vez por mês

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Catherine Pearson
The New York Times

Trabalho, filhos, saúde –inúmeros fatores podem ser obstáculos ao sexo satisfatório. Mas a educadora sexual Emily Morse acha que há uma barreira que geralmente pesa mais que os outros.

"A maioria dos problemas sexuais nos relacionamentos não tem nada a ver com sexo, mas tudo a ver com comunicação", ela escreve em seu novo livro, "Smart Sex" (Sexo inteligente, em português, ainda não disponível no Brasil).

Morse admite que nem sempre é fácil falar da intimidade. "As conversas sobre sexo não são vistas como normais", reconhece. Mas o esforço principal que ela faz em suas diversas plataformas é incentivar as pessoas a falar mais abertamente sobre o tema. Isso significa identificar o que querem e aprender como dizê-lo.

Casal silhueta
Educadora indica ter conversas sinceras sobre sexo com seu parceiro ao menos uma vez por mês - Adobe Stock

Morse tem um podcast que está no ar há algum tempo, "Sex com Emily", e tem mais de 500 mil seguidores no Instagram, onde explora tópicos diversos, desde os melhores brinquedos sexuais até a confiança no quarto.

Em "Smart Sex", ela decompõe sua mensagem principal sobre comunicação em algumas discussões específicas sobre sexo que, para ela, são úteis para casais. Uma delas é o que ela apelidou de "estado de união sexual": uma revisão mensal para ajudar a definir o que está funcionando bem, o que não está e qual é o rumo das coisas.

Em uma conversa com Morse, a terapeuta e autora fala sobre algumas estratégias expostas em seu novo livro que podem ajudar casais a ter um estado da união sexual eficaz e por que ela acha que isso vale a pena (mesmo que a ideia deixe você ou seu parceiro altamente constrangidos).

1. Sejam breves

Uma discussão bem-sucedida sobre o "estado da união sexual" não deve durar mais que dez minutos, mais ou menos, diz Morse. Para ela, os casais poderiam encarar isso como cuidado preventivo.

"Vocês estão plantando as sementes da vida sexual que está por vir", afirma. "Vão descobrir: o que funcionou? O que não funcionou? E como podemos melhorar daqui para frente?"

Morse recomenda que os casais tenham essa conversa uma vez por mês (pode ser programada ou de modo mais espontâneo, dependendo do casal), embora essa frequência não seja indicada por estudos. A recomendação é baseada na impressão da especialista de que uma vez por mês parece viável mesmo para pessoas muito ocupadas e que dá tempo e espaço para as pessoas refletirem um pouco sobre o que vem acontecendo em sua vida sexual.

2. Saibam que será embaraçoso

Morse faz questão de destacar que o sexo bom não acontece por acaso. E falar sobre sexo não o rouba de sua "magia", mesmo que as conversas resultantes sejam incômodas ou desajeitadas.

Pode ajudar se você admitir abertamente qualquer desconforto que esteja sentindo, diz ela. "Você pode falar para o seu parceiro: ‘Sei que isto é uma novidade para nós, mas quero que encaremos nossa conexão sexual com uma mentalidade de crescimento", indica Morse, destacando que, para ela, mostrar sua vulnerabilidade é essencial para a verdadeira intimidade.

"Se parece nada sexy porque vocês dois estão nervosos, tudo bem. Essa conversa não é um exercício de preliminares."

3. Comece perguntando: 'o que você gostaria que fizéssemos mais em nossa vida sexual?’

Ou pense em outras possibilidade, como: "O que eu posso fazer mais para que o sexo seja mais gostoso para você?’ Ou ‘posso compartilhar uma coisa que eu gostaria que fizéssemos mais quando estamos transando?’."

"O que você está curtindo em nossa vida sexual no momento?" é outra opção, embora Morse admita que para casais que estão passando por uma fase de seca, essa talvez não seja a melhor maneira de iniciar uma conversa.

Em um mundo ideal, diz Morse, os casais criariam o hábito de ter um "estado da união sexual" regularmente quando seu relacionamento ainda está no início. Mas ela acha que esse é um hábito que pode ser desenvolvido com a prática, quer vocês estejam juntos "há dez meses, dez anos ou mais".

Mas, pontua, se parece impossível fazer esse tipo de pergunta, ou se seu parceiro se recusa totalmente a respondê-las, é sinal de que vocês poderiam se beneficiar se fizessem terapia sexual.

4. Calcule o timing, o tom e o lugar onde terão a conversa

O momento escolhido para falar de sexo muitas vezes é tão importante quanto as palavras utilizadas, indica Morse. Portanto, não conversem sobre sexo quando um de vocês estiver com fome ou raiva, sentindo-se sozinho ou cansado. Desse modo, diminuem as chances de você ou seu parceiro ficarem na defensiva ou reagirem mal.

E procure adotar um tom curioso, compassivo e aberto.

"Muitos de nós adotamos um tom defensivo quando temos essas conversas intensas, mesmo que não seja essa a intenção", pontua Morse.

Ela insiste que as conversas sobre sexo devem acontecer fora do quarto, que, para ela, deve um lugar sagrado, usado unicamente para dormir e fazer sexo. Pode ser útil ter a discussão durante uma caminhada ao ar livre, sugere ela. Você e seu parceiro podem respirar fundo e não precisam necessariamente manter contato olho no olho.

"Quero que as pessoas lembrem que o estado da união sexual não é crítica –é uma oportunidade de colaborar", diz Morse.

Tradução de Clara Allain

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