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Como enganar seu cérebro para a preguiça não sabotar seus treinos

Especialistas recomendam o uso de aplicativos ou a criação de uma meta, como participar de um campeonato ou corrida

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Connie Chang
The New York Times

Todos sabemos que o exercício faz bem para nós, mas seus benefícios nem sempre nos motivam a programar o despertador e calçar os tênis.

Muitos especialistas dizem que a chave para fazer treinos melhores e mais regulares não está no corpo, mas na mente. Como qualquer pessoa que esteja decidindo entre uma maratona na Netflix e uma corrida noturna compreende: o corpo pode estar disposto, mas o espírito às vezes precisa de um pontapé inicial para deixar de lado a preguiça.

No entanto, existem algumas ferramentas que podem enganar nossos cérebros relutantes a encontrar motivação para voltar à academia ou àquela trilha de bicicleta.

Especialistas afirmam que associar a atividade física a um hábito diminuir as chances de deixar o exercício de lado - Ernesto/Adobe Stock

Brinque

O cérebro adora um jogo, especialmente se for difícil de prever ou oferecer recompensas intermitentes, diz Daya Grant, neurocientista e treinadora de desempenho mental em Los Angeles. Use isso a seu favor.

Por exemplo, Milo Bryant, um treinador de performance em San Diego, usa um saco de exercícios para sortear suas aulas em grupo. "Eles tiram um exercício de um saco e um número de repetições do outro, e o que quer que apareça é o que eles fazem", diz ele.

Aplicativos como Zombies, Run! –uma mistura de rastreador de fitness com um episódio de "The Last of Us"– levam isso a um novo nível. Como a maioria dos aplicativos de corrida, ele permite que você acompanhe sua rota e seu ritmo. A reviravolta é como ele envia "missões" por seus fones de ouvido enquanto você corre, direcionando-o a acelerar para evitar um zumbi ou a pegar suprimentos para construir um abrigo virtual.

O aplicativo Rouvy se conecta a um smart trainer [equipamento que conecta a bicicleta e cria resistência ao pedalar], que transforma sua bicicleta normal em uma ergométrica para um passeio virtual por diferentes ruas de cidades ao redor do mundo. Você pode até ajustar a resistência da bicicleta ao encontrar depressões e subidas.

Pam Moore, instrutora de ciclismo em Boulder, no Colorado, disse que uma vez pedalou por Beverly Hills com uma amiga de Portland, no Oregon, sem sair de casa. "Embora ela estivesse à minha frente, ainda podíamos rodar juntas", conta Moore.

Personalize seu treino para você

Nosso cérebro também adora coisas que parecem feitas sob medida para nós. Em um estudo recente, atletas que acreditavam ter recebido um plano de treino personalizado superaram aqueles que pensavam estar seguindo um plano genérico.

Os personal trainers são uma maneira natural de utilizar essa percepção. Ou você pode usar um aplicativo como o Stronger by the Day, no qual os treinadores obtêm suas estatísticas de condicionamento físico (a carga mais pesada que você pode levantar, por exemplo) e produzem um programa de treinamento de força adaptado a você.

"Estou obcecada por isso", afirma Moore. "Simplesmente fazendo o que ele dizia, fiquei muito mais forte."

De acordo com Panteleimon Ekkekakis, psicólogo do exercício na Universidade Estadual de Michigan, temos tendência a nos lembrar das experiências conforme o que sentimos no final delas. É por isso que ele sugere "inverter a ordem dos exercícios –fazer a parte mais difícil logo no início, após um bom aquecimento, e reduzir gradativamente a intensidade– assim você sai da sessão com a melhor lembrança possível".

Essa abordagem de inclinação reversa não só aumenta o prazer logo após um treino, como também melhora a forma como percebemos o exercício até uma semana depois.

Associe o exercício a um hábito

Hábitos podem se tornar incrustados no cérebro. Portanto, atrele seu condicionamento físico a um "hábito-âncora", algo que você já faz todos os dias, pontua Ben Reale, personal trainer em Atlanta, na Geórgia. Se você deixa seus filhos na escola às 8h, por exemplo, esteja na sala de musculação às 8h15.

"Como na reação pavloviana, quando juntamos esses hábitos consistentemente ao longo de várias semanas, retiramos da equação o ponto de decisão, a força de vontade", pontua Reale.

Os praticantes mais relutantes podem precisar de algo extra. Tente combinar seu treino com uma atividade que você adora, como seguir a última temporada de uma série. Essa receita pode ter resultados ainda melhores se você fizer a atividade desejada apenas quando estiver se exercitando, diz Katy Milkman, cientista comportamental da Escola Wharton da Universidade da Pensilvânia.

"Então você apenas se dedica às séries de TV ou escuta seus romances de vampiros na academia", sugere Milkman.

Faça um compromisso emocional

O truque psicológico mais eficaz para criar um hábito de exercício também pode ser o mais simples: inscreva-se em alguma coisa –seja uma corrida de 5 km dali a três meses, um torneio de tênis em um ano ou uma dança de pai e filha na próxima primavera.

"Quando estamos treinando para alguma coisa, isso dá a cada treino um objetivo", afirma Bryant. Estabeleça metas menores pelo caminho, certificando-se de que sejam desafiadoras, mas alcançáveis.

Acima de tudo, descubra o que funciona melhor para você –mas tenha em mente que pode mudar. O exercício é mais sustentável se tivermos uma conexão emocional com ele.

"É por isso que algumas pessoas correm maratonas por certas causas ou dedicam cada quilômetro a uma pessoa específica", diz Grant.

Tradução Luiz Roberto M. Gonçalves

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